Palestino carrega corpo de familiar morto em um ataque israelense à cafeteria Al-Baqa, na orla da Cidade de Gaza. Foto: Omar Al-Qattaa/AFP

Um ataque aéreo israelense atingiu o café Al-Baqa, próximo ao porto da Cidade de Gaza, na última segunda-feira (30), matando pelo menos 24 pessoas, entre elas crianças, idosos e profissionais como o fotojornalista Ismail Abu Hatab e a artista Frans al-Salmi. O local, que resistira a 20 meses de ataques massivos do país sionista, era ponto de encontro para famílias e jornalistas que buscavam acesso à internet, recurso escasso no território sitiado.

“Estilhaços voaram para todos os lados, e o lugar se encheu de fumaça e cheiro de pólvora. Eu não conseguia ver nada. Corri em direção ao café e o encontrei destruído. Entrei e vi corpos no chão. Todos os funcionários do café foram mortos”, relatou Abu al-Nour, 60 anos, sobrevivente que havia saído para almoçar minutos antes.

“Havia uma família lá com seus filhos pequenos, por que eles foram escolhidos? Era um lugar onde as pessoas vinham em busca de alívio das pressões da vida”, questionou ao The Guardian.

Testemunhas descreveram as cenas chocantes à AFP e a outros veículos: corpos desmembrados, uma criança morta e um idoso com ambas as pernas amputadas. Ahmed al Nayrab, 26, que estava na praia próxima, afirmou: “Foi um massacre. Vi pedaços de corpos voando por toda parte […] Todos estavam gritando”.

Urso de pelúcia de uma criança nos escombros do café Al-Baqa, na Cidade de Gaza. Foto: Majdi Fathi/NurPhoto/Getty Images

Fotos do local mostram poças de sangue, uma cratera profunda e escombros do estabelecimento à beira-mar.

O ataque ocorre em meio ao colapso total dos serviços de saúde em Gaza. Hospitais sobreviventes enfrentam falta de medicamentos, combustível e equipamentos devido ao bloqueio israelense.

A crise humanitária se agrava com 93% da população em “risco crítico” de fome, segundo relatório da ONU, e com sistemas de água colapsados — o Unicef alertou que crianças podem “morrer de sede” se o cerco ao combustível persistir.

Mesma justificativa de sempre

As Forças de Defesa de Israel (FDI), exército sionista, afirmaram estar investigando o bombardeio e disseram ter neutralizado “vários terroristas do Hamas no norte da Faixa de Gaza”. Um porta-voz militar declarou à AFP que medidas foram tomadas para “reduzir riscos a civis”, mas a impossibilidade de acesso da imprensa internacional a Gaza impede verificação independente.

O Hamas, grupo que controla o território, acusou Israel de atacar deliberadamente civis. Desde o início do genocídio, em outubro de 2023, mais de 56 mil palestinos morreram, segundo o Ministério da Saúde local, e 2,3 milhões foram deslocados. A ONU estima que 80% de Gaza esteja sob controle militar israelense ou sob ordens de evacuação.

 

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Last Update: 01/07/2025