Neste domingo (1º), “Israel” perpetrou um novo massacre contra palestinos que buscavam comida nos centros de “ajuda humanitária”, centros vigiados pelas forças israelenses de ocupação e administrados pela chamada Gaza Humanitarian Foundation (GHF), empresa norte-americana-israelense ligada ao Mossad. Em suma, centros que estão sob controle dos Estados Unidos e de “Israel”, os principais perpetradores do genocídio contra o povo palestino.
O massacre ocorreu contra palestinos civis famintos que estavam nos centros de “ajuda humanitária” aguardando por comida. Conforme informado pelo Ministério da Saúde de Gaza, mais de 40 palestinos foram assassinados e pelo menos 150 ficaram feridos.
O órgão também informa que “todos os mártires que chegaram aos hospitais sofreram apenas um ferimento à bala na cabeça ou no peito, confirmando a insistência da ocupação em matar civis brutalmente”, acrescentando que “a ocupação ‘israelense’ está usando o novo mecanismo que estabeleceu para distribuir ajuda na Faixa de Gaza como armadilhas para assassinatos em massa na Faixa e como uma ferramenta para o deslocamento forçado de moradores de Gaza”.
Pronunciando-se sobre o massacre, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) denunciou que o crime “confirma a natureza fascista da ocupação e os objetivos criminosos por trás desse mecanismo, que usa centros sob seu controle como armadilhas para atrair pessoas inocentes famintas, praticando as formas mais brutais de assassinato, humilhação e abuso contra elas”,
Além disto, o Hamas declarou que “consideramos a ocupação sionista, juntamente com o governo dos EUA, totalmente responsáveis pelos massacres cometidos nos locais que implementam o mecanismo de distribuição de ajuda da ocupação e por usar a fome como arma de guerra contra nosso povo” e exortou à ONU para que forme uma comissão de inquérito para investigar os crimes. Leia, na íntegra, a declaração do Hamas:
“Declaração à Imprensa
O exército criminoso de ocupação fascista cometeu um massacre horrendo ao alvejar milhares de civis que se dirigiam a um dos centros de distribuição de ajuda sob o mecanismo da ocupação na região oeste da cidade de Rafah, resultando em mais de 40 mártires e mais de 150 feridos.
Esse massacre confirma a natureza fascista da ocupação e seus objetivos criminosos por trás desse mecanismo, no qual utiliza centros sob seu controle como armadilhas para atrair pessoas inocentes famintas, praticando contra elas as formas mais brutais de assassinato, humilhação e abuso.
Na manhã de hoje, milhares de cidadãos, sofrendo sob uma guerra de genocídio e fome sem precedentes, dirigiram-se à área de distribuição de ajuda em resposta a anúncios emitidos pelo exército de ocupação, mas foram brutalmente recebidos com tiros, em uma clara confirmação da intenção premeditada de cometer esse crime.
Consideramos a ocupação sionista, juntamente com a administração dos Estados Unidos, totalmente responsável pelos massacres cometidos nos locais que implementam o mecanismo de distribuição de ajuda da ocupação, e pelo uso da fome como arma de guerra contra o nosso povo.
Exigimos que a ONU e suas instituições, em particular o Conselho de Segurança, tomem decisões urgentes e vinculantes que obriguem a ocupação a interromper esse mecanismo sangrento, abrir imediatamente as passagens de Gaza e garantir o fluxo de ajuda humanitária por meio das agências oficiais da ONU.
Também apelamos às Nações Unidas para que formem uma comissão internacional independente de inquérito e entrem em Gaza para investigar esses crimes sistemáticos contra civis, responsabilizando os culpados como criminosos de guerra.
Ao dirigirmos nosso apelo às nações árabes e islâmicas, instamos que tomem medidas imediatas para aliviar o sofrimento do nosso povo em Gaza, pressionem pelo fim do genocídio brutal, rompam o cerco e garantam a entrada de ajuda humanitária sem restrições ou condições.
Movimento de Resistência Islâmica – Hamas
1º de junho”
As demais organizações da Resistência Palestina também se pronunciaram no mesmo sentido, denunciando o caráter fascista de “Israel”, bem como responsabilizando os EUA pelo massacre.
Em nova demonstração de que “Israel” e os EUA estão utilizando os centros de “ajuda humanitária” como parte de sua política de utilizar a fome como arma de guerra, bem como utilizando referidos centros como armadilhas para assassinar palestinos e também deslocá-los forçadamente de suas casas, novos assassinatos foram perpetrados nesta segunda-feira (2):
“As forças de ocupação israelenses cometeram um novo crime ao matar 3 civis famintos e ferir outros 35 perto dos chamados ‘centros de distribuição de ajuda’ em Rafá, dando continuidade a uma política de fome e perseguição sistemática de civis que vem ocorrendo há 93 dias”, conforme informado pelo Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza.
Somando todos os ataques perpetrados pelas forças de ocupação contra palestinos famintos que foram buscar comida nos centros “humanitários” do imperialismo e do sionismo, o número de mortos já chegou a 75, e total de feridos ultrapassou 400, segundo informado pelo Ministério da Saúde de Gaza.
Gangues a serviço de ‘Israel’ roubam ajuda humanitária para vendê-la a palestinos famintos
Diante do massacre perpetrado no domingo, “Israel” tentou falsificar a realidade, negando, primeiro, que o massacre aconteceu, e, depois, tentando se esquivar da responsabilidade. Para isto, o porta-voz das forças de ocupação divulgaram um vídeo e tentaram culpar o Hamas.
No entanto, a falsificação sionsita foi denunciada por Ramy Abu, presidente do Monitor Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos, que expôs que “a filmagem, na verdade, mostra uma gangue apoiada por ‘israel’ roubando sete caminhões de farinha em Khan Younis, não em Rafá”.
Ele acrescenta que “quando civis tentaram recuperar parte da ajuda roubada, a gangue — operando sob a supervisão de um drone ‘israelense’ — abriu fogo”, denunciando ainda como a ajuda roubada é utilizada para especulação: “qualquer pessoa que tentasse roubar um saco de farinha sem pagar 100 shekels (aproximadamente US$30) era baleada ou espancada pela gangue apoiada pelo exército de ocupação”.
Ele destaca que “tudo isso aconteceu sob a supervisão de drones ‘israelenses’ que simplesmente observavam e não faziam nada”.
Recentemente, a emissora Quds News Network revelou que “Israel” “reativou ‘antigas ferramentas dentro de Gaza, principalmente uma série de grupos ligados a ela na frente de segurança, que desfrutam de proteção direta das aeronaves e tanques do exército de ocupação nos arredores da cidade ocupada de Rafá”, com a finalidade de controlar o fluxo de ajuda humanitária, e continuar a utilizar a fome como uma arma contra a Resistência Palestina.
Quds News denuncia que “o nome de Yasser Abu Shabab ressurgiu mais uma vez, mas desta vez como parte de uma campanha mais organizada e coordenada, com o objetivo de polir sua imagem e promovê-lo como um ‘fiador’ da distribuição de ajuda, numa tentativa de encobrir o fracasso de Israel em estabelecer um regime local cooperativo e legítima”.
Conforme denuncia a emissora, Abu Shabab era conhecido por sua feroz hostilidade ao Hamas, e que ele aproveitou o caos para “para formar uma milícia armada composta por aproximadamente 100 membros”, grupo este que “opera com a cumplicidade flagrante do exército de ocupação israelense e desfruta de proteção direta nas proximidades da passagem de Kerem Shalom”.
Recentemente, as Brigadas al-Qassam (ala militar do Hamas) divulgaram vídeo de seus combatentes eliminando colaboradores de “Israel”, após atraí-los para uma armadilha e detonar um explosivo.
‘Israel’ destroi centro de hemodiálise
Em informe publicado neste domingo, o Ministério da Saúde de Gaza informou que as forças israelenses explodiram o Centro de Diálise Noura al-Kaabi, no norte de Gaza, destacando que “sua destruição coloca a saúde dos pacientes renais à beira de uma catástrofe imprevisível”, e que tal ataque faz parte de uma política de “Israel” que “visa esvaziar o norte de Gaza de hospitais e instalações de saúde especializadas”.
O ministério acrescentou que “41% dos pacientes com insuficiência renal morreram durante a guerra após terem sido impedidos de receber tratamento de diálise e após a destruição de unidades e centros dedicados”.
Em declaração sobre essa situação, o Hamas afirmou que “essas violações selvagens de todas as leis e convenções internacionais, cometidas pelo governo do criminoso de guerra Netaniahu contra civis inocentes em Gaza – por meio de massacres, fome e destruição de todos os aspectos da vida – são realizadas com a cobertura política e militar do governo dos EUA, em meio ao vergonhoso silêncio e cumplicidade internacional”.
O partido também apelou “à comunidade internacional, à ONU e às suas instituições – em particular ao Conselho de Segurança – para que restaurem o respeito pelos valores humanitários e pelo direito internacional, tomem medidas decisivas para deter o genocídio em curso em Gaza e responsabilizem os criminosos de guerra da ocupação por suas atrocidades”.
Resistência aumenta ações contra invasores, eliminando e ferindo vários
Diversos informes foram publicados nesta segunda-feira pelas Brigadas al-Qassam, noticiando novas ações realizadas contra os invasores israelenses.
Na mais recente delas, “combatentes da Al-Qassam travaram violentos confrontos com as forças de ocupação à queima-roupa, matando e ferindo soldados inimigos a leste do campo de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza”. Quando da publicação, os combates ainda estavam ocorrendo.
Ações também foram realizadas no domingo, em uma delas, “as Brigadas Al-Qassam atacaram um tanque sionista com um dispositivo explosivo Shuath e um projétil Yassin 105 na área de Qizan al-Najjar, ao sul de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza”.
Em outra ação no mesmo dia, “as Brigadas Al-Qassam atacaram um trator militar D9 com um míssil Yassin 105 na área de Qizan al-Najjar, ao sul de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza”.
Já no sábado (31), “os combatentes de Al-Qassam atacaram uma concentração de forças inimigas a leste da cidade de Al-Qarara, na cidade oriental de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, com 13 morteiros de calibre 120 mm e 60 mm, e atacaram o local ‘Terceiro Olho’ a leste da cidade com 3 foguetes de curto alcance ‘Rajoom’”.
Ações também foram realizadas por outras organizações da Resistência Palestina:
Nesta segunda-feira, as Brigadas al-Quds (ala militar da Jiade Islâmica) publicaram vídeo “de seus combatentes bombardeando os soldados e veículos do inimigo sionista com fogo de morteiro nas áreas de incursão a leste de Khan Younis”. Elas também informaram que, na quinta-feira (29), seus combatentes detonaram um “dispositivo altamente explosivo em um jipe Hummer sionista em um local inimigo recém-construído a leste da Cidade de Gaza”.
Ações em Khan Iunis também foram realizadas pelas Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa. Em vídeo, foram divulgadas “cenas do bombardeio de um grupo de veículos inimigos sionistas que haviam penetrado nas proximidades da área da polícia alfandegária a sudeste de Khan Younis com projéteis de morteiro padrão de 60 mm”.
Por sua vez, ações no norte de Gaza foram realizadas pelas Brigadas do Martir Abu Ali Mustafa (ala militar da Frente Popular pela Libertação da Palestina). Vídeo divulgado mostra “uma das operações de direcionamento da Unidade de Foguetes dentro das Brigadas Mártir Abu Ali Mustafa, datada de 26 de maio de 2025, contra forças inimigas sionistas ao norte de Beit Lahia, em resposta aos crimes da ocupação contra nosso povo”.
Ao fechamento desta edição, fontes sionistas haviam relatado que “um novo incidente de segurança ocorreu no norte da Faixa de Gaza e ainda está em andamento”, bem como que “o evento foi submetido à censura” do governo israelense, o que geralmente é feito quando a ação da Resistência produz muitas baixas nas fileiras sionistas.
Conforme noticiado pelo canal de comunicação Resistance News Network (RNN), o 9º Batalhão da 162ª Divisão das forças israelenses de ocupação foi alvo de complexa emboscada a leste de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.
RNN acrescentou que “três helicópteros militares tentaram evacuar um grande número de soldados mortos e feridos, mas foram interrompidos pela intensidade da batalha terrestre, que ainda estava em andamento”, acrescentando que “um dos helicópteros de resgate teria sido atingido diretamente por um míssil”.
Ainda segundo a RNN, “pelo menos 11 soldados foram mortos ou feridos na série de ataques que começou com um Hummer como alvo, seguido por um prédio para o qual os soldados escaparam e, em seguida, pelo helicóptero de resgate deles”, acrescentando que As forças de ocupação realizaram vários ataques aéreos após a evacuação fracassada.”