As forças armadas de Israel realizaram cerca de 480 ataques em toda a Síria nos últimos dois dias, de acordo com um comunicado do exército israelense. O movimento sionista ocorre após a queda do presidente Bashar al-Assad e viola frontalmente o direito a soberania nacional da Síria.
A Força Aérea Israelense conduziu aproximadamente 350 ataques de aeronaves tripuladas visando campos de aviação, baterias antiaéreas, mísseis, drones, jatos de combate, tanques e locais de produção de armas em Damasco, Homs, Tartus, Latakia e Palmira, disseram as Forças de Defesa de Israel (FDI) nesta terça-feira.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também ordenou que seus soldados avançassem para além das Colinas de Golã, o território sírio ocupado por Israel desde a década de 1970, até a zona desmilitarizada entre Golã e o resto da Síria.
Múltiplos relatos na mídia árabe apontaram que tanques israelenses cruzaram a fronteira à noite e chegaram perto de Qatana, cidade a 25 km de Damasco.
O enviado especial da ONU para assuntos da Síria, o norueguês Geir Pedersen, disse que os ataques aéreos “precisam parar” e que há violação do acordo de 1974 que dá a uma força de paz a jurisdição sobre a zona desmilitarizada.
“Continuamos vendo movimentações e bombardeios israelenses em território sírio. Isso tem que acabar”, insistiu o enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen.
Israel entende a queda de Assad como um efeito de suas ações contra o Irã e seus aliados. Ou seja, não só da violenta campanha contra os palestinos em Gaza, mas também dos bombardeios regulares contra o Líbano e o Hezbollah, uma milícia libanesa apoiada pelo Irã, e de seus ataques abertos e ações secretas de espionagem contra o próprio regime iraniano.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, disse que a queda de Assad na Síria faz parte de um plano conjunto urdido entre os Estados Unidos e Israel. Em seu primeiro pronunciamento após a queda do regime sírio, a máxima autoridade política e religiosa do Irã garantiu ter “provas dessa conspiração”.
Khamenei afirmou ainda que “um país vizinho da Síria jogou um papel evidente” nesses acontecimentos, em aparente referência à Turquia, que apoia parte das milícias envolvidas na ofensiva vitoriosa.
As forças que assumiram o poder buscam acalmar os temores internacionais. O líder do HTS, Abu Mohammed al-Jolani, também conhecido como Ahmed al-Sharaa, disse em entrevista à Sky News que o país estava “exausto” da guerra e não voltaria a uma.
“A Síria será reconstruída. O país está caminhando em direção ao desenvolvimento e à reconstrução. Está caminhando para a estabilidade”, disse al-Jolani.