O Hamas condenou a decisão de Israel de adiar a libertação de mais de 600 prisioneiros palestinos, afirmando que a medida representa uma violação do acordo de cessar-fogo em Gaza. O grupo acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de agir deliberadamente para interromper o compromisso firmado.

“A decisão do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reflete uma tentativa deliberada de interromper o acordo, representa uma violação flagrante de seus termos e mostra a falta de confiabilidade da ocupação na implementação de suas obrigações”, declarou Ezzat El Rashq, membro do bureau político do Hamas, neste domingo (23).

Netanyahu impõe novas condições

Israel havia se comprometido a libertar 620 prisioneiros palestinos no sábado, após o Hamas cumprir sua parte do acordo ao soltar seis reféns israelenses. No entanto, Netanyahu anunciou a suspensão da soltura, alegando que as cerimônias realizadas pelo Hamas durante a libertação dos reféns israelenses eram “humilhantes” e que a organização palestina estaria utilizando os reféns para propaganda.

“À luz das repetidas violações do Hamas — incluindo as cerimônias vergonhosas que desonram nossos reféns e o uso cínico de reféns para propaganda — foi decidido adiar a libertação dos terroristas que estava planejada para ontem até que a libertação dos próximos reféns seja garantida, sem as cerimônias humilhantes”, afirmou o gabinete de Netanyahu.

Hamas nega violações e pede ação internacional

O Hamas rejeitou as acusações e cobrou das nações mediadoras que pressionem Israel a cumprir o acordo. “A cerimônia de entrega dos prisioneiros não inclui nenhum insulto a eles, mas reflete o tratamento nobre e humano dado a eles”, declarou o grupo.

A opinião pública israelense tem percebido nas entregas de seus parentes a alegria e condições humanitárias em que são apresentados após tantos meses sob custódia do Hamas. Um deles chegou a abraçar e beijar os soldados palestinos. Os prisioneiros palestinos, por sua vez, são entregues com graves sequelas de torturas, como traumas psicológicos irreversíveis e condições físicas precárias.

Desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro, o Hamas libertou 25 reféns israelenses, sempre em cerimônias nas quais combatentes mascarados desfilavam ao lado dos prisioneiros. O acordo não especifica o formato das libertações, o que abriu margem para interpretações divergentes entre as partes.

Na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, famílias palestinas passaram horas aguardando a libertação dos seus parentes no sábado, sem sucesso.

Israel ameaça retomar ataques a Gaza

Netanyahu também elevou o tom ao declarar que Israel está preparado para retomar os combates em Gaza. “Estamos preparados para retomar combates intensos a qualquer momento, nossos planos operacionais estão prontos”, afirmou o primeiro-ministro.

“Em Gaza, eliminamos a maioria das forças organizadas do Hamas, mas não tenhamos dúvidas: completaremos totalmente os objetivos da guerra, seja por meio de negociação ou por outros meios”, acrescentou.

Enquanto isso, o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, expressou otimismo sobre a continuidade do acordo. Em entrevista à CNN, ele disse esperar que as negociações avancem e que viajará à região na próxima quarta-feira para buscar uma solução.

A crise gerada pela decisão israelense lança dúvidas sobre a viabilidade da segunda fase do cessar-fogo e a continuidade das trocas de prisioneiros, aumentando as tensões na região.

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Last Update: 24/02/2025