O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), disse nesta terça-feira (4/2) que o partido tem como prioridade neste ano votar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. A proposta deve ser enviada pelo Governo Lula ao Congresso Nacional nas próximas semanas.
“Nós queremos priorizar a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Essa é uma proposta que vai atingir 85% dos brasileiros”, disse ele, em entrevista à emissora de TV CNN Brasil. Ele explicou que a viabilização da proposta terá de ser feita por meio da tributação de 10% sobre o 0,1% dos mais ricos do país.
“Tem que haver uma compensação [pela perda de receita com a isenção]. Isso não é nada demais. Esse é um projeto importante, porque vai sobrar mais dinheiro no bolso do trabalhador”, defendeu Lindbergh.
Poder de compra
Segundo ele, a isenção do IR é a continuidade da política do governo de aumentar o poder de compra da classe trabalhadora. Lindbergh lembrou, por exemplo, que somente no 1º ano do governo Lula (2023) houve aumento de 11,7% na renda do trabalhador.
“Houve o retorno de várias políticas públicas, como a valorização do salário mínimo, que tinha ficado congelado nos governos Bolsonaro e Temer”, comentou o parlamentar. Ele lembrou que, com os dois anos do terceiro mandato de Lula, alcançou-se a menor taxa de desemprego desde 2012. No ano passado, a taxa foi de 6,6% e, no último trimestre, 6,1%.
“A economia está crescendo, e o mercado dizia que a economia iria crescer 0,8% em 2023 e cresceu 3,2%, e vai crescer mais de 3,5% em 2024. A gente quer cuidar dessa pauta, que é a vida do povo”, afirmou o líder petista.
Alimento mais barato
Durante a entrevista, o petista ainda ironizou a frase escolhida pela extrema direita para estampar um boné usado por eles na abertura da Sessão Solene que abriu o ano legislativo de 2025, no dia 3. No boné, os bolsonaristas pediam “comida mais barata novamente”, defendendo ainda a candidatura do ex-capitão Bolsonaro a presidente em 2026.
Segundo Lindbergh, a frase no boné enseja duas fake news. A primeira, pelo fato de nunca ter existido comida barata durante o governo Bolsonaro, quando muitos brasileiros chegaram a frequentar a “fila do osso” para obter alimento. A outra é o fato de Bolsonaro estar inelegível por decisão do TSE e não poder disputar a próxima eleição.
“Eu tive vontade de rir quando vi o boné da oposição dizendo: “Comida barata novamente” (se referindo ao governo Bolsonaro). Você sabe quanto foi a inflação de alimentos no governo Bolsonaro durante os 4 anos? 57%! Nos dois primeiros anos, 27%, e nos dois últimos anos, 22%. Nesses dois anos do governo Lula foi menos de 8%. Olha a diferença. No último ano do Bolsonaro, em 2022, e já não tinha nada a ver com pandemia, foi de 13,2%”, contou o líder do PT.
Quebra de safra
Apesar disso, Lindbergh reconheceu que os preços de alguns alimentos estão altos devido à quebra de safra e intempéries climáticas sofridas pelo País em 2024. No entanto, destacou que o próprio presidente Lula tem demonstrado preocupação com esse cenário e que seu governo já vem adotando medidas para solucionar o problema.
“Nós tivemos seca, tivemos prejuízo na safra agrícola, mas agora vamos ter uma safra agrícola recorde (em 2025). O que o governo fez? Está dando juros mais baratos para a produção de arroz, feijão e carne. Isso vai aumentar a produção. Tivemos o ciclo pecuário, em que foram abatidos menos animais fêmeas, o que fez diminuir o abate (e a oferta de carne), e ainda teve a exportação, que aumentou em 30% porque o dólar estava lá em cima. O Lula está achando formas de combater isso. O bom é que a gente tem um presidente que está preocupado com o preço da carne, do feijão e do café. Coisa que não aconteceu antes”, relembrou.
Sem anistia
À CNN Brasil, Lindbergh Farias disse ainda que a Bancada do PT não aceita votar o Projeto de Lei da Anistia (proposto por deputados bolsonaristas golpistas) para inocentar os condenados pelos atos do dia 8 de Janeiro de 2023, os quais invadiram e depredaram prédios públicos nas sedes dos Três Poderes, em Brasília. O petista refutou a narrativa de membros da Oposição de que “pessoas teriam sido condenadas injustamente pelo STF”.
“Na verdade, eles (bolsonaristas) tentaram um golpe. Tentaram matar o presidente Lula, (o ministro do STF) Alexandre de Moraes…tem provas de tudo isso”. O líder do PT ressaltou que por trás da proposta de anistia há a intenção de “salvar” outros envolvidos em tentativas golpistas já em 2022, incluindo o ex-presidente Bolsonaro e militares de seu governo.
Indiciamento de Bolsonaro
Diante de todas as provas colhidas na investigação da Polícia Federal, envolvendo Jair Bolsonaro e militares de alta patente que gravitavam ao redor dele, o líder do PT destacou que acredita no indiciamento do ex-presidente pela PGR e de que não haverá clima para se votar qualquer anistia aos envolvidos na trama golpista.
“Eu acho que não vai ter clima para votar anistia porque a denúncia da PGR está saindo daqui a pouco. Sai a denúncia e começa o julgamento. Imagine esses fatos aparecendo, STF com transmissão ao vivo do julgamento, como que vai prosperar uma anistia aqui na Câmara? Eu acho impossível isso prosperar”, disse.
Héber Carvalho