Michael Kennedy afirma que o endosso é “inconcebível” e implora ao público que ignore a decisão de seu irmão
Michael Kennedy, irmão de Robert F. Kennedy Jr., implorou ao público que ignorasse a decisão de seu irmão de desistir da eleição presidencial de 2024 e apoiasse a campanha de Donald Trump para retornar à Casa Branca.
Em um artigo de opinião para o Los Angeles Times, Michael Kennedy disse que “Trump era exatamente o tipo de valentão arrogante e presunçoso” que seu pai, o ex-senador e procurador-geral dos EUA Robert F. Kennedy, enfrentou antes de ser assassinado em 1968, enquanto buscava a nomeação presidencial democrata.
Michael Kennedy previu que seu pai teria admirado a candidata democrata para a eleição de novembro, a vice-presidente Kamala Harris, porque ela também era ex-promotora.
“A carreira dela, assim como a dele, tem sido sobre decência, dignidade, igualdade, democracia e justiça para todos”, escreveu Michael Kennedy.
“Estou de coração partido pelo apoio do meu irmão Bobby a Donald Trump”, acrescentou o artigo. “A vida de Robert F Kennedy foi dedicada a promover a segurança, proteção e felicidade do povo americano.”
Robert F Kennedy Jr fez o anúncio de suspender sua campanha presidencial independente na quinta-feira. Ele logo apareceu com Trump em um comício político no Arizona, onde apoiou formalmente o ex-presidente, que conquistou a nomeação republicana apesar de sua condenação por 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais para ocultar pagamentos de dinheiro para silenciar a atriz de filmes adultos Stormy Daniels, entre vários outros problemas legais.
Kennedy disse que planejava remover seu nome da cédula da eleição presidencial de 2024 em estados indecisos para aumentar as chances de Trump retomar o Salão Oval. Mas Kennedy disse que permaneceria na cédula em outros estados que não devem decidir a corrida presidencial.
Em uma entrevista à Fox News no domingo, Robert F Kennedy Jr. afirmou que sua campanha foi prejudicada pela “censura” da mídia — e por não ter sido incluído no debate presidencial de junho que precedeu a decisão de Joe Biden de interromper sua tentativa de reeleição presidencial.
Kennedy também descreveu suas conversas periódicas com Trump antes do anúncio de apoio na quinta-feira, incluindo uma hora após a tentativa frustrada de assassinato do ex-presidente em julho.
Embora eles concordassem que poderiam continuar criticando um ao outro em questões sobre as quais não concordavam, “ele me convidou para formar um governo de unidade”, disse Kennedy sobre Trump.
A candidatura presidencial de Kennedy e o apoio a Trump atraíram duras críticas do resto de sua família. E, antes de sua suspensão, sua campanha estava repleta de controvérsias, incluindo uma alegação de agressão sexual feita contra ele por um ex-funcionário e a proliferação de inúmeras teorias da conspiração sobre segurança de vacinas, Covid-19, internet sem fio, os ataques terroristas de 11 de setembro e antidepressivos.
Michael Kennedy, um advogado, é mais novo que seu irmão ex-candidato presidencial. Ele é o nono filho de Robert F Kennedy e Ethel Kennedy – e era sobrinho de John F Kennedy, que era presidente quando foi assassinado em 1963.
Ele caracterizou o apoio de seu irmão a Trump como “inconcebível”, observando como ele havia oferecido seu apoio a Harris em troca de uma posição em sua administração se ela vencesse. Mas Michael Kennedy disse que seu irmão não recebeu nenhuma resposta do acampamento de Harris e ofereceu com sucesso o mesmo acordo a Trump.
“É ainda mais trágico por causa do nome do nosso irmão. Carregar o nome Robert F Kennedy Jr significa um legado especial dentro de um legado”, escreveu Michael Kennedy, explicando que o histórico de seu pai contrastava fortemente com o de Trump em antirracismo, imigração, estado de direito, meio ambiente e controle de armas. Michael Kennedy disse que o mesmo era verdade com relação à verdade e à democracia, aparentemente uma alusão às falsidades de Trump sobre ter sido roubado da vitória na corrida presidencial de 2020 por fraudadores eleitorais, o que levou seus apoiadores a organizar o ataque mortal ao Capitólio dos EUA no início de janeiro de 2021.
“Eu amo Bobby. Mas odeio o que ele está fazendo com o nosso país”, escreveu Michael Kennedy. “É pior do que decepção. Estamos de luto.”
“Nunca em meus sonhos mais loucos imaginei que seria motivado a escrever algo dessa natureza. Com o coração pesado, hoje peço aos meus compatriotas americanos que façam o que mais honrará nosso pai: ignorem Bobby e apoiem a vice-presidente Kamala Harris e a plataforma democrata. É o que é melhor para o nosso país.”
Publicado originalmente pelo https://www.theguardian.com/us-news/article/2024/aug/25/rfk-jr-brother-heartbroken-trump-endorsement em 25/08/2024
Por Michael Sainato
