Irmã de Neymar gasta 6 milhões em um mês. E você com isso? Por Nathalí

Rafaella Santos em leilão promovido pelo Instituto Neymar Jr. Foto: reprodução

Todas as vezes em que li sobre a vida de Rafaella Santos, carinhosamente chamada de “neysister”, foi contra a minha vontade.

Não me interessa a vida de um jogador bilionário, sonegador e bolsominion, menos ainda de sua irmã, que tem como única atividade na vida justamente ser sua irmã.

Ao que tudo indica, a moça não tem conquistas próprias – mesmo diante de uma oportunidade de ouro, que é ter dinheiro para começar qualquer negócio ou empreendimento.

Ela prefere ser influenciadora e funcionar basicamente como um acessório do irmão, enquanto gasta milhões em viagens, roupas de grife e muita ostentação.

A repórter do SBT Gaby Cabrini revelou que Rafaella gastou 6 milhões de reais em 30 dias e teve que pedir ajuda ao pai para quitar a fatura milionária.

E o que tenho eu a ver com a fatura do cartão de crédito da irmã de Neymar? Qual o problema em gastar 6 milhões em 30 dias se o dinheiro é dela?

Ambas as perguntas são desnecessárias – e, em certo ponto, meio burras. Não se trata apenas de uma crítica individual, mas da análise de um fenômeno no mínimo assustador: uma pessoa gasta, sozinha, em um mês, 6 milhões de reais em um país miserável, e isso deveria gerar alguma revolta, mas, em vez disso, gera admiração em muitos.

Em sua coluna na Folha de S.Paulo, Rosana Hermann calcula que o valor gasto por Rafaella corresponde a 333 anos de trabalho de uma pessoa comum, ganhando um salário mínimo.

Rafaella Santos e o irmão Neymar. Foto: reprodução

Não me presto a comentar – repito – a mesquinhez individual de Rafaella (esperar o quê da irmã do cara que comprou a liberdade de um estuprador?), mesmo considerando que, como influenciadora e pessoa pública, ela deve, sim, satisfações ao seu público.

O que me interessa dizer é que, em um país onde 8,7 milhões de pessoas ainda vivem em situação de insegurança alimentar – antes do terceiro governo Lula, eram mais de 33 milhões, segundo dados divulgados pela CNN Brasil –, a ostentação de gastar 6 milhões em um mês não deveria deixar de ser vista como uma questão no mínimo problemática.

Em um país sério, a família inteira estaria sendo criticada (como se diz por aí? Cancelada?) por ostentar seus milhões enquanto boa parte do país não tem o que comer, o que agudiza uma desigualdade que só gera violência e miséria.

Rafaella Santos não parece se importar com essa desigualdade, desde que possa posar no Instagram com suas roupas tão caras quanto cafonas.

O problema, no fundo, não é apenas a mesquinhez da mulher: o problema é que uma parte tão significativa do povo brasileiro ovaciona gente rica só por ser rica.

É verdade que se trata de uma questão universal, mas o jeito que o brasileiro lambe botas de rico é diferente: de fã de Elon Musk a advogado de jogador bilionário, esse tipo de brasileiro não tem noção do quanto custa sua estupidez.

E é principalmente por isso que existem os influenciadores: mergulhado na farsa algorítmica de uma vida perfeita, o público que sustenta a fama dessa gente não se impressiona com talento, mas com dinheiro.

Rafaella Santos, a irmã de Neymar conhecida como “Neysister”. Foto: reprodução

Essa mesma gente que virá defender a Neysister nos comentários deste texto cria fã-clube para as filhas de Virginia Fonseca e, perdoem-me: essa gente merece desejar a vida perfeita dos influenciadores que ovaciona enquanto come seu pão com margarina depois de um dia de trabalho e ônibus lotado.

Os fãs de Neymar – tão agressivos quanto limitados – virão muito certamente encher minha caixa de mensagens no Instagram com xingamentos e insultos para defenderem seu ídolo (e família), como sempre fazem. E é por isso que gente como a Neysister se sente confortável em gastar milhões com ostentação vazia, ignorando a miséria do próprio país.

Por parte dos fãs, não é cobrada de Rafaella Santos – nem do próprio Neymar – sequer a decência básica.

Falta alguém dizer à Neysister que ostentar sem fazer nada de útil com o próprio dinheiro é, além de mesquinho e ridículo, absolutamente brega.

Quem sabe assim ela consiga ao menos fingir que se importa.

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