O segundo turno das eleições no Irã para definir o novo presidente do país ocorreu nessa sexta-feira (05), após a trágica morte de Ibrahim Raisi em 19 de maio deste ano, em um voo de helicóptero quando voltava de uma reunião no Azerbaijão. Na sexta-feira passada, dia 28 de junho, já havia ocorrido o primeiro turno das eleições, que, por falta de uma maioria absoluta na escolha do presidente, acabou por gerar o segundo turno das eleições.
Agora somente é necessária a maioria, ou seja, 50% dos votos mais um, para a definição do presidente. São dois os concorrentes, o primeiro é Masoud Pazeshkian, considerado reformista no Irã em alguns pontos. Pazeshkian já foi ministro da saúde do Irã em governos anteriores. Frente a ele está Saeed Jalili, considerado “conservador”, mais ligado ao nacionalismo iraniano, e que já serviu como embaixador de seu país e chefe em negociações nucleares. Embora os candidatos sejam chamados de “conservador” e “reformista” na imprensa iraniana, não se trata das mesmas denominações que são utilizadas na política do Brasil.
Cerca de 40% dos eleitores aptos a votar foram às urnas no dia 28 de junho, sendo que agora, nas votações do dia 05 de julho, houve um aumento no número de votantes, sendo entre 42% e 48% dos eleitores, espalhados pelos 59 mil colégios eleitorais pelo Irã.
Por conta de grandes ondas de calor que atingem o Oriente Médio no momento, era esperado que menos pessoas se deslocassem até às urnas, o que fez com que o ministro do interior do Irã permitisse um aumento do tempo de votação, que inicialmente seria das 08h00 até às 18h00 mas que foi aumentado por três vezes em duas horas, chegando até à meia-noite.
Logo que os primeiros colégios eleitorais se abriram pela manhã, o Aiatolá Ali Khamenei, principal liderança política do país, votou e, na sequência, declarou que desejava a todos um ótimo dia de votação e que as eleições no irã escolheriam um presidente para todos os iranianos, independente dos resultados.
Para além das votações dentro do território iraniano, as embaixadas e consulados do Irã em todo o mundo também receberam eleitores, com uma única exceção, o Canadá, que impediu que os iranianos residentes no país da América do Norte exercessem seu direito a voto. O Canadá, que recentemente levou um veterano nazista ucraniano a seu parlamento para receber aplausos, recentemente incluiu a Guarda Revolucionária do Irã na lista de organizações terroristas do país, em claro ataque à soberania iraniana.
Além disso, manifestantes de direita no Reino Unido se colocaram frente à embaixada do Irã em Londres para impedir que os iranianos votassem, portando bandeiras da época monárquica do Irã, o famoso regime do Xá Reza Pahlavi, governo que subiu ao poder em 1953 após um golpe de Estado organizado pelo imperialismo e que submeteu o Irã a uma ditadura sem precedentes, com uma das polícias políticas mais agressivas e assassinas de todo o mundo, a SAVAK. Além das bandeiras da época mais truculenta da história do Irã, os manifestantes também portavam bandeiras do regime genocida de “Israel”.
As eleições iranianas são de extrema importância no momento atual da luta política em todo o planeta por conta da posição do Irã em relação ao genocídio perpetrado por “israel” contra os palestinos, além de sua posição de destaque nos BRICS+ e sua política de resistência em todo o Oriente Médio e oeste asiático. Sendo assim, países imperialistas como os EUA, o Canadá e a Inglaterra tentam desacreditar as eleições no país persa, com a intenção de demonizar a política local e justificar sua política genocida e de ataque aos povos dos países atrasados.
Ao fechamento dessa edição, Peseshkian liderava a contagem de votos e era o mais provável a ser eleito presidente. É interessante que o reformista tenha vencido as eleições dado que anteriormente o setor mais nacionalista, representado por Raisi, tenha sido o vencedor. No entanto, o primeiro turno mostrou uma grande polarização. O candidato reformista ganhou cerca de metade dos votos e o candidato mais radical ganhou quase metade. O candidato apoiado pela Guarda Revolucionária, a elite das forças armadas, ficou em terceiro. Isso pode indicar que no Irã há também uma enorme tendência a mobilização que está ainda mais à esquerda do que o governo atual, que já um dos mais anti imperialistas do planeta.