Desde 2010, ainda no governo de Hugo Chávez, Irã e Venezuela têm estreitado laços comerciais e econômicos, principalmente para escapar dos embargos e sanções econômicas impostos pelo imperialismo, especialmente pelo norte-americano. Ainda na época, os dois países assinaram cerca de 300 acordos em diversas áreas.

Na última quinta-feira (21), o presidente venezuelano Nicolás Maduro recebeu o ministro da Defesa iraniano e copresidente da comissão que reúne autoridades dos dois países, Aziz Nasirzadeh, que disse: “O Irã e a Venezuela são amigos e irmãos que estão em um único barco”, de acordo com uma tradução transmitida pela televisão estatal venezuelana.

O encontro ocorreu em função da Décima Comissão Conjunta entre os dois países. “Esta décima comissão conjunta abre um novo capítulo, uma nova etapa integral e poderosa, com um mapa de cooperação”, disse Maduro. “Da Venezuela e do Irã dizemos não ao hegemonismo, não ao imperialismo, não ao colonialismo”, acrescentou o líder esquerdista.

“A melhor mensagem que essa comissão conjunta pode transmitir é a aliança e a unidade entre os povos e os governos livres, demonstrando a derrota e o fracasso do sistema hegemônico mundial”, disse Nasirzadeh.

Segundo a rede iraniana PressTv, os dois países concordaram em trabalhar juntos em empreendimentos habitacionais de baixa renda, fábricas de cimento, fábricas de automóveis na Venezuela e um banco de desenvolvimento conjunto. Irã e Venezuela, ambos membros da OPEP ricos em petróleo, encontraram solidariedade mútua em manobras políticas, econômicas e militares coordenadas contra um inimigo comum: os Estados Unidos.

Em junho deste ano, Venezuela e Irã assinaram um plano de cooperação de 20 anos que envolve assistência iraniana em reparos e manutenção de refinarias venezuelanas existentes, bem como outras competências técnicas e de engenharia. As duas nações também assinaram um acordo pelo qual o Irã entregará quatro petroleiros à Venezuela por meio da empresa iraniana SADRA. Voos semanais entre Caracas e Teerã começaram em julho.

Se contar que o envio de petróleo e mantimentos entre os dois países já acontece há anos, a maior parte dos envios é feita pelo Irã. Além disso, em 2020, o Irã lançou um novo supermercado na Venezuela, o Megasis. Situado no extremo leste de Caracas, o complexo varejista tem 18,58 mil metros quadrados e está localizado ao lado da maior favela da Venezuela, Petare, onde estoca uma deslumbrante variedade de mais de 2,5 mil produtos iranianos.

No último domingo (24), o ministro venezuelano dos Transportes, Ramón Velásquez, anunciou o estabelecimento de uma “ponte marítima” para expandir o comércio bilateral entre Teerã e Caracas. Velásquez também anunciou o envio de mil carros fabricados no Irã para a Venezuela, afirmando que eles estavam entre os 80 mil pedidos registrados de produtos de uma montadora iraniana em seu país.

“Temos grandes projetos, bem como grandes desafios para criar laços reais de fraternidade, cooperação e assistência mútua para fortalecer as relações bilaterais, a fim de realizar nossos sonhos de viver livremente”, disse Velásquez.

Segundo a PressTv, o Irã está também atualmente finalizando o reparo da refinaria El Palito, complexo com capacidade para produzir 146 mil barris de petróleo por dia (bpd) localizado no centro da Venezuela, e assinou um contrato de 460 milhões de euros para reformar o complexo de refinaria Paraguana de 955 mil bpd, na costa oeste do país. Mais importante ainda, os ricos recursos petrolíferos, de ouro e outros minerais da Venezuela permitiram a opção de liquidar o comércio em termos não-dólares e contornar sanções.

Os contratos recém-assinados incluem acordos de transferência de tecnologia, especialmente na área de inteligência artificial e outras tecnologias avançadas. Maduro enfatizou que seus esforços são para construir uma “união poderosa” contra os EUA para superar as sanções imperialistas. Nasirzadeh disse que a cooperação entre os dois países é um exemplo de resistência à hegemonia global.

Essas e outras parcerias entre os países ditos pela imprensa imperialista como o “eixo do mal” como, por exemplo, Rússia, Coreia do Norte, China, Nicarágua e outros mostram que a crise do imperialismo apesar de já gigantesca tende a aumentar. Essas ligações entre esses países é um meio de driblar toda a hegemonia da moeda norte-americana.

Esse também é claramente um meio desses países sobreviverem diante das fortes pressões do imperialismo. A tendência é de mais países oprimidos do mundo se juntem a esse “eixo do mal” para se livrar das garras financeiras e sanguessugas dos monopólios dos países imperialistas.

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Last Update: 27/11/2024