Nesta terça-feira (22), o Irã, a Rússia e a China, através de seus respectivos Ministérios das Relações Exteriores, se reunirão em Teerã (capital iraniana) para conversar sobre a retomada de negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Por ora, as negociações não serão retomadas com os Estados Unidos, mas apenas com o Reino Unido, a França e a Alemanha. Já fazendo ameaças à República Islâmica, os três países imperialistas declararam que se não houver progresso nas negociações nucleares até o final de agosto (um “progresso” na submissão do Irã ao imperialismo), eles irão impor mais sanções contra o Irã.
Pronunciando sobre essas ameaças, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, informou, “em uma carta endereçada ao Secretário-Geral da ONU, ao Presidente do Conselho de Segurança, à Alta Representante da UE,, e aos membros do Conselho de Segurança da ONU, descrevi por que o E3 não possui qualquer legitimidade legal, política e moral para invocar os mecanismos do JCPOA e da Resolução 2231 (2015) da ONU”.
Continuando a respeito das ameaças dos três países imperialistas, Araghchi também afirmou que “por meio de suas ações e declarações, incluindo o apoio político e material à recente agressão militar ilegal e não provocada do regime israelense e dos EUA; a rejeição dos principais pilares do JCPOA; e seu fracasso de longa data e contínuo em cumprir seus compromissos, os E3 renunciaram ao seu papel de “Participantes” no JCPOA, tornando nula e sem efeito qualquer tentativa de restabelecer Resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, acrescentando que “os E3 não podem e não devem ser autorizados a minar a credibilidade do Conselho de Segurança da ONU, abusando de uma Resolução com a qual eles próprios não se comprometeram.
No mesmo sentido foi a declaração de Mikhail Ulyanov, Representante Permanente da Rússia em Organizações Internacionais em Viena. Ele “quanto às ameaças dos ocidentais de iniciar um mecanismo para restaurar as sanções, é acertadamente observado que essa ideia é ilegítima”, acrescentando que “os próprios americanos se retiraram do JCPOA, renunciando aos direitos e obrigações de um participante do acordo nuclear, e o Reino Unido, a Alemanha e a França são violadores tanto do JCPOA quanto da Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU. Isso significa que eles também se privaram do direito de iniciar um ‘snapback‘.
A China, através de seu vice-ministro das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, demonstrou apoio ao Irã: “o direito do Irã de utilizar energia nuclear pacificamente deve ser garantido. A China está disposta a continuar desempenhando um papel positivo e construtivo nesse sentido”, disse Ma.
Falando à emissora Press TV sobre eventuais novas negociais com os Estados Unidos, um alto funcionário político iraniano afirmou que “o Irã tem informações de inteligência indicando que os EUA buscam negociações apenas para usar iniciativas diplomáticas como pretexto para preparativos militares, não para a paz”, acrescentando que “se for esse o caso, não temos interesse em desperdiçar nosso tempo ou o de qualquer outra pessoa — preferimos concentrar nossa energia na guerra“.
Paralelamente a isto, as forças de segurança do Irã prenderam mais dois espiões do Mossad. Eles foram presos no nordeste do país, na província de Khorasan do Norte.
Javad Ilali, promotor público na província, afirmou que que o sistema judicial da província está firmemente determinado a tomar medidas decisivas contra os criminosos envolvidos em atividades de espionagem, acrescentando que 15 colaboradores do sionismo já estão sendo processados, conforme noticiado pela Press TV.
No final de junho, três espiões do Mossad foram executados, e centenas foram presos nas últimas semanas.
As novas prisões ocorrem em momento que explosões vem ocorrendo em algumas cidades no Irã. No sábado (19), um incêndio teria ocorrido na refinaria de Abadan, sudoeste do Irã. No dia 14, um canal de comunicação no Telegram noticiou que uma explosão destruiu um apartamento inteiro em Pardisan, região de Qom, Irã, afirmando que “o número de “vazamentos de gás” no Irã na última semana é impressionante”. No mesmo dia, foi noticiado um incêndio em uma loja na rua Enghelab, em Teerã. Em Tabriz (nordeste), uma explosão foi relatada, bem como a ativação das defesas aéreas.
Neste domingo, o contra-almirante Mahmoud Mousavi, vice-diretor de operações do Exército iraniano, informou que as defesas aéreas danificadas durante a recente agressão israelenses contra o país já foram substituídas “o inimigo sionista tentou destruir as capacidades de defesa do Irã, e alguns dos nossos sistemas de defesa foram danificados nesta guerra. Com os esforços dos meus camaradas, no entanto, os sistemas danificados foram substituídos e implantados em locais pré-determinados”
Em notícia correlata à atual ofensiva do imperialismo contra o Irã e contra a Rússia, neste sábado o presidente do Azerbaijão pediu aos ucranianos que “nunca aceitem a ocupação, nunca se rendam”, expondo já um antagonismo aberto contra a Rússia. A declaração foi dada em uma reunião com participantes do Terceiro Fórum Global de Mídia Shusha na cidade de Khankendi, conforme noticiado pela agência turca Anadolu.
Falando sobre a tomada do território de Nagorno Karabakh, em 2020, expulsando armênios que viviam na região, ele afirmou “criamos uma nova realidade em 44 dias em 2020, e eles foram forçados a aceitá-la. Os ucranianos também não devem se render e jamais aceitar a violação de sua integridade territorial”.
Em declaração expondo o apoio do Azerbaijão a “Israel”, Hikmet Hajiyev, assessor do presidente, declarou que “conduzimos negociações entre Israel e a Síria. Mantemos boas relações com todos os países da região e estamos prontos para servir de ponte entre Israel e os países muçulmanos“.