O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, teve o cinismo de afirmar que os ataques de Israel ao Irã são um “trabalho sujo” feito em nome do Ocidente. Segundo Merz, “Só posso dizer que temos grande respeito pelo fato de o exército e o governo israelense terem a coragem de fazer isso”.

Os crimes Israel, “o trabalho sujo” são feitos abertamente. Em Gaza está fazendo um genocídio monstruoso, porque, além de destruir hospitais, escolas, mesquitas e blocos de apartamentos, destruiu uma civilização pacífica e produtiva, com contribuições importantes para a cultura e a ciência humanas. Mais de 55.000 pessoas foram mortas, tem-se o triplo de feridos. Com requintes de sadismo e crueldade, fazem um cerco total e impedem a sobrevivência dos palestinos, ao negar-lhes a alimentação, água e remédios.

Os civis palestinos correm para os caminhões “humanitários” para ter uma chance de sobrevivência, mas muitos são trucidados pelo exército ocupante com tiros de metralhadoras ou mesmo tanques. Poucos conseguem obter alguns sacos de farinha, outros só trazem apenas os cadáveres ensanguentados de seus entes queridos, baleados ou bombardeados enquanto lutavam para conseguir algum alimento.

O trabalho sujo também é feito em vários países, com o mesmo objetivo: destruir a infraestrutura local e principalmente assassinar pessoas do povo, trabalhadores. No Líbano, Israel ataca à vontade: bombardeia casas, assassina além das fronteiras, ocupa um território que, como Gaza, não lhes pertence. Mantêm o controle das Colinas de Golã sírias, ocupa mais território alheio no sul da Síria e lança mísseis nos arredores de Damasco.

Fronteiras? Leis? Princípios? Nada disso tem importância. Israel vai para onde quer, assassina seletivamente os chefes e aleatoriamente o povo, tudo em nome do nazismo sionista, do “Grande Israel”. A inteligência e a ciência estão sempre a serviço da conquista de territórios e da opressão e exploração capitalista, a favor do culto da morte e contra a vida.

A bola da vez do serviço sujo é o Irã, uma civilização milenar.

Mais uma vez o imperialismo utiliza de ardis e mentiras para preparar o terreno para a matança. Foi assim no Tratado de Oslo, foi assim nos acordos de Minsk (Ucrânia), e agora nas negociações de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. A farsa se repetiu nas negociações indiretas entre Teerã e Washington em Omã, com Trump exigindo o absurdo do fim do uso da energia nuclear pelo Irã, mesmo para fins pacíficos. É incrível que as autoridades iranianas acreditaram nas “boas intenções” de Trump. Mas foram advertidos o tempo todo pelo próprio Trump e mesmo por Israel, que um ataque seria feito por Israel contra o Irã. É incrível também que o atual presidente, direitista, continua tentando voltar às negociações que nunca aconteceram. 

O ataque veio na sexta-feira 13, e o terror atingiu Teerã e mais uma coleção de cidades do Irã. Primeiro foram feitos assassinatos “seletivos” de líderes militares, cientistas nucleares, funcionários públicos. Todos estavam desprotegidos em residências normais e não em bunkers como seria necessário. Depois os tradicionais ataques aéreos dos F-35 contra instalações militares, usinas de energia, aeroportos e até mesmo infraestrutura pública. 

A justificativa seria a possibilidade iminente do desenvolvimento de ogivas nucleares pelo Irã, algo que todos sabem que não é verdade. O programa nuclear pacífico do Irã, é totalmente supervisionado pela Agência Internacional de Energia Atômica e a produção de armas nucleares é proibida por uma lei da época da revolução iraniana, pelo aiatolá Khomeini. O que é um absurdo: como é que um país em conflito aberto com o imperialismo há décadas não torna real sua soberania com armas nucleares?

Emmanuel Macron, que roubou a vitória da Frente Popular e indicou primeiros-ministros usurpadores minoritários, foi um dos primeiros a apoiar Israel, afirmando que programa nuclear do Irã seria uma ameaça à segurança global. O cinismo é realmente abundante neste medíocre governante francês, que o Lula adora de paixão. Todos sabem que França foi fundamental para tornar Israel este monstro militar que é hoje, ao ajuda-lo a construir secretamente a usina nuclear de Dimona em Israel nas décadas de 1950 e 1960. Essa usina foi o ponto de partida para a criação do único arsenal nuclear não declarado na região, em violação da lei internacional e da própria Agência Internacional. Sem inspeções, sem supervisão, sem responsabilidade, sem prestar contas. Acredita-se que Israel possua entre 200 a 300 ogivas nucleares, bem como a capacidade de um segundo ataque usando submarinos e aeronaves. Recusa solenemente inspeções e nunca assinou o Tratado de Não Proliferação. No entanto, bombardeia implacavelmente o Irã para evitar a “proliferação nuclear”.

O Reino Unido acompanhou a França e enviou aeronaves da Força Aérea Real para o Oriente Médio em apoio a Israel. Os Estados Unidos intensificaram ainda mais a escalada, movendo dois destróieres para o Mediterrâneo oriental, aumentando os embarques de armas e sincronizando operações militares com Israel em tempo real. Há relatos de que dezenas de aeronaves foram enviadas por Washington, além de outros equipamentos e defesas aéreas.

A Comissão Europeia, comandada pela corrupta e fascista Ursula von der Leyen, usou a célebre frase que evoca o holocausto: “Israel tem o direito de se defender”, para justificar o apoio a Israel. Na verdade, quem tem esse direito é o Irã, que foi atacado covardemente, em meio a negociações entre o Irã e Trump. 

É assim que o Imperialismo continua a armar Israel até não para proteger civis, mas para dominar a região. Para garantir que Israel continue sendo a única potência nuclear. Para controlar, esmagar, expandir.

Falando a verdade: Israel nunca foi um Estado. Foi criado como uma colônia de assentamentos de europeus para substituir os impérios em retirada da Grã-Bretanha e da França Legal. A Grã-Bretanha retirou suas tropas, mas não suas ambições. Estados Unidos interviu sempre, assumindo o papel de garante regional ao apoiar tiranos, obtendo óleo e reprimindo a resistência.

Israel agora é governado por fanáticos, aberta e orgulhosamente. Os ministros ameaçam aniquilação e ocupação de quase todos países da região. Os colonos cantam slogans a favor do genocídio. Os soldados se filmam arrasando blocos de apartamentos e posando em lingerie das mulheres que foram deslocadas e assassinadas. Famílias enterradas sob o concreto, crianças apagadas das salas de aula, tudo em nome da “segurança”.

Em Jerusalém, a Mesquita de Al-Aqsa, um dos locais mais sagrados do Islã, é repetidamente invadido, com escolta das “Forças de Defesa” de Israel. Multidões israelenses marcham pelas ruas cantando: “Deixem-nos queimar suas aldeias.” Eles celebram a destruição de escolas em Gaza. O estupro de prisioneiros não é mais negado, é proclamado.

Por sua vez, com total cinismo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Arquiteto do apartheid e da guerra, ele aparece diante das câmeras alegando defender o “mundo livre”. Em todo o mundo árabe, as pessoas estão assistindo com amargura, nojo e raiva. Seus líderes apertam a mão de criminosos de guerra. Eles normalizam a situação enquanto Israel incinera.

O trabalho limpo do Irã

O Irã não é Gaza. É um estado soberano de cerca de 90 milhões de habitantes, que se estende por mais de 1,65 milhões de quilômetros quadrados. É quase impossível invadir o Irã por terra. Ele foi sancionado, sabotado, assassinado… e continua em pé, continua contra-atacando. Pela primeira vez desde 1948, as cidades israelenses estão sob fogo contínuo. A ilusão de impunidade desapareceu. E Israel não pode reivindicar o papel de vítima, não quando ele tem as bombas, as armas nucleares e o apoio do imperialismo.

É sabido o que aconteceu em 1953, quando a CIA e o MI6 orquestraram um golpe de Estado contra o primeiro Ministro Mohammad Mosaddegh depois que ele nacionalizou o Petróleo do Irã. A Operação Ajax derrubou um governo eleito democraticamente e reintegrou Mohammad Reza Shah, um ditador alinhado com o Ocidente. O que se seguiu foram 25 anos de domínio das empresas estrangeiras e do EUA e a brutal repressão, imposta pela polícia secreta Savak, armada e treinada pelo imperialismo. A revolução de 1979 varreu do mapa do país esses anos de podridão e de domínio estrangeiro, em que o Irã ficou submetido totalmente ao imperialismo. A memória da revolução vive, em cada música, em cada protesto, em cada funeral.

Cada míssil que destrói a Estado terrorista de Israel enche a nação de júbilo, é a vingança quase um século de traição e submissão. Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra uma iraniana sem véu, com a voz embargada pela fúria, ele denuncia o genocídio em Gaza, o silêncio do Ocidente e as décadas de degradação infligidas ao seu país. Então ela grita: “Queremos ter uma bomba nuclear”. Não se trata de querer a destruição. É uma questão de dignidade. É uma questão de dizer: eles não vão nos dobrar novamente. Não é apenas um conflito militar, mas um acerto de contas histórico, uma ruptura total com o passado de humilhações, uma libertação nacional.

O chamado Oriente Médio está acordando. É uma guerra pela afirmação da dignidade, contra a própria ideia de que haverá novamente um período de trevas. O imperialismo agita o fantasma do Xá do Irã. A BBC entrevista o filho do xá e pergunta se os ataques israelenses poderiam ajudar a “libertar” o Irã. Israel pensou que poderia repetir o passado: assassinato, bombardeio, proclamação de vitória. Mas agora Tel Aviv, Haifa e Ashkelon estão sob fogo.

O Irã pode resistir, pois há décadas prepara-se para este momento. O sonho de que Israel poderia destruí-lo em questão de dias desapareceu. Mas desta vez, a região está alerta. E o acerto de contas começou. A história está em movimento. E pode não vai ser favorável ao imperialismo.

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Last Update: 20/06/2025