O governo iraniano revelou neste domingo (13) novos detalhes sobre a tentativa de assassinato contra o presidente Masoud Pezeshkian, em um ataque coordenado por “Israel” durante a ofensiva militar lançada contra o Irã em junho deste ano. Segundo informações divulgadas pela agência Fars News, o atentado teve como alvo não apenas o presidente, mas também os chefes dos outros dois poderes da República Islâmica: o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, e o chefe do Judiciário, Gholam-Hossein Mohseni-Ejei.
O ataque ocorreu na manhã de segunda-feira, 16 de junho, três dias após o início da agressão israelense, e mirou uma reunião do Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano, realizada nos níveis subterrâneos de um edifício governamental de alta segurança localizado na região oeste da capital, Teerã. Além dos três chefes de poder, outros altos dirigentes civis e militares estavam presentes no encontro, que discutia a resposta militar e diplomática do país diante da nova escalada da ofensiva sionista.
De acordo com a Fars, a operação israelense consistiu no disparo de seis mísseis direcionados especificamente para bloquear as entradas e saídas do edifício onde a reunião era realizada, com o objetivo de impedir qualquer possibilidade de fuga e restringir a circulação de ar, em uma tática que visava matar os líderes por sufocamento e desabamento. O método, segundo a agência, é semelhante ao utilizado pelo exército israelense em tentativas anteriores de assassinar líderes da resistência libanesa, como Sayyed Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hesbolá.
As explosões causaram cortes de energia elétrica no andar atingido, mas os presentes conseguiram escapar graças a uma saída de emergência previamente designada para situações de guerra. O presidente Pezeshkian e outros funcionários sofreram ferimentos leves nos pés durante a evacuação, ocasionados pelos escombros e pela correria no momento do ataque. A tentativa de magnicídio foi descrita por fontes iranianas como uma das mais ousadas já promovidas contra o alto comando da República Islâmica.
O próprio presidente confirmou publicamente o episódio em entrevista concedida ao jornalista norte-americano Tucker Carlson. “Eles tentaram, sim… mas falharam”, afirmou Pezeshkian. “Não foram os Estados Unidos que tentaram me matar. Foi ‘Israel’. Eu estava em uma reunião… Eles tentaram bombardear a área em que estávamos reunidos.”
A gravidade do episódio levou o governo iraniano a abrir uma investigação interna para apurar se houve vazamento de informações sigilosas por parte de funcionários infiltrados. Devido à precisão do ataque, autoridades suspeitam que o regime sionista tenha contado com a colaboração de espiões atuando dentro da própria estrutura do Estado iraniano. A agência Fars afirmou que “o inimigo demonstrou disposição para recorrer a qualquer meio, inclusive ao assassinato de líderes nacionais, para desestabilizar a segurança iraniana”.
A confirmação da tentativa de assassinato já havia sido feita por Sayyed Mehdi Tabatabaei, assessor direto do presidente, em entrevista exclusiva ao canal libanês Al Mayadeen. Ele revelou que o ataque ocorreu durante o auge da agressão militar de junho, e que, nos dias finais do confronto, países da região atuaram como mediadores de mensagens enviadas por Washington e Tel Aviv propondo um cessar-fogo. Segundo Tabatabaei, o atentado foi parte de uma tentativa deliberada de decapitar o governo iraniano e paralisar sua resposta militar e política.
Ainda segundo o assessor, a reunião bombardeada tratava de decisões estratégicas de defesa nacional diante da guerra em curso. A ação israelense, portanto, teve como objetivo não apenas assassinar os dirigentes, mas desorganizar o aparato de comando do país em um momento crítico, o que configura um claro crime de guerra.
O conflito foi deflagrado em 13 de junho, quando “Israel” lançou ataques aéreos coordenados contra o território iraniano, matando cientistas nucleares e generais da Guarda Revolucionária. De acordo com a Fundação dos Mártires e Veteranos do Irã, mais de 1.060 pessoas foram assassinadas nos bombardeios sionistas. A ofensiva, realizada dois dias antes de uma rodada de negociações nucleares entre Irã e Estados Unidos, impediu a realização das tratativas e agravou a instabilidade regional.
Em resposta, a República Islâmica lançou uma retaliação de larga escala, atingindo com mísseis balísticos e drones bases militares e centros de inteligência israelenses. Os ataques iranianos resultaram em 28 mortos em território israelense, segundo números das autoridades locais. Após dias de escalada, um cessar-fogo foi intermediado por Washington, sem que os objetivos políticos e militares do regime sionista fossem alcançados.