
O governo do Irã declarou nesta quarta-feira (25) que suas instalações nucleares sofreram graves danos após os ataques realizados pelos Estados Unidos no último fim de semana. A informação foi dada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baghaei, em entrevista à emissora árabe Al Jazeera.
“Nossas instalações nucleares foram gravemente danificadas, isso é certo, porque foram alvo de ataques repetidos por agressores israelenses e americanos”, afirmou Baghaei.
Apesar da declaração, o representante iraniano não revelou quais instalações foram atingidas, nem se houve vazamento de material radioativo. Ele apenas acrescentou que a Organização de Energia Atômica do Irã e outras autoridades competentes estão lidando com o caso.
Até então, as autoridades iranianas e a imprensa estatal vinham minimizando os efeitos dos ataques conduzidos pelos EUA e por Israel contra o programa nuclear do país.
Horas antes da declaração, o Irã anunciou a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado à ONU, alegando viés político da entidade em favor de Israel.
A decisão foi tomada em meio ao conflito, com críticas de que a agência não teria agido de forma firme diante dos bombardeios. Apesar da suspensão, Baghaei ressaltou que o Irã segue formalmente no Tratado de Não Proliferação Nuclear.
O ataque dos EUA
Os ataques dos EUA atingiram as usinas de Fordow, Natanz e Isfahan, aumentando a tensão no Oriente Médio. Em resposta, o Irã lançou mísseis contra uma base americana no Catar, na segunda-feira. Poucas horas depois, o governo americano anunciou um cessar-fogo entre Israel e Irã, que entrou em vigor na madrugada de terça-feira (24).
Durante os 12 dias de confronto, os dois países trocaram ataques aéreos constantes. Com o início da trégua, ambos declararam vitória, mas o clima continua tenso, com acusações e incertezas sobre a real extensão dos danos às instalações nucleares iranianas.

Divergências sobre os danos nas usinas nucleares do Irã
Desde o cessar-fogo, diferentes versões sobre os danos às usinas nucleares iranianas têm sido divulgadas. O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que as instalações foram “completamente destruídas” e que o programa nuclear iraniano foi atrasado em “décadas”. No entanto, um relatório de inteligência do Pentágono estima que o atraso causado pelos ataques seria de apenas alguns meses.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também afirmou que “as ameaças dos programas nuclear e de mísseis iranianos foram destruídas”. Já o Exército israelense avaliou que os danos podem ter atrasado o programa em “anos”, embora tenha reconhecido que ainda é cedo para mensurar com precisão.
A AIEA confirmou que “várias” instalações nucleares iranianas foram “gravemente danificadas”, mas alertou que será necessário um exame mais detalhado para saber a real extensão. O diretor da agência, Rafael Grossi, disse que avaliar os danos e verificar os estoques de urânio enriquecido do Irã é “a prioridade número 1”.
A Rússia, aliada do Irã, também reagiu às declarações americanas. O assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou que Washington e Teerã divergem sobre a magnitude dos danos. Já o porta-voz Dmitry Peskov disse que “ainda é muito cedo” para qualquer avaliação precisa e que não acredita que existam dados realistas sobre os efeitos dos bombardeios neste momento.