Nesta quarta-feira (25), a Assembleia Consultiva Islâmica (parlamento iraniano) aprovou lei para suspender a cooperação do país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em razão de ela ter atuado em favor de “Israel” e do imperialismo na recente guerra contra o país.
Conforme noticiado pela agência iraniana de notícias Tasnim, a lei foi aprovada por unanimidade dos parlamentares, contendo disposições gerais e específicas sobre como o Irã atuará perante a AIEA a partir de agora.
Dentre as disposições, “os inspetores da AIEA não estão autorizados a entrar no país para inspeções, a menos que a segurança das instalações nucleares do Irã e suas atividades nucleares pacíficas estejam garantidas — e tal permissão está sujeita à aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional”, informou Alizera Salimi, membro da presidência do parlamento iraniano.
Ele também informou que “o Parlamento estipulou penalidades para indivíduos que permitirem a entrada de inspetores da AIEA no país”, acrescentando que “as resoluções abrangem tanto a cooperação relacionada às salvaguardas quanto a cooperação além das salvaguardas”.
A suspensão da cooperação com a AIEA foi aprovada em razão de a agência da ONU ter atuado abertamente a serviço de “Israel” e do imperialismo contra o programa nuclear iraniano.
No período que precedeu a recente guerra de agressão do sionismo e do imperialismo contra o Irã, o aparato de inteligência iraniano obteve gigantesca quantidade de dados sigilosos de “Israel”, os quais expuseram que AIEA estava passando para a entidade sionista informações sobre o programa nuclear iraniano, incluindo locais de instalações, cientistas nucleares e suas informações pessoais.
Além disto, como preparação para a guerra contra o Irã, a agência aprovou relatório acusando falsamente o Irã de não ter observado regras de acordo nuclear firmado em 2015, e, baseado nessa calúnia, ameaçou o país com sanções mais pesadas.
No período que precedeu a guerra, também estavam ocorrendo conversações entre Irã e Estados Unidos, a respeito do programa nuclear pacífico do país persa. Durante as tratativas, os EUA tentaram impedir o Irã de enriquecer urânio, tentativa feita com a justificativa falsa de que o país persa estaria desenvolvimento armas nucleares.
Istoi foi novamente denunciado pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, ao falar sobre o cessar-fogo: “os relatórios preparados pela Agência [AIEA] contribuíram significativamente para a situação atual, e não estamos satisfeitos com o estilo dos relatórios da AIEA; acreditamos que há motivações políticas por trás deles”, declarou Abbas Araghchi.
Durante a guerra, iniciada em 12 de junho por “Israel”, várias instalações nucleares foram sistematicamente bombardeadas por caças israelenses, os quais eram abastecidos por aviões do Reino Unido e dos EUA.
O ataque direto do imperialismo contra o Irã veio no último sábado (28), quando três instalações nucleares foram bombardeadas pelos Estados Unidos. Embora o pessoal e material dessas instalações tivessem sido evacuados nos dias que precederam ao ataque, as estruturas foram danificadas, e a soberania do Irã foi violada.
Tais ataques não poderiam ter ocorrido sem a espionagem feita pela AIEA e seus inspetores.
Expondo o caráter imperialista e sionista da agência atômica da ONU, o presidente do parlamento iraniano, Mohammad Baqer Qalibaf declarou que “a AIEA, que nem sequer condenou formalmente o ataque às instalações nucleares do Irã, colocou sua credibilidade internacional à venda; por esse motivo, a AEOI suspenderá sua cooperação com a Agência até que a segurança de suas instalações nucleares seja garantida e o programa nuclear pacífico do Irã prossiga em um ritmo ainda mais rápido”, acrescentando que “com o máximo ceticismo, não seremos enganados por nenhuma promessa e, mais preparados do que nunca, com o dedo no gatilho, responderemos com firmeza a qualquer agressor”.
No mesmo sentido foi a declaração de Kazem Gharibabadi, vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, que denunciou que a agência se tornou “uma ferramenta nas mãos do regime sionista e dos EUA“.
Declaração recente também foi feita por Javad Zarif, ex-ministro das Relações Exteriores do Irã, que, em sua página do X, afirmou que Rafael Mariano Grossi, presidente da AIEA, “deve ser responsabilizado por sua cumplicidade na morte de inocentes no Irã causada pela agressão israelense usando seu relatório como pretexto“.
Ante a derrota de “Israel” e do imperialismo, e a vitória do Irã, Grossi, capacho do sionismo, agora propões, de forma cínica, realizar reunião com autoridades iranianas, para alcançar “uma solução diplomática” para o programa nuclear iraniano.
Embora o Ministério das Relações Exteriores do Irã ainda não tenha se pronunciada, o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov alertou que novas inspeções da AIEA no Irã poderá levar a novos vazamentos de informações sigilosas. Ele declarou que Grossi “agora insiste que o Irã conceda à agência acesso imediato às suas instalações nucleares para verificar a localização dos materiais enriquecidos e avaliar a situação em terra. Mas onde estão as garantias de que essas informações não serão vazadas? Não vejo tais salvaguardas“.
Irã reitera que programa nuclear irá continuar
Nessa conjuntura, o Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, reiterou que o Irã continuará desenvolvendo seu programa nuclear, bem como denunciou o Tratado de Não Proliferação Nuclear:
“Ninguém no Irã abandonará o programa nuclear. Demonstramos há muitos anos nosso compromisso com o Tratado de Não Proliferação Nuclear, mas ele não conseguiu proteger nosso programa. Precisamos reconsiderar como proteger nossas instalações nucleares.”
Há cerca de uma semana, EMaisl Baghaei, porta-voz do ministério, informou que uma lei para retirar o Irã do tratado estava sendo preparada: “à luz dos acontecimentos recentes, tomaremos uma decisão apropriada. O governo precisa fazer cumprir os projetos de lei do parlamento, mas tal proposta está apenas sendo preparada e coordenaremos as etapas posteriores com o parlamento“.
Caça a Mossad no Irã: centenas são presos; alguns já foram executados
Conforme noticiado pela agência iraniana de notícias Tasnim, as forças de segurança do Irã prenderam, no decorrer desses doze dias de guerra, cerca de 700 pessoas suspeitas de terem atuado para o Mossad (agência de espionagem externa israelenses), realizando espionagem de instalações militares sensíveis, e ações de sabotagem, bem como contrabandear, fabricar e usar VANTs (drones) durante a guerra, e produzir granadas de mão.
Conforme informado pela emissora libanesa Al Mayadeen, no decorrer da guerra mais de 10 mil VANTs pequenos foram apreendidos apenas em Teerã (capital), acrescentando que tais apreensões fizeram parte da operação para desarticular a rede de espionagem do Mossad no país. A emissora informa também que as prisões ocorreram principalmente nas províncias de Kermanshah, Isfahan, Khuzestan, Fars e Lorestan.
Isto ocorre no mesmo dia em que o Judiciário do Irã anunciou a execução de três pessoas por cooperação com “Israel”. Conforme informado pela agência de notícias Mizan, eles contrabandearam equipamentos usados no assassinato de uma pessoa não identificada. “A sentença foi executada esta manhã… e eles foram enforcados.”, informou a agência.
Em declaração, o Ministério da Inteligência do Irã afirmou que “os soldados desconhecidos […] no Ministério da Inteligência, juntamente com todas as instituições e agências de inteligência, juntamente com outras forças armadas e de segurança no país, têm, nos últimos dias, com o apoio da cooperação e orações sinceras da nação do Hesbolá, e dentro da estrutura da implementação das diretrizes e planos do Líder da Revolução Islâmica (que sua sombra seja prolongada), visando fortalecer e salvaguardar os elementos da segurança nacional da República Islâmica do Irã, alcançando objetivos e interesses nacionais e produzindo segurança sustentável, envolvidos em um confronto feroz e implacável nas camadas ocultas e inferiores da frente de batalha em níveis nacional, regional e internacional contra inimigos, adversários e entidades não autorizadas”.
O Ministério informou ainda que “a detecção, identificação, direcionamento e destruição de elementos infiltrados, agentes e mercenários-chave afiliados a redes estrangeiras de espionagem maliciosa, particularmente oficiais e espiões da CIA, Mossad e MI6, foram e continuam sendo uma das prioridades do Ministério, com alguns desses relatórios a serem anunciados ao querido povo iraniano nos próximos dias, conforme as circunstâncias permitirem”.
Destacou ainda que “por meio de uma ‘guerra de inteligência abrangente’ e de uma ‘jihad contínua e diária, sem pausa’, eles conseguiram monitorar, identificar, frustrar e desmantelar os movimentos de uma parcela significativa dos seguidores infiltrados do inimigo, traidores e hienas e ratos imundos gerados pelo sionismo e pelos remanescentes do regime tirânico, que emergiram de seus covis e esconderijos explorando a guerra da entidade sionista e de seu mestre americano, desferindo golpes esmagadores na rede de espionagem do Mossad”.
Outros 4 colaboradores do Mossad foram presos nesta quarta-feira após um tiroteio , conforme informado por Ahmad Reza Radan, chefe de polícia do Irã