O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou que os ataques de Israel ao seu país não poderiam ter se materializado sem o acordo e o apoio dos Estados Unidos.
“Temos evidências sólidas e bem documentadas do apoio fornecido pelas forças americanas na região e suas bases aos ataques militares do regime sionista”, disse o principal diplomata iraniano a repórteres durante uma entrevista coletiva na capital, Teerã, no domingo.
Ele afirmou, ainda mais importante, que o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou pública e explicitamente que sabia dos ataques, que eles não poderiam ter acontecido sem armas e equipamentos americanos e que mais ataques estão por vir.
“Portanto, os EUA, em nossa opinião, são parceiros nesses ataques e devem assumir sua responsabilidade.”
Araghchi disse que Teerã recebeu mensagens de Washington, por meio de vários intermediários, de que não estava envolvido nos ataques de Israel às instalações nucleares iranianas em Natanz, em Isfahan, mas “não acredita nessa alegação” devido a evidências em contrário.
“É necessário que o governo dos EUA declare claramente sua posição e condene explicitamente o ataque às instalações nucleares”, disse ele. “Este ato é condenado pelo direito internacional, e nossa expectativa é que o governo dos EUA, a fim de demonstrar sua boa-fé em relação às armas nucleares, condene o ataque a uma instalação nuclear pacífica e se distancie deste conflito.”
Salientando que os ataques israelenses ocorreram no momento em que o Irã e os EUA estavam programados para realizar uma sexta rodada de negociações nucleares mediadas por Omã no domingo, Araghchi enfatizou que Israel “fará qualquer coisa” para interromper as negociações e a diplomacia, como fez no passado.
“Grande erro estratégico”
Autoridades iranianas disseram que os ataques israelenses, que atingiram áreas residenciais e militares em Teerã, bem como muitas cidades do país desde sexta-feira (13), mataram pelo menos 80 pessoas, incluindo civis.
Vários comandantes de alto escalão das Forças Armadas iranianas e do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) também foram assassinados, assim como vários cientistas nucleares e professores universitários.
O Irã lançou até agora duas noites de ataques retaliatórios contra Tel Aviv e Haifa, em Israel, usando centenas de mísseis e drones, que resultaram em pelo menos 10 mortes e dezenas de feridos
Araghchi disse a repórteres que os ataques iranianos, da noite para o domingo, começaram a ter como alvo a infraestrutura energética de Israel, depois que o exército israelense atingiu refinarias, usinas de energia e reservas de petróleo em todo o Irã.
Enquanto sons de explosões e defesas aéreas ecoavam por Teerã nas primeiras horas do domingo (15), Israel atingiu uma reserva de combustível no bairro de Shahran, no oeste de Teerã, causando um grande incêndio. As autoridades disseram que o incêndio foi contido após várias horas e que a maior parte do combustível da reserva foi retirada antes dos ataques aéreos.
No sábado (14), o exército israelense atingiu Asaluyeh, na costa sul do Irã, na província de Bushehr, atingindo a Fase 14 de South Pars, o maior campo de gás do mundo.
Araghchi afirmou que o ataque foi um “grande erro estratégico” que provavelmente foi realizado deliberadamente com a intenção de arrastar outras nações para a guerra.
“A região do Golfo Pérsico é extremamente sensível e complexa, e qualquer desenvolvimento militar ali pode envolver toda a região, e até mesmo o mundo inteiro”, disse ele.
Irã e Israel afirmaram que seus ataques continuarão por enquanto, e o exército israelense ameaçou no domingo os iranianos para que se mantivessem afastados do que chamou de “fábricas de produção de armas militares e suas instituições de apoio”, sob risco de serem mortos.
Mas Araghchi disse que Teerã está disposto a parar se Israel interromper seus ataques e instou a comunidade internacional a intervir e condenar Israel.
*Com informações da Al Jazeera.
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