O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ismail Baghaei, declarou, nessa segunda-feira (30), durante coletiva semanal, que o país está acompanhando de perto quaisquer movimentos do Estado de “Israel” que visem utilizar o território de países vizinhos para lançar novos atos de agressão contra a República Islâmica.

Segundo Baghaei, o Irã já comunicou aos países da região informações, relatórios de inteligência e especulações sobre o possível uso de seus territórios por “Israel”.

“Sem exceção, todos os países vizinhos nos garantiram que não permitirão que o regime sionista abuse de seu espaço ou território para ações agressivas contra o Irã”, afirmou.

Baghaei ressaltou que tais países estão cientes de seus deveres e compromissos, tanto com base na boa vizinhança quanto no direito internacional, que proíbe qualquer país de permitir o uso de seu território para ações hostis contra terceiros.

De acordo com o porta-voz, todos os países envolvidos rejeitaram “de maneira clara e decisiva” os rumores de que estariam colaborando com ataques contra o Irã, garantindo que não concederão esse tipo de permissão no futuro. O assunto, no entanto, continua sob investigação por parte das Forças Armadas iranianas, assim como por autoridades de segurança e inteligência, segundo Baghaei.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã também estaria tratando o tema com a devida seriedade.

O governo iraniano também está pressionando o Conselho de Segurança das Nações Unidas para que reconheça formalmente os Estados Unidos e o regime sionista como os autores das agressões contra o país.

Em 13 de junho, “Israel” lançou uma guerra não provocada contra o Irã, assassinando altos comandantes militares e cientistas nucleares em ataques direcionados, além de bombardear instalações nucleares, bases militares e áreas residenciais.

As Forças Armadas iranianas reagiram com a operação Promessa Verdadeira 3, atingindo alvos estratégicos nos territórios ocupados por ‘Israel’. No dia 22, os EUA se juntaram à ofensiva e bombardearam três instalações nucleares iranianas — uma violação grave da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU), do direito internacional e do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Baghaei criticou duramente o relatório mais recente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), chamando-o de “inadequado” e afirmando que ele serviu de justificativa para os ataques dos EUA e do regime sionista às instalações nucleares iranianas.

Segundo ele, tanto os norte-americanos quanto o trio europeu (Alemanha, França e Reino Unido) têm adotado uma abordagem política diante do programa nuclear pacífico do Irã. “Sempre esperamos que a Agência e seu diretor-geral cumpram com seus deveres sem se deixar levar por manobras políticas”, declarou.

Baghaei disse ainda que os erros cometidos pela AIEA tiveram consequências graves, tornando inviável a continuidade da cooperação bilateral em termos normais.

O chanceler alemão Friedrich Merz também foi alvo das críticas. Ao se referir à guerra de agressão de “Israel” como um “trabalho sujo”, Merz teria trazido uma “vergonha histórica e eterna” à Alemanha, nas palavras de Baghaei.

O porta-voz também classificou como “inaceitável” a posição da Alemanha e da França frente aos ataques israelenses, e cobrou explicações do governo francês por sua cumplicidade na guerra.

Baghaei repudiou ainda as declarações “insultuosas e provocativas” do presidente norte-americano Donald Trump contra o líder da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei. Segundo ele, tais afirmações ferem milhões de iranianos e muçulmanos ao redor do mundo, alimentando o ódio e o repúdio às políticas dos EUA.

Por fim, o porta-voz afirmou que o regime sionista cometeu diversos crimes de guerra ao longo dos 12 dias de agressão, destacando que cada mártir e cada edifício destruído no Irã representa um crime de guerra, uma vez que não houve qualquer justificativa plausível para os ataques.

“A guerra imposta pelo regime sionista foi contra a identidade do Irã e contra cada cidadão iraniano”, afirmou. Segundo ele, essa é a razão pela qual a população iraniana se uniu, com total coesão, para enfrentar os ataques e seguirá resistindo a qualquer nova investida.

As declarações firmes de Ismail Baghaei comprovam duas tendências importantes da situação política mundial. Por um lado, a preocupação iraniana indica que o imperialismo e o nazissionismo devem retomar as agressões contra a República Islâmica do Irã. Embora a nação persa tenha obtido uma vitória importante, o grande capital irá preparar uma nova ofensiva, uma vez que a existência de países que se rebelem contra a sua dominação se tornou intolerável.

Por outro lado, a postura do governo iraniano também indica que, após a Operação Promessa Cumprida 3, o Irã estabeleceu uma nova capacidade de dissuasão. Após destruir parte significativa da infraestrutura de Telavive e lançar mísseis contra uma base norte-americana nos Estados Unidos, o Irã mostrou que é uma força militar a ser temida por qualquer país que se aventure a servir de meio para uma nova agressão imperialista.

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Last Update: 01/07/2025