Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, Haddad detalhou reforma do Imposto de Renda e defendeu isenção para quem ganha até R$ 5 mil com compensação pela taxação dos super-ricos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou nesta quarta-feira (20) sobre a proposta do governo Lula de isentar do pagamento do Imposto de Renda (IR) os trabalhadores e trabalhadoras que ganham até R$ 5 mil mensais. Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, Haddad explicou que a medida será compensada pela taxação de pessoas que hoje não pagam imposto, os chamados super-ricos, que possuem rendimentos acima de R$ 1 milhão por ano.
“A proposta foi muito bem recebida porque quem vai pagar essa conta é quem hoje não paga Imposto de Renda. Estamos corrigindo uma injustiça tributária que há muito tempo beneficia os mais ricos”, afirmou o ministro. Segundo ele, a alíquota para os mais ricos será de 10%, mas só incidirá sobre aqueles que atualmente não recolhem nada ao Fisco.
Haddad ressaltou que a correção da tabela do Imposto de Renda é uma demanda antiga da sociedade brasileira e que o governo bolsonarista prometeu, mas não cumpriu. “O Bolsonaro ficou quatro anos sem atualizar a tabela do IR e ninguém fez um editorial contra. Agora que o presidente Lula está corrigindo essa injustiça, começam as críticas e falam em populismo”, disse o ministro.
“Essa proposta não tem nenhum centavo de aumento de imposto, não se aumenta o imposto de ninguém. (…) Um bombeiro, uma professora, uma enfermeira. Ela vai ganhar quase um décimo quarto salário. Ela vai poupar por ano quase um salário mensal. Imagina o quanto isso vai mudar a vida de quem ganha até 5 mil”, explicou Haddad.
Benefícios diretos
A nova faixa de isenção, segundo Haddad, trará benefícios diretos aos trabalhadores e trabalhadoras de renda mais baixa, garantindo um alívio financeiro significativo.
“Uma professora, um enfermeiro, um bombeiro vão poupar o equivalente a quase um 14º salário por ano. Isso melhora a vida de milhões de brasileiros”, enfatizou.
Além disso, o ministro reforçou que a medida não implicará em perdas para estados e municípios, já que haverá compensação por meio da taxação dos super-ricos.
Ele também criticou setores da oposição que, mesmo após quatro anos sem corrigir a tabela do IR, agora se mostram contrários à proposta.
Assista a íntegra da entrevista:
Equilíbrio fiscal
Haddad reconheceu que o projeto pode enfrentar resistência no Congresso Nacional, especialmente por parte de parlamentares que representam os interesses dos mais ricos.
No entanto, o ministro demonstrou confiança na aprovação da medida. “A extrema direita pode tentar argumentar contra, mas eu não vejo como alguém vai justificar a cobrança de IR sobre quem ganha até R$ 5 mil e deixar os super-ricos isentos”, afirmou.
O ministro também comentou a preocupação de estados e municípios quanto a possíveis perdas de arrecadação. “Se houver compensação, não há prejuízo. Além disso, o governo federal já abriu mão de R$ 1,4 trilhão em renegociação de dívidas estaduais. Estamos fazendo nossa parte para garantir equilíbrio fiscal”, explicou.
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Crescimento econômico
Outro tema destacado pelo ministro durante a entrevista foi a recente decisão do Banco Central de manter a taxa Selic elevada, o que impacta diretamente o crédito e o crescimento econômico.
Haddad criticou a política monetária do Banco Central, enfatizou que a inflação está sob controle e que a manutenção dos juros altos prejudica a economia.
“Não acredito que seja necessário provocar uma recessão para controlar a inflação. É possível crescer de forma sustentável sem comprometer a estabilidade econômica”, afirmou.
Ele também citou o impacto da política de juros nos programas de crédito para a população.
“Criamos um crédito consignado para trabalhadores formais com garantia do FGTS, o que permitirá a renegociação de dívidas a taxas menores. O trabalhador hoje paga até 6% ao mês no crédito pessoal, e com essa nova modalidade ele terá acesso a condições muito melhores”, explicou.
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Transição energética e o futuro do Brasil
Outro assunto de destaque da entrevista foi a preocupação do governo Lula com a transição energética e a sustentabilidade.
O ministro ressaltou a importância da agenda ambiental e da liderança do Brasil na COP 30, que acontecerá em Belém, em 2025.
“O Brasil tem energia limpa e renovável em abundância e precisa aproveitar isso para atrair investimentos. Estamos desenvolvendo políticas de incentivo à transformação ecológica, biocombustíveis e mercado de carbono”, disse Haddad.
O ministro também afirmou que a redução do desmatamento na Amazônia tem beneficiado a imagem do agronegócio brasileiro no exterior, abrindo novos mercados para exportação de produtos processados.
“Estamos industrializando parte do nosso alimento e exportando com valor agregado. Isso fortalece nossa economia e gera mais empregos”.
Haddad reforçou ainda o compromisso do governo Lula com o desenvolvimento econômico sustentável e a justiça social.
“Nosso objetivo é garantir crescimento econômico sem comprometer o bem-estar da população. As reformas que estamos promovendo vão melhorar a vida do trabalhador, equilibrar as contas públicas e tornar o Brasil mais competitivo”, finalizou.
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Da Redação da Agência PT