O Brasil deve responder ao tarifaço de 50% imposto por Donald Trump ‘na mesma moeda’. A afirmação foi feita por quase metade dos brasileiros na nova rodada da pesquisa Ipsos-Ipec sobre o tema. O levantamento foi divulgado nesta terça-feira 12 pelo site G1.
Segundo a pesquisa, o grupo que concorda total ou parcialmente com a criação de uma taxa de 50% aos produtos norte-americanos que entram no Brasil é de 49%. São 33% que concordam totalmente e 16% que concordam em parte com a afirmação.
Do outro lado, daqueles que discordam total ou parcialmente da resposta ‘na mesma moeda’, estão 43% (30% apontam discordância total e 13% indicam discordância parcial). Só 7% não souberam ou não quiseram responder sobre o tema.
O tarifaço, tema da pergunta, foi imposto ao Brasil no último dia 6, quando passaram a valer as tarifas adicionais de 40% aos produtos brasileiros. As novas taxas se somaram aos 10% que já estavam em vigor. Cerca de 700 produtos ficaram de fora da lista de itens afetados pelas tarifas, ainda assim, 36% das exportações brasileiras aos EUA devem ser impactadas. Essa fatia corresponde a um comércio estimado em 14,5 bilhões de dólares.
Até aqui, as respostas brasileiras ao tarifaço não incluem a reciprocidade. O governo aguarda o andamento das negociações com autoridades norte-americanas antes de partir para tirar do papel a reação, considerada mais dura. As conversas, no entanto, ainda não resultaram em uma trégua ou redução. O obstáculo, segundo o ministro da Fazenda Fernando Haddad, tem sido a extrema-direita. O grupo, liderado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL) nos EUA, tem causado atrasos e novas ameaças contra o Brasil ao embaralhar o tarifaço com a defesa de Jair Bolsonaro (PL). A articulação é alvo de investigações por supostamente atentar contra a soberania nacional.
A motivação política do tarifaço, aliás, é percebida pela maioria esmagadora da população (75%). Apenas 12% acham que as novas taxas foram impostas apenas por questões comerciais. Outros 5% acreditam na junção dos dois fatores e 8% não souberam ou não quiseram responder.
Ainda no campo das reações, o Brasil também recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC). A alegação é de que a política trumpista viola as regras do comércio global. Ainda não há qualquer resposta na ação. Internamente, o governo prepara um pacote de medidas que inclui linhas de créditos aos setores afetados pelo tarifaço, adiamento de impostos federais e aquisição de produtos que seriam vendidos aos EUA.
Para os entrevistados pela Ipsos-Ipec, o governo deveria também procurar outros parceiros comerciais, como a China e a União Europeia, para driblar o tarifaço. São 68% os que fazem essa afirmação. Outros 25% discordam da proposta de o País procurar outros mercados para os produtos afetados pelo tarifaço de Trump. Apenas 8% não souberam ou não quiseram responder.
O levantamento Ipsos-Ipec foi realizado entre os dias 1º e 5 de agosto, apenas um dia antes do tarifaço entrar em vigor. Foram realizadas 2 mil entrevistas em 132 cidades do País. A margem de erro é de dois pontos percentuais.