Por: Marcos Sant’aguida, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro (SINTECT-RJ)

Nos últimos dias, os Correios voltaram ao noticiário, apresentados quase sempre como uma empresa em crise, com prejuízos bilionários. O que a imprensa não mostra é que, por trás desses números, está a falta de investimento público e de um projeto estratégico para fortalecer a maior empresa de logística da América Latina.

Em entrevista recente ao programa Canal Livre, da Band, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os problemas financeiros da estatal seriam consequência da quebra do monopólio postal. Essa declaração, no entanto, não corresponde à realidade. O monopólio postal, que garante aos Correios a exclusividade na entrega de cartas, correspondências e telegramas, continua existindo. O que acontece é que esses segmentos estão em declínio. Já no setor de encomendas e logística, que cresce impulsionado pelo comércio eletrônico, nunca houve monopólio.

É justamente aí, no setor mais promissor e competitivo, que os Correios precisam de investimento público, modernização tecnológica e fortalecimento da sua estrutura. Sem isso, não há como disputar de igual para igual com as grandes empresas privadas.

Aqui no Rio de Janeiro, nós, trabalhadores, sentimos na pele os efeitos da falta de projeto para a empresa. Temos unidades em greve por falta de condições mínimas de trabalho, o nosso plano de saúde sofre com atrasos de repasses, e os direitos garantidos em Acordo Coletivo de Trabalho não vêm sendo cumpridos pela direção da ECT.

A direção prefere fechar as portas ao diálogo e empurrar a empresa para o caos, em vez de negociar soluções com os sindicatos. Isso mostra que não é apenas de discurso que precisamos, mas de ação concreta, de valorização dos trabalhadores e de investimentos que garantam o futuro dos Correios.

Na mesma entrevista, o ministro Haddad reconheceu que as empresas privadas só atuam onde há lucro, abandonando as regiões mais pobres e distantes. Ele falou da importância do subsídio cruzado, em que os ganhos em áreas rentáveis sustentam os serviços universais nas regiões deficitárias.

Se o governo sabe disso, é hora de agir. É urgente regulamentar a lei que garante preferência dos Correios nas contratações públicas, investir em inovação tecnológica e abrir as portas para o diálogo com o movimento sindical. Nós sabemos o que precisa ser feito e temos propostas concretas para fortalecer a empresa.

Os Correios não são apenas uma empresa. São um patrimônio público que garante a integração nacional, chegando aonde nenhuma iniciativa privada chega. São também instrumento de soberania nacional, fundamentais para a economia, para a população e para a segurança do país.

Por isso, reafirmo: investir nos Correios é defender o Brasil, a soberania e a integração nacional.

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Last Update: 03/09/2025