Na grande cruzada do Judiciário contra a extrema direita, tem ficado claro que os maiores perseguidos são os cidadãos comuns. Enquanto os representantes máximos do que seria o “nazismo brasileiro”, também conhecidos como batalhões das polícias militares estaduais, seguem em sua campanha de extermínio contra os brasileiros, a “luta contra o nazismo” nada mais é do que a perseguição a figuras excêntricas e, em geral, inofensivas. Para citar o caso mais famoso de todos, o “Hitler baiano”, Wallex Guimarães.
O perseguido da vez é Vinícius Krug de Souza, estudante da UFRGS, que, em 18 de fevereiro deste ano, tentou participar de sua colação de grau com uma suástica pintada no rosto. Além disso, “o estudante de engenharia de minas também utilizava outros desenhos com conotações extremistas e escolheu uma música comumente vinculada a manifestações de apologia ao nazismo para a sua entrada na solenidade de formatura.” Ou seja, o crime seria que Krug tem um senso de humor muito torto e quis causar desconforto àqueles que participaram no evento.
A própria UFRGS registrou ocorrência. A Polícia Civil abriu inquérito, investigado pela DCPI (Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância). Segundo representantes da universidade, Krug alegou se tratar de um símbolo religioso hindu, e que, por isso, não estaria fazendo apologia do nazismo, crime, segundo a legislação brasileira.
Primeiramente, a própria existência de crime de apologia de qualquer coisa é um absurdo. O nazismo alemão foi algo profundamente criminoso? Não há dúvida. Também não há dúvida, no entanto, de que o imperialismo norte-americano é tão selvagem, senão mais, do que fora o nazismo alemão. Onde está o crime de apologia ao imperialismo? Certamente não defendemos sua existência, mas colocar a questão desta forma é muito elucidativo: a lei de apologia ao nazismo é uma farsa.
Por algo, que é no máximo uma brincadeira de mal gosto, “computadores e celulares foram apreendidos e encaminhados à perícia técnica do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que ainda analisa o conteúdo dos dispositivos”. Para combater uns moleques que fingem ser “nazistas” por sabe-se lá qual motivo, é preciso o estabelecimento de um estado policial. O circo fica totalmente à mostra com a declaração da defesa:
“É fundamental destacar que os supostos indícios são extremamente frágeis, desprovidos de qualquer suporte técnico ou probatório minimamente consistente. Além disso, todas as questões levantadas foram esclarecidas de forma objetiva e detalhada durante a investigação e serão, mais uma vez, reafirmadas e aprofundadas no curso da instrução penal, momento em que a verdade real será definitivamente restabelecida.”
Moral da história: para assustar a classe média bem pensante o suficiente para que ela defenda uma ditadura voraz não é preciso muito.