Internacionalização do Pix – uma oportunidade para o Brasil

por Rafael Dantas

O tarifaço de Trump abriu uma oportunidade de ouro para o Brasil. A citação do Pix como uma pedra no sapato das empresas de pagamento, bandeiras de cartão de crédito estadunidense, que há décadas dominam as transações bancárias globais, lançou no ar uma possibilidade que estava até então adormecida no campo abstrato das possibilidades.

O questionamento do Tio Sam é justo, o Pix desenvolvido pelo Banco Central do Brasil é um sucesso de aplicabilidade e caiu no gosto popular. Rápido, seguro, legal, regulado e permite agilidade aos negócios, e potencializa a atividade econômica. Um rival de peso dos cartões de crédito com suas taxas que correm a margem de lucro das empresas e principalmente, das pequenas empresas.

Trump levantou a bola, cabe ao Brasil os próximos passos

O dólar é/foi um dos pilares da hegemonia estadunidense no mundo, que se encontra em franca decadência, permitindo grandes vantagens estratégicas econômicas e políticas aos Estados Unidos. Porém, os países têm buscado alternativas viáveis para o padrão-dólar como moeda principal do comércio internacional, seja pelos desmandos frequentes da política externa da Casa Branca, ou pelo próprio desejo de construir alternativas viáveis que não possam ser usados contra si mesmo, em especial para sanções.

A oportunidade encontra-se neste contexto. As promessas das criptomoedas, em especial, o Bitcoin, não se mostraram ainda substituto à altura das moedas fiduciárias nacionais. A tecnologia Pix está madura, testada e aprovada e pode ser acoplada as demais economias nacionais, sem prejuízos para os Estados. Cabe ao Brasil a disponibilidade, compartilhar a tecnologia e guiar os interessados no percurso de sua implementação.

O Pix como softpower brazuca

Cabe o lembrete de que o Pix foi desenvolvido sob os auspícios de uma instituição pública, o Banco Central do Brasil, a qual merece reconhecimento e mérito. Assim, essa tecnologia revolucionária nacional é candidata a um lugar de destaque no plano global e poderia elevar o posicionamento geopolítico do Brasil no mundo.

O plano

A internacionalização do Pix já conta com um contexto favorável, mas precisa que haja a vontade política e execução de um plano de implementação por parte do governo brasileiro. Este plano precisa ser meticuloso e sem grandes alardes para evitar ou minimizar os movimentos contrários. Em princípio, Bacen e Itamaraty seriam as peças centrais a se movimentarem, a primeira no plano do conhecimento de causa e compartilhamento tecnológico e a segunda na articulação dos parceiros. Os parceiros poderiam ser escolhidos de acordo com a proximidade e oportunidade, e neste aspecto o nosso corpo diplomático tem todos os atributos para selecionar a melhor forma de fazê-lo, seja iniciando pelo Mercosul, BRICS, Sul-global, parceiros europeus etc.

Bônus

As instituições bancárias de capital nacional, bem como as chamadas fintechs, poderiam ser parceiras nesta estratégia de expansão.

Rafael Dantas – Professor/Mestre em Geografia

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Last Update: 04/08/2025