Se taxa de juros e expectativa de inflação não se estabilizem, Selic pode voltar a subir, prevê IFI

A Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgou o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) do mês de agosto. De acordo com o relatório, a trajetória de receitas e despesas até junho e as projeções para o restante do ano ainda não garantem o cumprimento da meta fiscal fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. A IFI alerta que, para atingir a meta de zerar o déficit primário, será necessário um esforço fiscal adicional, entre aumento de receitas e redução de gastos, de R$ 64,8 bilhões.

Mesmo considerando a margem de tolerância prevista no novo arcabouço fiscal, a análise da IFI indica que ainda seria necessário um superávit primário de R$ 36 bilhões, entre agosto e dezembro.

Juros e políticas públicas

O RAF de agosto também analisa o processo de depreciação da taxa de câmbio na política monetária, no custo da dívida, na atividade econômica e no próprio equilíbrio orçamentário. A IFI relata a possibilidade de o Banco Central reverter a recente queda na taxa Selic e acionar um aumento na taxa básica de juros. Esse possível aumento, destaca a IFI, depende do comportamento da economia americana, das incertezas fiscais e do câmbio. A IFI também admite rever as próprias projeções para o crescimento do PIB e para a inflação.

O relatório estima o impacto das políticas públicas em médio prazo e a consequente retomada das vinculações constitucionais dos gastos em saúde e educação às receitas previstas na legislação, assim como a política de valorização do salário mínimo. No cenário-base, a IFI estima um gasto adicional de cerca de R$ 1,7 trilhão em 10 anos. Segundo a instituição, isso implicaria na ocorrência de déficits primários ao longo do período, na insuficiência do limite de despesas previsto na lei e no comprometimento da sustentabilidade do novo arcabouço fiscal.

Relatórios

O RAF é produzido mensalmente pela IFI e contém avaliações conjunturais sobre a macroeconomia, receitas e despesas públicas e o ciclo orçamentário. Duas vezes por ano, o relatório também apresenta atualizações das projeções macrofiscais da IFI para os próximos anos, na forma de cenários-base otimista e pessimista.

A IFI foi criada pelo Senado no final de 2016 para ampliar a transparência nas contas públicas. O economista Marcus Pestana é o diretor-executivo da instituição.

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 16/08/2024