Instituto Fiocruz identifica impactos ambientais das incêndios no Pantanal brasileiro

Nos últimos cinco anos, os incêndios no Pantanal degradaram cerca de 9% da vegetação do bioma, causando danos irreparáveis a curto, médio e longo prazos, populações humanas e de outros animais de formas variadas, conforme constatação da Fiocruz.

De acordo com as pesquisadoras e biólogas Ana Paula e Maria José, da Fiocruz, as queimadas prejudicam a saúde humana de forma desproporcional, pois os determinantes sociais da saúde, como local e condições de moradia, nível de acesso a serviços de saúde e falta de saneamento, tendem a exacerbar os efeitos da exposição aos poluentes.

Segundo Ana Paula, não há fronteiras para os poluentes, pois a depender da direção e velocidade dos ventos e outras condições metereológicas, a poluição atinge outras cidades, estados e até países.

“Partículas de poluentes podem penetrar profundamente nos pulmões, chegando à corrente sanguínea, com efeitos sistêmicos para o organismo humano. Esses poluentes são responsáveis por cerca de um terço das mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica, asma e câncer de pulmão, além de um quarto das doenças do sistema circulatório”, explica.

Além de doenças cardiovasculares, a poluição causa ainda outras patologias. “A fumaça e o material particulado no ar geram contaminação por mercúrio e outros elementos químicos tóxicos. As cinzas brancas, resultante da queima de toda a matéria orgânica, também é composta de elementos que geram contaminação, intoxicação e doenças degenerativas como câncer, que só vai aparecer tempos depois. Com a chegada das chuvas, toda a cinza deságua nos corixos, poluindo os rios, as baías e matando peixes e alevinos (iscas que são fonte de renda de muitas comunidades). Não há mais água potável para beber”, afirma Maria José.

As pesquisadoras constataram ainda que a saúde mental dos pantaneiros também está comprometida pelas queimadas, que afetam de maneira mais enfática populações de menor renda, que vivem em condições de moradias precárias e com pouco acesso a serviços públicos.

Os níveis de suicídio na região são grandes, assim como a depressão entre jovens e idosos. “Por serem comunidades pequenas e distantes dos grandes centros urbanos, não geram apelos e sensibilização nacional. Estão sós e apartadas da esperança”, continua Maria José.

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