Figura carimbada na imprensa golpista, o jornalista esportivo Juca Kfouri conseguiu elevar a campanha contra o craque Neymar (o maior jogador do planeta desde a década passada) a um novo patamar, dedicando nada menos do que três artigos em um intervalo de dois dias para atacar o craque.
No último domingo (9), por ocasião da segunda partida de Neymar em seu retorno ao Santos, contra o Novorizontino na cidade de Novo Horizonte em partida válida pelo campeonato paulista, Kfouri publicou Neymar frustra os corações santistas em sua coluna no Uol (de propriedade do golpista Grupo Folha). Além disso, abriu seu espaço no órgão imperialista para que um professor de Economia da UNICAMP de nome Humberto Miranda publicasse também um artigo intitulado Neymar: a imaturidade de um jogador experiente.
No primeiro artigo, o tom é: “Pedro Caixinha tem um problema para resolver: Neymar, longe da área resolve pouco; perto, que deveria ser o lugar dele, a bola não chega nele”. O reconhecimento do fato óbvio de que o craque está voltando de contusão após meses afastado dos gramados não impediu frases como “decorridos os primeiros 15 minutos a bola não chegava em Neymar” ou “o jogo era ruim de doer, como têm sido os jogos neste início de temporada, com raras exceções” e ainda “ao chegar aos 65 minutos, era indisfarçável a frustração com a atuação de Neymar”.
No dia 10, novo ataque. Juca: Neymar terá que treinar muito para voltar a ser chamado de jogador, diz o título da matéria publicada no Uol, onde o propagandista diz que “Neymar não está com ritmo para jogar futebol profissional, nem contra o Novorizontino, nem contra ninguém — não ganha uma dividida”. “Vai ter que treinar muito, correr muito para voltar a ser o que a gente chama de jogador de futebol”, afirma.
A má vontade de Kfouri com o craque brasileiro é tamanha que na mesma conversa, o propagandista considera o problema do ritmo de jogo e o começo de temporada em sua análise de outros times. Vale para o Flamengo, para o São Paulo, mas de forma nenhuma para Neymar, que por contusões, ficou meses afastado. Não é, porém, uma pirraça de Kfouri, mas um interesse que fica demonstrado por sua disposição em um terceiro artigo, publicado ainda no dia 9.
Já no artigo assinado pelo misterioso professor universitário, ele parte para a pancadaria aberta, tratando o craque brasileiro como um moleque: “minha hipótese é que a experiência que Neymar adquiriu ao longo dos anos foi de imaturidade”. “O experiente-imaturo jogador”, continua o professor na coluna de Kfouri, “dado seu histórico recente, não teria capacidade de se reinventar”, diz, acrescentando ainda que o principal craque do futebol brasileiro “teria que assumir-se Ganso, ser com o outro, encontrar-se com o outro, humanizar-se”.
Se mesmo voltando de uma contusão que o deixou uma longa temporada afastado e ainda sem ritmo de jogo por isso o craque santista sofreu cinco das treze faltas cometidas pelo Novorizontino, isso não vem ao caso. A psicologia de boteco do professor de Economia simplesmente atropela o fato de o maior jogador do futebol brasileiro ter sido o mais caçado em campo, assim como o fato de o escrete santista ainda demandar muitos ajustes. Até agora, só Guilherme tem tido boas atuações com a camisa do alvinegro praiano, caindo pela ponta esquerda. Mas mesmo o atacante não estava em uma tarde muito inspirada em Novo Horizonte.
Indiferente ao fato óbvio de que em um esporte de alto rendimento, como o futebol, não se volta a forma física depois de dois ou três jogos, o professor vai além em sua campanha e já defende que Neymar fique fora da Seleção: “Neymar ainda pode ser o elo que falta ao meio de campo da Seleção Brasileira, mas, de novo, teria que demonstrar que pode se reinventar”. “O lugar de Neymar ainda não é a Seleção nesse momento, seria precipitado e até temerário convocá-lo por convocar”, diz. Ora, só um louco ou alguém muito interessado em ver o futebol brasileiro derrotado proporia algo assim.
O mais completo jogador do futebol mundial precisa exatamente do que o misterioso professor da UNICAMP propõe que seja negado ao craque, que é recuperar a forma física para conseguir executar seus dribles e jogadas e, com isso, fazer o que o povo brasileiro que tanto o venera espera: que se divirta jogando bola e traga mais glórias à Seleção. A proposta do acadêmico publicada na coluna de Kfouri evidencia, porém, que o imperialismo não quer ver Neymar recuperando a forma, e colocou alguns de seus capachos para criar uma campanha contra isso, com o único objetivo de defenestrar o maior craque do mundo, valendo-se de tudo para isso. Até de psicólogos de boteco.