Figurando entre os momentos mais aguardados de qualquer eleição majoritária, os debates entre candidatos são uma oportunidade para que o público possa conhecer melhor os postulantes ao cargo em disputa. Mas, também são úteis para que cada candidato possa calibrar seu discurso e, claro, explorar pontos fracos dos adversários. Os primeiros embates deste tipo das eleições municipais 2024 já têm dia e hora marcados.
Na próxima quinta-feira (8), a TV Bandeirantes realiza debates com candidatos às prefeituras de 19 cidades. De acordo com a empresa — que tradicionalmente abre o calendário deste tipo de programação — até setembro, mais de 50 municípios brasileiros terão debates de primeiro turno transmitidos pelos canais da rede. Nas capitais onde houver segundo turno, eles deverão ocorrer entre os dias 11 e 14 de outubro.
Um dos mais aguardados, pelo peso que tem em âmbito nacional e para o pleito de 2026, é o de São Paulo, marcado para quinta às 22h30.
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Outros veículos de comunicação também já agendaram seus debates do primeiro turno da disputa paulistana. A TV Cultura fará o seu em 15 de setembro. Dois dias depois, 17, às 9h30, acontece o da Rede TV! e UOL.
No dia 30 de setembro, às 10h, é a vez do encontro realizado pelo UOL e pela Folha. Já a Globo fará o seu no dia 3 de outubro, às vésperas do primeiro turno, que ocorre no dia 6.
Primeiro encontro
Em geral, as expectativas com o primeiro e com o último debate são grandes, sobretudo em cenários tão disputados como o paulistano.
Uma das mais recentes pesquisas, feita pela Quaest no final de julho, aponta que três postulantes à prefeitura paulistana estão tecnicamente empatados: o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aparece com 20%, enquanto o deputado Guilherme Boulos (PSol) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB) marcam 19% cada. Na sequência aparecem o coach Pablo Marçal (PRTB), com 12% e a deputada Tábata Amaral (PSB), com 5%. Estes serão os cinco candidatos a participar do encontro da Band.
O confronto mais duro desse primeiro debate tende a ser entre Nunes e Boulos, que ocupam posições completamente opostas no espectro político-ideológico, sendo o primeiro apadrinhado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o segundo, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os dois nacionalizam ainda mais a disputa da metrópole, reproduzindo o duelo entre extrema direita e esquerda que tem marcado os últimos pleitos e a própria sociedade brasileira.
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No entanto, pesquisa recente mostrou que Boulos tende a ganhar mais com Lula do que Nunes com Bolsonaro, especialmente num segundo turno entre os dois. Sondagem feita pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp) apontou que o candidato do PSol, que teria 36% das intenções de voto no segundo turno, passa a ter 46% quando é apresentado como o candidato de Lula. Já o do MDB, que teria 43%, vai para 38% quando é dito que ele é o nome defendido pelo ex-presidente para a prefeitura.
Mas, como atual prefeito e considerando os diversos problemas de sua gestão, Nunes também será alvo dos demais candidatos. Nesse sentido, também contam contra o atual prefeito, entre outros pontos negativos, informações tornadas públicas recentemente sobre investigações da Polícia Federal a respeito de desvios de recursos de creches na cidade de São Paulo, que levantam suspeitas sobre Nunes.
Da parte de Nunes, o prefeito evita certos atritos, como em relação ao coach do PTRB, por entender que seu eleitorado também é de extrema direita e tende a migrar para ele no segundo turno, o que pode ocorrer também com eleitores de Datena.
Por essas e outras, Nunes tem preferido atacar Boulos. Recentemente, ele chamou o deputado do PSol de “vagabundo”, “invasor” e “sem vergonha”, fazendo ecoar o tipo de discurso agressivo que agrada o bolsonarismo.
Observador atento do cenário paulistano, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) comentou em suas redes sociais: “A eleição ainda está começando, com 56% dos eleitores ainda dispostos a mudar o voto. Nesse quesito, Boulos tem o eleitorado mais fidelizado (52%), uma conquista”.
Ele destacou, ainda que “vai começar a campanha para valer e Nunes não abriu dianteira, o que era esperado para quem detém o poder, orçamento, a maior aliança. Contra ele, ele próprio, que não é bom candidato”.