Em março, a inflação desacelerou em todas as faixas de renda, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em estudo divulgado na última quarta-feira (16). A maior redução foi sentida pelas famílias de renda muito baixa, cuja taxa caiu de 1,59% em fevereiro para 0,56%. Já entre os mais ricos, a inflação recuou de 0,9% para 0,6%.
O principal fator para o alívio nas classes menos favorecidas foi a queda expressiva nos preços da energia elétrica e do transporte público. Em fevereiro, a energia havia subido 16,8%, enquanto em março o reajuste foi de apenas 0,12%. Esse abrandamento ajudou a reduzir a pressão sobre o orçamento das famílias mais vulneráveis. No transporte, o recuo nas tarifas de ônibus urbano (-1,1%) e metrô (-1,7%) contribuiu diretamente para o resultado positivo.
No caso da população de renda alta, a principal atenuação veio do setor educacional. A estabilização dos custos escolares após os reajustes de início de ano ajudou a conter a pressão inflacionária para esse grupo.
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Menor impacto para os mais pobres
No acumulado de 12 meses, a inflação foi menor para a faixa de renda muito baixa, com alta de 5,24%, enquanto as famílias de renda alta acumularam variação de 5,61% no mesmo período. Os dados mostram uma descompressão mais intensa entre os grupos que mais sofrem com os impactos do índice.
A queda generalizada sinaliza que a política de contenção de preços de serviços essenciais, como energia e transporte, está surtindo efeito. Ao aliviar os custos fixos das famílias, especialmente daquelas com menor renda, as medidas contribuem para um ambiente de maior estabilidade e previsibilidade, favorecendo o planejamento doméstico e o consumo em outras áreas.
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Alta nos alimentos ainda é desafio
Apesar do cenário geral de alívio, o grupo “alimentação e bebidas” manteve pressão sobre o índice de preços em março, com elevações significativas em itens como tomate, ovos, café e leite. No acumulado de 12 meses, alimentos, transportes e saúde continuam figurando entre os principais vetores da inflação, especialmente em razão da alta de carnes, leite e café. Ainda assim, os dados mais recentes apontam para uma tendência de moderação nesses aumentos.
A desaceleração da inflação, mesmo diante desses focos de resistência, é um sinal positivo para a economia — sobretudo para as camadas mais vulneráveis da população. A redução da pressão inflacionária entre as famílias de renda muito baixa indica que políticas públicas voltadas à contenção de tarifas e à proteção do consumo essencial vêm produzindo efeitos concretos.
Da Redação