Inflação de 2024 fecha em 4,83% e estoura teto da meta, mostra IBGE

A inflação oficial do Brasil ficou em 4,83% em 2024. Assim, o país estourou o teto da meta da inflação no ano passado, pela oitava vez desde que o sistema de metas foi adotado, no final dos anos 1990.

É o que mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou, nesta sexta-feira 10, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

O Brasil tinha uma meta de inflação de 3% no ano passado, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (ou seja, o teto era de 4,5%). Com o dado oficial confirmado, a inflação do ano passado foi superior à acumulada em 2023, quando ficou em 4,62%.

A última vez que o país tinha estourado o teto da meta havia sido em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL), quando a inflação acumulada ficou em 5,79%. Em 2021, a inflação superou os dois dígitos, chegando a 10,06%. 

O resultado anual foi confirmado após o registro da inflação no último mês de dezembro, que acelerou a 0,52%. Em novembro, a alta tinha sido de 0,32%.

O que contribuiu para a inflação

Apesar da política de valorização real do salário mínimo adotada pelo governo federal, os brasileiros sentem os aumentos nos preços. A inflação de 2024 se explica por um conjunto de fatores, sendo que alguns foram considerados especialmente importantes.

Um deles é o aumento nos preços dos alimentos, em decorrência dos efeitos da crise climática. Só no mês passado, segundo o IBGE, o grupo Alimentação e Bebidas teve alta de 1,18%. A subida – a quarta seguida – foi potencializada pelo preço das carnes, que, no último mês de 2024, subiu 5,26%.

Outro fator é o dólar. Em 2024, foram várias as ocasiões que fizeram a moeda norte-americana avançou, superando a casa dos 6 reais. Isso estimula as exportações, mas gera problemas para o consumo interno.

O que vem para 2025

Este ano também deverá ser marcado por uma inflação mais robusta, segundo estimativas do mercado financeiro, que espera que o IPCA feche o ano em 4,99%. Nesse caso, a taxa básica de juros, a Selic, atualmente, em 12,25% ao ano, poderá chegar aos 15%.

O Banco Central terá um papel adicional ao de mediar os juros do país. O novo presidente da entidade monetária, Gabriel Galípolo, terá que escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos que fizeram o país estourar o teto da meta.

Buscando uma ferramenta para mensurar o comportamento dos preços de maneira mais rotineira, o BC vai inaugurar, este ano, a busca pela meta de inflação de forma contínua. Na prática, a entidade vai passar a considerar o seguinte: a meta será considerada descumprida quando a variação do IPCA por um período de doze meses ficar seis meses seguidos fora do intervalo tolerável.

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