Indústria: Preços caem 0,48% e registram 9ª queda seguida

Os preços praticados pela indústria brasileira caíram 0,48% em outubro frente a setembro (-0,24%), nona taxa negativa consecutiva após uma série de 12 resultados positivos em sequência, segundo o Índice de Preços ao Produtor (IPP) divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Desta forma, o índice apresentou queda de 1,82% em 12 meses e o acumulado no ano ficou em -4,33%. Em outubro de 2024, a variação mensal foi de 0,97%.

O dado reforça que, embora a redução de custos industriais possa atuar como alívio inflacionário no varejo nos próximos meses, ela também dialoga com um quadro de demanda enfraquecida e ajustes nas cadeias produtivas.

Pressão negativa vem das cadeias de maior peso econômico

A queda não está concentrada em nichos específicos; ela se espalha pela indústria. Em outubro, 11 dos 24 setores pesquisados reduziram preços — um sinal de que o movimento é estrutural, e não pontual.

A lista das maiores quedas confirma essa leitura:

  • Outros produtos químicos (-2,00%)
  • Perfumaria e limpeza (-1,89%)
  • Metalurgia (-1,80%)
  • Calçados e couro (-1,60%)

Entre essas atividades, duas se destacam por sua relevância para toda a cadeia produtiva: alimentos e químicos. Juntas, elas afetam desde o agronegócio até bens intermediários e consumo final.

Alimentos: queda com causas distintas

Pelo sexto mês seguido, os preços do setor de alimentos recuaram (-1,47%). A queda reflete elementos sazonais — como a retração no preço do açúcar VHP durante a safra —, mas também fatores estruturais:

  • Leite: maior captação, reduzindo custos da matéria-prima.
  • Carne bovina: indústria operando com menor demanda e utilizando descontos para girar estoques.

Já o setor de “outros produtos químicos” teve a queda mais intensa do IPP, reforçando o impacto de um grupo que, sozinho, representa quase 8% do índice. Quando esse segmento recua, as pressões baixistas se espalham por plásticos, fertilizantes, têxteis e produtos de limpeza.

A metalurgia, por outro lado, registrou alta de 1,80% — o segundo mês seguido de recuperação após uma longa sequência negativa ao longo de 2025. Aqui, o avanço aponta para um ajuste após meses de sobreoferta e volatilidade nos preços internacionais de metais.

O contraste entre químico e metalurgia evidencia que a indústria de base está longe de uma trajetória homogênea. Há segmentos tentando recuperar margens, enquanto outros ainda enfrentam excesso de oferta e custos cadentes.

Bens intermediários seguem liderando a desaceleração

Sob a ótica das grandes categorias econômicas, o desempenho de outubro mostra que a indústria sente o choque principalmente no meio da cadeia:

  • Bens intermediários: -0,65% (principal influência no índice: -0,35 p.p.)
  • Bens de consumo: -0,38%
    • Duráveis: 0,06%
    • Semiduráveis e não duráveis: -0,46%
  • Bens de capital: +0,19%

Ou seja, mesmo com pequenos sinais positivos em bens de capital e duráveis, o comportamento dominante é de desinflação associada ao núcleo industrial — aquele que alimenta todos os outros segmentos.

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