A indústria automobilística brasileira acelerou em abril e alcançou o melhor desempenho para o mês em seis anos. Foram 228,2 mil veículos produzidos, uma alta de 2,8% em relação ao mesmo período de 2024 e um salto expressivo de 20,1% frente a março. No acumulado do primeiro quadrimestre, saíram das linhas de montagem 811,2 mil unidades — avanço de 6,7% sobre o mesmo período do ano passado. O setor mantém fôlego e projeta manter a rota de crescimento ao longo de 2025.
Além da produção em alta, os embarques ao exterior contribuíram para o resultado positivo. As exportações cresceram 47,8% no acumulado do ano, puxadas por uma forte retomada da demanda argentina, que sozinha respondeu por 60% dos carros enviados a outros países. Em abril, 46,3 mil veículos foram exportados — um crescimento de 69,3% sobre o mesmo mês de 2024. No total, quase 162 mil unidades já cruzaram as fronteiras desde janeiro.
As vendas no mercado interno também subiram na comparação mês a mês: em abril, foram emplacados 208,7 mil veículos, 6,7% acima de março. No ano, o setor acumula 760,4 mil carros vendidos — alta de 3,4% frente ao mesmo período de 2024. Os dados indicam estabilidade e confiança.
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Selic alta é entrave
A indústria acompanha com cautela o movimento da taxa Selic, que chegou a 14,75% ao ano, seu maior patamar em quase duas décadas. O presidente da Anfavea, Igor Calvet, reconhece que os juros altos podem restringir o crédito e travar parte das vendas, sobretudo no segundo semestre. “É um impacto bastante grande que precisamos observar ao longo dos próximos meses, quando essa medida terá efeitos práticos. A subida para 14,75% é um cenário muito diferente daquele que todos tínhamos no final do ano passado e no início desse ano”, afirmou.
Ainda assim, a entidade mantém, por ora, sua projeção de crescimento de 6,3% para 2025 — acima dos 3,4% verificados até abril. “Se tivermos uma expectativa futura de mais juros, a restrição de crédito vai acontecer, e acontecendo a restrição de crédito teremos um grande problema aí de fluxo de emplacamentos ao longo do segundo semestre”, alertou Calvet. Em abril, 28,5% dos veículos vendidos foram financiados por bancos, uma ligeira redução em comparação aos 29,3% registrados em março, sinal dos primeiros impactos do aperto monetário promovido pelo Banco Central.
A indústria, portanto, avança com prudência, mas sustentada por fundamentos sólidos. A retomada das exportações, o aumento da produção e a manutenção das vendas internas em patamares consistentes permitem manter o otimismo. Em um cenário marcado por volatilidade global e incertezas políticas, o desempenho das montadoras brasileiras reafirma a resiliência e a relevância estratégica do setor automotivo.
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Da Redação