Lideranças dos índios de Nhamundá, no Amazonas, denunciaram a situação precária da saúde oferecida à comunidade pela Casa de Saúde Indígena (Casai) no interior do estado. Em um documento enviado aos ministérios da Saúde e dos Povos Indígenas, bem como a representantes de associações de índios, os índios relataram a falta de infraestrutura e o descaso com o transporte de pacientes. Eles enfatizam que “a situação descrita é inadmissível e fere os direitos dos índios a uma saúde digna e eficiente”.
O relatório aponta que a Casai Nhamundá possui dois veículos oficiais, um “S10” e outro “L200”, ambos parados. Essa situação impossibilita o transporte de pacientes para hospitais e postos de saúde. O documento, endereçado ao ministro da Saúde Alexandre Padilha, à ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara e ao secretário de Saúde Ricardo Nascimento, destaca que os custos de transporte são arcados pelos próprios moradores. “A Casai Nhamundá possui dois veículos oficiais S10 e outro L200, que se encontram parados, impossibilitando o transporte de pacientes para hospitais e postos de saúde. Pacientes, incluindo crianças, são obrigados a se deslocar em mototáxi, sob condições precárias e expostos ao sol intenso, arcando com os custos do transporte”, relatou o documento.
As lideranças dos índios também informaram que pacientes estão se deslocando à Casa de Apoio por conta própria. Servidores da instituição no município chegaram a utilizar veículos particulares para atender demandas da Casai, gerando transtornos quando os proprietários necessitaram dos carros para uso pessoal. “Pacientes recebem de alta, retornam de embarcação fluvial por conta própria para sua aldeia de origem. A enfermeira responsável da Casai Nhamundá, utilizou veículo particular emprestado, para atender demandas da Casai, o que gerou transtornos quando o proprietário necessitou do carro para uso pessoal. Outro caso é do motorista da Casai que também precisou disponibilizar seu carro particular para suprir a falta de transporte oficial”, diz outro trecho do documento.
As irregularidades foram constatadas durante uma visita realizada em 5 de junho deste ano por representantes de associações e pelo cacique da aldeia Francisco Wanawa. No documento, os índios solicitam a imediata regularização do serviço de transporte da Casai Nhamundá, com a disponibilização dos veículos oficiais e passagens de transporte fluvial ou a contratação de alternativas emergenciais.
Eles também pedem maior transparência e comunicação entre os responsáveis técnicos, a coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Parintins e as lideranças dos índios, para evitar a repetição dos problemas. A demanda por medicamentos e materiais de higiene para o local também é enfatizada.
Os representantes pedem ainda que índios assumam a coordenação de estruturas de saúde, como o Dsei em Parintins, que hoje está sob o comando de Sateré Mawé Messias Pereira Batista Júnior. As lideranças relatam que a saúde dos índios na região do Baixo Amazonas enfrenta sérios problemas, incluindo a possível não renovação de contratos de fornecedores de veículos.