A direita e a esquerda pequeno-burguesa brasileira estão de mãos dadas criticando as eleições venezuelanas desde o início do processo eleitoral. No entanto, se esquecem do que ocorre no Brasil e que está afetando o Partido da Causa Operária, os índios no Mato Grosso do Sul e muitos outros militantes da luta pela terra em todos os cantos do Brasil.
Devido ao trabalho realizado pelo PCO com os índios no Mato Grosso do Sul, reforçando que são índios da base que não estão ligados a organizações não-governamentais, estão dentro das retomadas e realizando a chamada autodemarcação, serão lançados candidatos em diversas cidades no estado que mais mata e realiza violência contra os índios.
Uma delas é as candidaturas indígenas a prefeito e vereadores da cidade de Douradina, palco de violentos ataques dos latifundiários contra as retomadas Guarani-Caiouá e que tomou uma repercussão nacional.
Os candidatos estão com extrema dificuldade para obter documentos, passar pela burocracia exigida pela justiça eleitoral e realizar o registro de suas candidaturas para concorrerem aos cargos e realizar sua campanha baseada na luta pela terra.
Além da enorme burocracia de documentos, assinaturas e outras completamente desnecessárias, os índios estão com dificuldade para se deslocar para os cartórios eleitorais, pedir documentação escolar e outras, porque estão sendo ameaçados pelos latifundiários, pistoleiros e policiais que rondam as aldeias e retomadas, e perseguem nas ruas da cidade.
A situação dos Guarani-Caiouá candidatos pelo PCO em Douradina é extremamente difícil e a inscrição da chapa para as eleições municipais é de extrema dificuldade.
Outra situação é dos candidatos em Dourados, região próxima a Douradina. Lá a situação ainda é mais grave porque o estado do Mato Grosso do Sul mandou prender uma das candidatas a vereadora pelo PCO, a índia Guarani-Caiouá Silvia Benites. Silvia é uma militante da luta pela demarcação das terras Guarani-Caiouá, importante liderança na região e vem sofrendo perseguição, intimidação e agora foi presa, colocada em liberdade condicional e está andando com uma tornozeleira eletrônica devido a acusações de pistoleiros e latifundiários da região. Tudo isso com apoio de parlamentares e a direita tucana no município e estado do Mato Grosso do Sul.
As prisões são claramente uma intimidação para que as candidaturas indígenas de luta sejam cassadas ou que os índios desistam de sair candidatos, visto que a documentação estava toda entregue.
Essa pequena amostra revela como são antidemocráticas as eleições brasileiras em todos os rincões desse país. A esquerda brasileira, que defende com unhas e dentes as urnas eletrônicas e todo o processo eleitoral brasileiro com uma infantilidade digna de pena, deveria parar de criticar o processo eleitoral venezuelano e, assim como fez Nicolas Maduro, denunciar o processo eleitoral brasileiro. Processo eleitoral que não tem nada de democrático e não permite que pessoas pobres, sem recursos e que são militantes ou ativistas não conseguem representar seus setores de luta e intervenção.