A embaixadora nomeada pelo governo de Donald Trump para a Organização das Nações Unidas (ONU), Elise Stefanik, gerou polêmica ao se recusar a declarar se acredita que os palestinos têm direito a um estado. Durante sua sabatina no Senado estadunidense, Stefanik defendeu que Israel tem “direito bíblico” sobre a região da Cisjordânia, aprofundando tensões sobre o conflito no Oriente Médio.
O debate ocorre em meio a uma escalada de violência na Cisjordânia, onde uma operação militar de grande escala de Israel já resultou em dez mortes e no deslocamento de 2 mil palestinos. A ofensiva coincide com a suspensão, por Trump, de sanções contra colonos israelenses de extrema-direita impostas por Joe Biden.
Questionada por senadores sobre a autodeterminação palestina, um princípio consagrado pelo direito internacional, Stefanik evitou responder diretamente. Ao ser pressionada pelo senador democrata Chris Van Hollen, declarou: “Defendo os direitos humanos para todos, mas Hamas e Hezbollah destruíram os direitos dos palestinos. Israel está defendendo os direitos humanos”.
Segundo Jamil Chade, do Uol, quando a embaixadora foi confrontada sobre sua visão de que Israel teria “direitos bíblicos” sobre a Cisjordânia, um território ocupado onde está localizada a sede do governo palestino em Ramallah, Stefanik confirmou sua concordância. “Sim”, afirmou.
A postura da diplomata reflete um alinhamento com a ala mais radical do governo de Benjamin Netanyahu, gerando críticas de diplomatas e organizações internacionais. Representantes na ONU alertam que a abordagem de Trump pode dificultar qualquer avanço em negociações de paz.
Governos que apoiam a causa palestina preparam uma cúpula em Nova York para junho, buscando traçar um plano para o reconhecimento completo do Estado palestino.
Para especialistas, o posicionamento dos EUA sob a gestão de Trump compromete o consenso internacional sobre uma solução de dois estados, vista como essencial para a paz na região.
A retórica de Stefanik e a política de Trump ecoam declarações anteriores de aliados, como Mike Huckabee, embaixador estadunidense em Israel durante seu primeiro mandato. Em 2017, ele afirmou que a Cisjordânia “não existe” e que ‘não há palestinos”, alimentando a narrativa de negação das reivindicações históricas palestinas.
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