Diz o ditado que quem paga a banda escolhe a música. As ONGs (Organização Não Governamental) que atuam no Brasil financiadas por fundações, entidades “independentes”, de promoção dos direitos humanos, combate à corrupção, igualdade de gênero, democracia, proteção ambiental, todos os dias confirmam a verdade do ditado.
A jovem considerada liderança indígena e da luta pela proteção ambiental e contra o desmatamento da Amazônia, Txai Suruí, é colunista do jornal Folha de S. Paulo, apresentada como Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé.
No dia 21 de março publicou artigo intitulado “Organizações não governamentais são alvo de negacionismo climático”, onde sai em ardente defesa dos seus financiadores da WWF, da criminosa e golpista Usaid entre outros.
O pretexto da defesa encarniçada dos falsificadores da luta pela proteção ao meio ambiente é o combate ao negacionismo fascistoide que tomou conta dos EUA e condenou o Greenpeace a pagar US$ 660 milhões (aproximadamente R$ 3,7 bilhões) de indenização a empresa de combustíveis fósseis Energy Transfer, “acusados de terem organizado os protestos que eclodiram, entre 2016 e 2017, contra a construção do oleoduto Dakota Access Pipeline”, diz Txai Suruí. Ela explica que os protestos envolviam a nação indígena Sioux que seria afetada pela obra. E alega que a acusação contra o Greenpeace por parte da empresa é racista, “como se os povos indígenas não tivessem capacidade de se auto-organizarem e liderarem ações contra as violações de seus direitos. É uma estratégia que visa criminalizar, silenciar e acabar com as entidades ambientalistas”.
É aqui que ela chega no que interessa, não a defesa da população indígena, brasileira ou dos EUA, massacrada, expulsa de sua terra, assassinada, deslocada, a defesa dos chamados povos originários e seus direitos. Mas a defesa das entidades que o imperialismo espalhou por todo o mundo para, supostamente, atuar em nome dos oprimidos, mas que na verdade é a intervenção imperialista sob alegada defesa da democracia e dos direitos humanos; para impedir a independência, soberania e desenvolvimento nacional, promover golpes, ideologias que representam os seus próprios interesses econômicos e de dominação. Entre elas o próprio Greenpeace, WWF, Usaid, esta última que nas palavras da “jovem liderança” seria “umas das mais importantes agências humanitárias do mundo, que financiava o desenvolvimento internacional — inúmeras organizações de base foram afetadas”.
Pelo visto tem muita “banda” com medo de perder os recursos que os constituíram como líderes, ou melhor, marionetes dos interesses do imperialismo, de rosto pintado e cocar. Que se apresentam como representantes dos povos da floresta devastada ou dos indígenas sem-terra, mas nada falam dos verdadeiros problemas que afetam essa população. Já que não se viu a mesma indignação nas páginas da grande imprensa, com artigo assinado, nem sequer manifestação em suas redes sociais, diante da guerra, assassinato e prisões dos Pataxó nas últimas semanas (só para citar um caso).
As ONGs defendidas por Txai Suruí contribuem para a perpetuação dessa miséria, e ela própria também o faz, vendendo a ilusão da representatividade, o discurso do negacionismo climático como grande problema a ser enfrentado enquanto seus parentes são massacrados todos os dias sem acesso sequer às páginas dos jornais capitalistas para denunciar a sua situação.