A imprensa internacional repercutiu a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (4)  

Os principais veículos de comunicação do mundo destacaram não apenas a gravidade das acusações contra Bolsonaro, mas também seu papel central na extrema direita global, seu vínculo político com Donald Trump e o risco de interferência estrangeira no Judiciário brasileiro.

O jornal britânico The Guardian classificou Bolsonaro como “ex-presidente de extrema direita” e destacou que ele foi preso por descumprir restrições judiciais em meio ao processo por tentativa de golpe. 

Segundo o jornal, ele usou contas de aliados para publicar mensagens com “claro incentivo e incitação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio aberto à intervenção estrangeira no Judiciário brasileiro”.

O periódico também relatou que Moraes viu nas ações de Bolsonaro um esforço deliberado para “gerar pressão social sobre autoridades brasileiras, em flagrante violação da soberania nacional”.

O norte-americano Washington Post informou que Bolsonaro está em julgamento por “supostamente planejar um golpe para permanecer no cargo, apesar da derrota nas eleições de 2022”, e destacou que o caso mobiliza o país em plena guerra comercial com o governo Trump. 

A reportagem apontou que a ordem de prisão foi emitida após Bolsonaro participar remotamente de uma manifestação, violando a proibição de usar redes sociais.

A revista alemã Der Spiegel afirmou que Bolsonaro, já obrigado a usar tornozeleira eletrônica e a respeitar toque de recolher, infringiu novas ordens ao “influenciar deliberadamente o debate político no país por meio de redes sociais”, com o auxílio de seus três filhos parlamentares. 

Segundo o veículo, Moraes justificou a prisão afirmando que Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro estão “sob suspeita de incitar atos hostis contra o Brasil”.

O também norte-americano New York Times descreveu a medida como parte de uma escalada institucional, afirmando que “as novas medidas ameaçam agravar a maior crise diplomática em décadas entre os Estados Unidos e o Brasil”. 

O jornal também registrou que Bolsonaro está “prestes a enfrentar julgamento por acusações de que orquestrou uma ampla conspiração para dar um golpe e permanecer no poder após perder por margem apertada as eleições de 2022”.

A agência Reuters ressaltou que, “em contraste com o emaranhado de processos criminais que, em sua maioria, estagnaram contra Trump, os tribunais e investigadores brasileiros agiram rapidamente contra Bolsonaro, ameaçando encerrar sua carreira política e fraturar seu movimento de direita”. 

A agência também registrou a fala de Moraes de que o ex-presidente tentou burlar as medidas ao “preparar material pré-fabricado para ser divulgado nas manifestações e redes sociais”.

Na França, o jornal Libération publicou que a prisão de Bolsonaro acentuou a crise institucional no país e o descreveu como “líder da ultradireita brasileira”, investigado por tentativa de golpe e envolvimento em trama com seus filhos para pressionar a Justiça. 

A rede France24, por sua vez, destacou a acusação de Moraes de que Bolsonaro e seu filho Eduardo “buscam sujeitar o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao controle dos Estados Unidos”.

O jornal argentino Clarín também classificou Bolsonaro como “ultradireitista” e destacou a frase de Moraes de que o Judiciário “não permitirá que Bolsonaro trate o país como um tolo”. O portal Todo Notícias chamou atenção para a imposição de prisão domiciliar com restrição de visitas, incluindo a apreensão dos celulares da residência do ex-presidente em Brasília.

A emissora estatal venezuelana TeleSUR informou que Bolsonaro violou as medidas ao “usar as contas de seus aliados — incluindo seus três filhos parlamentares — para publicar mensagens que encorajavam ataques ao tribunal e apoiavam intervenção estrangeira no Judiciário brasileiro”.

A rede Al Jazeera, do Catar, noticiou com destaque que Bolsonaro é acusado de tentar anular as eleições de 2022, vencidas por Lula, e que a ordem de prisão partiu após violação das condições impostas pelo Supremo. A cobertura frisou que Bolsonaro continua a se colocar como figura de oposição mesmo diante de restrições judiciais.

Durante os atos do domingo (4), organizados por aliados em várias cidades do país, Bolsonaro participou remotamente de uma manifestação em Copacabana. No evento, o senador Flávio Bolsonaro colocou o pai no viva-voz para dizer: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”. 

O vídeo foi publicado e depois apagado das redes sociais. Na decisão, Moraes afirmou que a tentativa de ocultar o vídeo “escancara o desprezo pelas medidas preventivas”.

Enquanto setores internacionais denunciam as violações institucionais cometidas por Bolsonaro, cresce o reconhecimento da resposta firme da Justiça brasileira diante da tentativa de golpe e da pressão estrangeira. O episódio evidencia o isolamento político do ex-presidente no cenário global, agora envolvido em denúncias de conspiração, desobediência judicial e apelos por interferência externa contra a soberania nacional.

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Last Update: 05/08/2025