O jornal golpista brasileiro Folha de S. Paulo traduziu uma matéria de um dos principais órgãos de imprensa do imperialismo britânico, o Financial Times, que, no artigo intitulado Plano de Trump e Musk de fechar a Usaid ameaça mídia que contesta regimes autoritários e publicado no último dia 10, deixa claro que a famigerada USAID é um instrumento da intervenção imperialista contra nações soberanas, o que já é indicado pelo título autoexplicativo. Diz a matéria:

“Por anos, líderes autoritários como Vladimir Putin e Viktor Orbán têm tentado reprimir os veículos de imprensa independentes de seus países —muitos apoiados por bolsas da Usaid— por meio de leis draconianas de mídia e casos criminais.”

Ora, como tais veículos de imprensa podem ser independentes recebendo financiamento direto de um governo estrangeiro? O artigo não se dedica a responder essa contradição em termos que finalmente, demonstra o quão criminosa é a USAID e quão positivo para a humanidade é a decisão do governo Trump de encerrá-la. A mobilização mal planejada para colocar a opinião pública contra o mandatário norte-americano e ao lado da agência golpista, porém, termina ainda mais comprometedora:

“‘Há tanta ironia nisso’, disse Derk Sauer, fundador do Moscow Times, um dos poucos veículos de notícias independentes da Rússia que não recebem financiamento da Usaid. ‘Putin tem tentado matar a mídia independente há Deus sabe quantos anos. Ironicamente, o país que tem essa liberdade de expressão está prestes a dar o golpe final.’”

A declaração de Derk Sauer, fundador do Moscow Times publicada por Financial Times não passa de uma confissão de culpa travestida de indignação. Quando Sauer acusa Putin de tentar “matar a mídia independente”, ele não está falando de uma imprensa livre no sentido genuíno da palavra, mas de órgãos de comunicação subordinados ao imperialismo, que funcionam como meros braços da propaganda ocidental dentro da Rússia.

A alegação de que o Moscow Times não recebe dinheiro da USAID não nega sua natureza de veículo a serviço dos interesses estrangeiros, pois, se não é a USAID que o financia, são outras entidades do mesmo circuito. A imprensa que ataca o governo russo de dentro do próprio território não o faz de graça, e, diante disso, tanto Sauer quanto o Financial Times tentam encobrir o óbvio: a tal “imprensa independente” serve à política de guerra movida pelo imperialismo contra países atrasados como a Rússia.

Ainda, o episódio confirma o que até então vinha sendo tratado como uma “teoria da conspiração”: não há uma oposição relevante a Putin na Rússia. Se houvesse um setor minimamente organizado e expressivo o bastante para sustentar uma imprensa contrária ao governo, órgãos como o Moscow Times não precisariam contar com dinheiro estrangeiro ou com a proteção da propaganda imperialista.

A verdade é que a oposição russa a Putin é um apêndice do imperialismo, operando de forma criminosa contra a soberania do país. Da mesma forma acontece no resto do mundo onde a USAID atua, como indica outro trecho da matéria:

“Jeanne Cavelier, chefe da seção de Europa Oriental e Ásia Central da RSF, alertou que o congelamento seria catastrófico para muitos veículos de mídia independentes da antiga esfera soviética, incluindo a Ucrânia, onde a maioria dos veículos depende de bolsas dos EUA (grifo nosso).”

A tentativa de enganar a população com relação ao papel da agência golpista prossegue em outro artigo, uma tradução feita pelo jornal brasileiro Estado de S. Paulo de matéria do norte-americano The New York Times intitulada Como o fechamento da Usaid por Trump abala a África e pode desestabilizar o mundo, que diz:

“Por décadas, a África subsaariana foi o foco principal da ajuda externa americana. O continente recebia mais de US$ 8 bilhões por ano, dinheiro que era usado para alimentar crianças famintas, fornecer medicamentos que salvavam vidas e prestar assistência humanitária em tempos de guerra.”

“Décadas” de “ajuda externa americana” não resolveram sequer superficialmente os problemas sociais africanos. A expropriação brutal do continente pelos EUA e a União Europeia, por outro lado, se radicalizou a ponto de desencadear uma série de revoluções na África. Em meados de 2023, o levante das nações do Sael (região central do continente), colocaram luzes sobre a pirataria do imperialismo nos países rebeldes.

Ainda em um esforço de enganar a população, a matéria publicada no Estadão continua, com uma humanidade incompatível com a linha editorial do jornal golpista:

“Os especialistas dizem que o desmantelamento abrupto da agência custará muitas vidas ao criar grandes lacunas nos serviços públicos, especialmente na área da saúde, onde a Usaid investiu grande parte de seus recursos.

(…)

O pior de tudo, muitos disseram, foram os ataques frontais feitos por Musk e pela Casa Branca retratando a agência como uma agência criminosa e descontrolada dirigida por funcionários gastadores que buscam seus próprios interesses. Tais ataques eram falsos e profundamente prejudiciais para os americanos que buscavam aliviar o sofrimento humano ao redor do mundo, afirmaram.”

É uma pérola do cinismo, especialmente quando o mundo inteiro tem fresco na memória o genocídio na Faixa de Gaza, abertamente apoiado e financiado pelo governo dos EUA, que mostram como o imperialismo está preocupado em “aliviar o sofrimento humano no mundo. O fato de a mesma máquina de propaganda que apoiou o martírio em escala industrial de mulheres e crianças palestinas se mobilizar agora, com tanta ferocidade, para convencer o mundo de que Trump está fazendo algo horroroso, finalmente, é praticamente uma prova de que a política do republicano é a mais humanitária já tomada pela Casa Branca (sede do governo norte-americano) em muitas décadas.

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Last Update: 11/02/2025