Recentemente, o jornal britânico The Economist, um dos porta-vozes da burguesia imperialista, publicou matéria noticiando o crescente armamento da Alemanha.

Foi informado que, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a Bundeswehr (as Forças Armadas da Alemanha) inaugurou sua primeira força militar permanente fora do país. Trata-se da 45ª Brigada Panzer, uma unidade classificada como uma brigada mecanizada pesada e será equipada com tanques de batalha principais e veículos de combate de infantaria.

Sua inauguração se deu na Lituânia, em 1º de abril de 2025, e planeja-se que ela terá 5.000 efetivos até 2027. Em discurso em Vilnius (capital do país báltico), Friedrich Merz, chanceler da Alemanha, declarou que “a segurança da Lituânia também é a nossa segurança“.

A decisão de estacionar permanentemente tropas alemãs na Lituânia foi feita em acordo com este país, e “foi tomada em 2023 como parte da Zeitenwende , ou “ponto de virada”, na política de segurança instigada por Olaf Scholz, o então chanceler”, algo que se deu em razão da Operação Militar Especial russa, conforme apontado por The Economist.

O jornal informa ainda que, desde o início da citada política de “segurança”, o imperialismo alemão já gastou €100 bilhões (US$114 bilhões) em suas forças armadas, fazendo-o da República Federal da Alemanha o país com o quarto maior orçamento militar do mundo.

Expondo que o imperialismo alemão pretende se militarizar ainda mais, The Economist informa que o rearmamento está pronto para se tornar sua missão principal. O chanceler alemão, diz que pretende fazer da Bundeswehr o “exército convencional mais forte da Europa“, acrescentando que a “Alemanha assinará uma nova meta de longo prazo de gastos com defesa da OTAN de 3,5% do PIB , mais 1,5% para infraestrutura relacionada, em uma cúpula neste mês — um total que se traduziria em € 215 bilhões por ano no nível de produção atual”, segundo informado pelo chanceler alemão.

Além disto, o chefe do exército alemão, general Alfons Mais, incentiva a indústria de defesa alemã a se concentrar na produção em massa, declarando que “o tempo é essencial”. Esta declaração, somada a do general Carsten Breuer, chefe das Forças Armadas, de que “ainda há muito a ser feito”, e “prioridades devem ser colocadas no reforço da defesa aérea, no reabastecimento de estoques de munição e na construção de capacidades de ataque de precisão de longo alcance”, são outros demonstrativos de que o imperialismo alemão se prepara para a guerra.

Conforme informado pelo The Economist, citando Breuer, o objetivo é reforçar o papel da Alemanha como “espinha dorsal crítica” da OTAN”.

Desde o início da Operação Militar Especial, através da qual a Rússia agiu defensivamente contra a agressão imperialista a partir da Ucrânia, o imperialismo vem demonstrando cada vez maior agressividade contra a Federação Russa. No caso do imperialismo alemão, a criação de uma força militar alemã permanente na Lituânia lhe dá uma posição para atacar a Rússia através da Bielorrúsia, o mesmo diretamente, através dos outros países bálticos (Letônia e Estônia).

Polônia quer dobrar efetivo e desenvolver armas nucleares

Além do armamento da Alemanha, os crescentes gastos militares da Polônia também devem ser destacados. Conforme noticiado em março pelo portal de notícias Politico, a Polônia é agora o país que mais gasta em defesa na OTAN, com 4,7% do PIB, tendo o  maior exército da UE e está gastando bilhões de euros em jatos, foguetes, tanques, artilharia e muito mais.

Em declaração à época perante do parlamento polonês, Donald Tusk, primeiro-ministro, declarou que “até o final do ano, queremos ter um modelo pronto para que todos os homens adultos na Polônia sejam treinados para a guerra e para que essa reserva seja adequada para possíveis ameaças“, acrescentando as mulheres também poderão fazer parte.

O objetivo da militarização da Polônia foi declarado a Politico pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Polonesas, General Wiesław Kukuła: “somos vizinhos da Federação Russa e de sua aliada Bielorrússia, então não temos uma barreira entre nós e eles, e temos apenas um tempo limitado para nos preparar e responder”. O plano inicial é treinar 100 mil pessoas até o final de 2026, disse Kuluka, bem como “preparar a sociedade para os efeitos de uma crise, mesmo que nem todos passem por treinamento militar

Reforçando a propaganda de guerra imperialista contra a Rússia, o ex-vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Polonesas, General Leon Komornicki, declarou que  “[os] russos estão construindo um enorme exército na retaguarda. Se a paz não for alcançada e a divisão dentro da OTAN continuar, a Rússia atacará os Estados Bálticos. Isso pode acontecer no final deste ano ou no início do próximo. Uma invasão faz parte do plano deles”, uma calúnia que pinta a Federação Russa, país oprimido pelo imperialismo, como agressor.

Comentando sob o objetivo anunciado pelo atual chefe das forças polonesas, de treinar 100 mil até o final de 2026, Komornicki afirmou: “treinar 100 mil pessoas por ano? Muito pouco. Deveríamos trazer de volta o alistamento militar obrigatório“.

Na mesma época destas declarações, Donald Tusk, o já citado primeiro-ministro da Polônia, declarou também que o país “a Polônia deve alcançar as capacidades mais modernas, mesmo em armas nucleares e armas não convencionais modernas”. Enquanto os Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra estão dispostos a uma guerra aberta contra o Irã, participando do recente ataque criminoso de “Israel” contra o país persa”, deixando o caminho aberto à Polônia, pois o país do leste é uma ponta de lança do imperialismo contra a Rússia.

Tusk pretende que o efetivo das forças poloneses seja de 500 mil até o final de 2025, declarando que “até o final do ano, queremos ter um modelo pronto para que todos os homens adultos na Polônia sejam treinados para a guerra e que essa reserva seja adequada para possíveis ameaças“.

Atualmente as Forças Armadas da Polônia possuem um efetivo de aproximadamente 200 mil homens, sendo o terceiro maior poder militar dentro da OTAN, atrás apenas dos Estados Unidos e da Turquia.

Reino Unido: arquiteto dos ataques ucrânianos contra a marinha russa

Paralelamente a isto, documentos vazados mostram que o Reino Unido é o arquiteto por trás dos ataques militares ucranianos contra da Frota do Mar Negro, da Forças Armadas da Federação Russa.

Conforme noticiado pelo portal The Grayzone, cuja equipe analisou os documentos, “figuras militares e de inteligência britânicas de alto escalão elaboraram planos detalhados para ‘maximizar o desgaste da Frota do Mar Negro [de Moscou]’, conspiraram para explodir a Ponte de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia continental, com bombas de fertilizantes, e até mesmo elaboraram projetos para uma série de submersíveis que permitiriam a mergulhadores ucranianos plantar minas em navios e infraestrutura russos”.

Além disto, a inteligência britânica planejou criar um bordel na Crimeia, secretamente sob administração dos britânicos, para que agentes ucranianas recolhessem informações de marinheiros russos. The Grayzone informa que tais planos foram feitos no âmbito de uma célula secreta de planejamento militar britânico, chamada Projeto Alquimia, cujo diretor é Dominic Morris, quem “já esteve integrado às forças especiais britânicas no Afeganistão enquanto servia como ‘oficial político’ da embaixada do Reino Unido”.

O portal informa ainda que a ação ucraniana em abril de 2022, que afundou o navio russo Moskva no Mar Negro, foi arquitetado pelos britânicos. Conforme apontado por The Grayzone, “o ataque aparentemente convenceu a Casa Branca e o Pentágono a redobrar seu apoio militar a Quieve — e, como mostram os documentos, teve o mesmo efeito do outro lado do oceano”.

Agente da inteligência britânica, Morris chegou a avaliar que “o naufrágio de Moskva” significava que Quieve deveria se concentrar predominantemente em operações “marítimas” e que se “poderia derrotar toda a Frota Russa do Mar Negro” com “opções abaixo do limiar“.

Tais avaliações foram enviadas por Morris a outra agente do Projeto Alquimia, através de memorando. Em outras avaliações, feitas logo após o Moskva ter sido afundado, o agente britânico afirmou que “a situação atual na Ucrânia oferece ao Ocidente uma oportunidade ideal para degradar a capacidade militar russa, destruindo o máximo de equipamento russo possível“, destacando a importância de infligir altas baixas com ataques contra a marinha russa no mar negro, com o objetivo de desgastar o governo russo:  “muitos soldados mortos retornando ao continente terão um grande impacto na opinião pública“.

Em demonstração que os britânicos também estão por trás dos atentados terroristas perpetrados pela Ucrânia, os documentos detalham planos para explodir a Ponte da Crimeia, operação que precederia uma invasão à Crimeia e a Sevastopol. Embora essa operação nunca chegou a ser realizada, inúmeros ataques com VANTs (drones) foram realizados contra a Ponte da Crimeia.

Reservas globais de ouro ultrapassam as do euro. Prelúdio da guerra mundial?

Nesta quinta-feira (12), o Banco Central Europeu (BCE) informou que o ouro ultrapassou o euro e se tornou o segundo maior ativo de reserva do mundo em valor de mercado, o que se deu em razão das compras recordes de ouro feitas por bancos centrais de vários países.

O BCE informa que, de 2023 a 2024, os bancos centrais, em geral, aumentaram suas reservas de outro em mil toneladas. Este aumento corresponde ao dobro do aumento médio constatado na década de 2010. Com isto, o preço do ouro subiu quase 30% em 2024.

Esta situação foi analisada nesta quinta-feira por Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), durante o programa Análise Internacional. O dirigente do PCO afirmou que, em que pese este aumento do ouro tenha vários motivos econômicos, existem outros:

“Tem a ver também com a guerra, pois se houver guerra as moedas vão ficar extremamente voláteis, então você precisa ter uma base real para a moeda. Eu acho que é um sintoma muito agudo de crise.”

Em novo sinal de que o imperialismo caminha em direção a uma guerra aberta contra a Rússia, o que poderia desencadear uma nova guerra mundial, a imprensa imperialista segue intensificando a propaganda de guerra contra a Rússia, alimentando a histeria de que uma agressão contra a Europa por parte da Federação estaria sendo preparado. É o caso de publicação de The Economist, com o título “Vladimir Putin atacaria a OTAN?”

Em resumo, a publicação informa sobre suposto fortalecimento militar na Rússia nas fronteiras com a Finlândia e com a Estônia, para afirmar que a Federação estaria se preparando para invadir os referidos países. Citando a inteligência dinarmaquesa, o jornal diz que “a Rússia gradualmente se tornará mais disposta a usar a força militar nos próximos anos para pressionar ou desafiar a OTAN como um todo ou países individuais da OTAN”.

Trata-se de uma inversão da realidade, pois qualquer movimentação militar russa que esteja ocorrendo na região, trata-se de uma reação defensiva à expansão da OTAN e cerco imperialista contra o gigante do leste.

De qualquer forma, a conclusão do The Economist é que, considerando a Rússia e a política de Trump de querer gastar menos com a OTAN, a Europa deve se armar ainda mais. Exatamente o que o imperialismo precisa para tentar disciplinar o gigante eslavo e dobrar o nacionalismo russo à ditadura dos monopólios.

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Last Update: 14/06/2025