Nesta terça-feira (3), um homem foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ) em uma operação supostamente voltada para desarticular o núcleo financeiro do Comando Vermelho (CV).
Conforme nota da PC-RJ, a operação teve como um de seus alvos um “indivíduo com histórico relevante no sistema financeiro informal ligado à facção, e procurado pelo FBI por suspeita de atuar como operador de valores para a Al-Qaeda, conforme dados de cooperação internacional”. A nota informa que “agentes cumprem mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo”.
Em suma, assim como ocorre com a Polícia Federal (PF), a PC-RJ realiza operações a mando do FBI, polícia federal dos Estados Unidos. Ou seja, a mando do imperialismo. Neste caso, o imperialismo deu um jeito de inventar uma ligação entre a Al-Qaeda, organização considerada terrorista pelos EUA, e o crime organizado no Brasil, especificamente o Comando Vermelho. A mesma investigação mira a esposa de MC Poze do Rodo, preso na última semana. O funkeiro está sendo acusado de “apologia do crime” e de financiamento do CV por meio de suas apresentações.
Cabe ressaltar que a operação da PC-RJ ocorre no momento em que os Estados Unidos tentam fazer com que seja aprovada no Brasil uma lei equiparando o crime organizado a terrorismo. Conforme noticiado pela Agência Brasil, em 27 de maio, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a urgência de projeto de lei (PL) que amplia o conceito de terrorismo para incluir atividades de facções e milícias criminosas organizadas.
Trata-se do PL 1.283/85, que altera a Lei Antiterrorismo (Lei nº 13.260/2016) para “ampliar as motivações do crime de terrorismo, especificar infraestruturas críticas e serviços de utilidade pública, estender a aplicação da lei a organizações criminosas e a milícias privadas que realizem atos de terrorismo, além de estabelecer majorante para ato de terror cometido por meio de recurso cibernético”, conforme consta da ementa do Projeto de Lei, disponível no portal da Câmara.
O PL altera o art. 2º da Lei Antiterrorismo, acrescentando um parágrafo terceiro, que diz que “o disposto nesta Lei se aplica às organizações criminosas e às milícias privadas que realizem um ou mais atos de terrorismo com o objetivo de retaliar políticas públicas, ou como forma de demonstrar domínio, controle social ou poder paralelo ao Estado em qualquer espaço territorial”.
Além disso, acrescenta um parágrafo quarto, que cria um aumento de pena de um terço se forem utilizados recursos cibernéticos para praticar uma das condutas caracterizadas como terrorismo. Isto é, se usar Internet, a pena será 1/3 maior.
O Projeto de Lei foi proposto pelo deputado Danilo Forte (União-CE) e, em sua justificativa, ele afirma que “nos Estados Unidos da América, o governo Trump designou cartéis e outras organizações criminosas como organizações terroristas, reconhecendo que esses grupos representam uma ameaça à segurança nacional. Essa medida visou permitir que as autoridades americanas utilizem ferramentas e recursos tradicionalmente empregados no combate ao terrorismo para combater o crime organizado”, revelando que se trata de algo que vem do imperialismo.
Destaca-se que, nos EUA, o aparato de repressão, no combate a um suposto “terrorismo”, passa por cima de todos os direitos democráticos do povo norte-americano, valendo-se sistematicamente de tortura e encarceramento sem julgamento, dentre outras medidas ditatoriais.
A operação da PC-RJ, que tem como alvo uma pessoa supostamente ligada à Al-Qaeda e ao “terrorismo” (uma informação vinda do FBI, polícia do imperialismo) ocorre pouco tempo depois de o Departamento de Estado dos EUA ter oferecido recompensa de US$10 milhões em troca de informações sobre suposta atividade do Hesbolá na região da Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina, Paraguai).
A oferta de recompensa foi publicada na página em português do programa Rewards for Justice, no X, bem como na da Embaixada dos EUA em Brasília, conforme noticiado por este Diário. O pretexto utilizado foi o de que o Hesbolá estaria fazendo lavagem de dinheiro e envolvido com tráfico de drogas na região, uma calúnia e o mesmo modo de operação visto na mencionada operação da PC-RJ.
Anteriormente a isto, o Departamento de Estado dos EUA já havia elogiado medida tomada pelo Paraguai e seu governo ditatorial, lacaio dos norte-americanos. A medida em questão foi “designar como organização terrorista o denominado ‘Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica’, bem como ampliar suas anteriores designações às organizações terroristas ‘Hamas’ e ‘Hesbolá’, em todos seus componentes”, conforme anunciado pelo presidente paraguaio à época.
O real motivo por trás dessa tentativa do imperialismo de associar um suposto “terrorismo” ao crime organizado é associar as organizações da Resistência Palestina (consideradas terroristas pelos EUA), e organizações e países do Eixo da Resistência (igualmente considerados terroristas ou apoiadores do terrorismo) ao crime organizado. Criando pretexto para associar todos os que lutam pela Palestina, contra “Israel” e contra a ditadura do imperialismo na região ao crime organizado a fim de promover uma repressão ditatorial e brutal.
Eventualmente, tem o objetivo de fazer o mesmo com organizações do povo e partidos de esquerda, a exemplo do Partido da Causa Operária (PCO), que defende a Palestina e luta contra o sionismo e o imperialismo de forma consequente e irredutível, e que, neste momento, está sendo alvo de tentativa de cassação, bem como de inúmeros processos contra o Partido e militantes.
A Operação da PC-RJ, a oferta de recompensa pelo Hesbolá e a tentativa do imperialismo de equiparar, no Brasil, o crime organizado ao terrorismo, fazem parte da ofensiva imperialista contra a Resistência Palestina e o Eixo da Resistência e suas ações revolucionárias, que podem resultar no colapso de “Israel”, o que seria o maior golpe contra o imperialismo em sua história.