Imperialismo atira Alemanha a um colapso inédito

A economia da Alemanha está afundando na mais grave crise desde sua reunificação, em 1990. A maior potência industrial da Europa vê sua produção encolher em ritmo acelerado, com impactos devastadores sobre o setor produtivo e o emprego. No último ano, empresas alemãs da Fortune 500 anunciaram mais de 60 mil demissões, enquanto indústrias fecham ou deslocam investimentos para outros países. O Produto Interno Bruto (PIB) alemão deve registrar nova contração em 2024, e a produção industrial já encolheu 16% desde 2018.

A Federação das Indústrias Alemãs (BDI, na sigla em alemão) aponta que a situação é crítica. “As carteiras de pedidos permanecem vazias, as máquinas estão paradas, as empresas não estão mais investindo — ou, pelo menos, não na Alemanha”, declarou o presidente da entidade, Peter Leibinger, ao órgão do imperialismo britânico The Economist. Segundo ele, o colapso industrial não tem precedentes na história recente do país.

As razões para a derrocada são múltiplas, mas todas têm um denominador comum: a crise mundial enfrentada pelo imperialismo. As sanções contra o petróleo e o gás russos, impostas pela União Europeia sob pressão dos EUA, privaram a indústria alemã de energia barata, forçando empresas a lidarem com custos energéticos proibitivos. O governo de Olaf Scholz agravou a crise ao fechar os últimos reatores nucleares do país, apostando na importação de gás natural liquefeito a preços exorbitantes. O resultado foi uma disparada de 40% nos custos energéticos em um ano.

A crise industrial, no entanto, não começou agora. Desde 2018, a produção manufatureira alemã está em declínio. Empresários denunciam que já na época, a submissão alemã à política neoliberal, com investimentos estratégicos como a modernização da infraestrutura e na produção energética.

O Bundestag (o parlamento alemão), dominado pela democracia cristã (CDU na sigla alemã, partido da ex-primeira-ministra Angela Merkel) e pelos sociais-democratas (SPD também na sigla germânica, do ainda governante Scholz); também tem demonstrado nenhuma força real para coordenar políticas para reverter a desindustrialização, evidenciada pela decisão abrupta de cortar subsídios para veículos elétricos, desorganizando completamente o setor automotivo. Um vale-tudo para salvar os ganhos dos banqueiros e setores mais poderosos do imperialismo (incluindo EUA e Reino Unido), mas incapaz de atender o resto do país.

Com isso, fabricantes viram a demanda despencar e passaram a reduzir drasticamente sua capacidade produtiva. A Ford eliminou quatro mil empregos na Alemanha em 2024, enquanto a Volkswagen ameaça fechar três fábricas das dez que possui.

A instabilidade econômica está se refletindo também no campo político, com a crise orçamentária gerada pela recessão resultou na dissolução do governo de Scholz, com novas eleições previstas para fevereiro. O avanço da extrema direita, com o partido AfD ganhando terreno em meio ao descontentamento popular, deu um caráter mais concreto à fragilidade do centro político germânico. A população alemã, duramente afetada pelo desemprego e pelo empobrecimento, vê-se desprovida alternativas diante de um regime que não apresenta soluções para a crise, exceto na obscura agremiação nazista.

Além do colapso interno, a Alemanha enfrenta dificuldades crescentes no comércio internacional. A China, principal destino das exportações alemãs, reduziu a demanda por produtos industriais europeus, agravando a queda no setor automotivo e químico. Para piorar, o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos promete aprofundar a crise alemã.

O republicano ameaça impor tarifas pesadas sobre importações europeias, atingindo em cheio a indústria alemã, que tem nos EUA seu principal parceiro comercial desde 2023. Se as tarifas forem implementadas, a economia alemã pode encolher ainda mais, com projeções indicando uma contração de até 0,5% do PIB em 2025, 0,4 pontos percentuais a mais do que em 2024.

Diante desse cenário, os empresários alemães clamam por um plano emergencial para reverter a desindustrialização, mas o governo demonstra estar demasiadamente atado às diretrizes do imperialismo. “A indústria alemã está sob pressão massiva. Uma recuperação em 2025 não está sendo prevista”, afirmou Tanja Gönner, diretora-gerente da BDI. Sem uma mudança radical na política econômica, a Alemanha caminha para um declínio prolongado, com consequências imprevisíveis para o conjunto da União Europeia.

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