Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Foto: Juan Carlos Hernandez/AFP

Desde que, sob a liderança de Hugo Chávez, a Venezuela desafiou o imperialismo estadunidense, as informações sobre esse país foram sistematicamente embaralhadas. O domínio secular de Washington sobre a América do Sul fora trincado. Urgia desmoralizar Hugo Chávez e seu discurso libertário.

A Venezuela buscou exercer soberania sobre seus recursos naturais, estabeleceu cooperação militar alternativa, investiu na integração regional e deu suporte a Cuba, evitando seu colapso programado.

O exemplo venezuelano tornou-se intragável para os Estados Unidos: poderia estimular rebeldias em espaço vital a sua hegemonia. Washington incluiu Caracas no “eixo do mal” e acionou infindáveis expedientes para sabotar o governo venezuelano, inclusive, impondo grandes sacrifícios à sociedade.

Estive na Venezuela há vinte anos e, mesmo conhecendo intimamente as disparidades do Nordeste brasileiro, as condições sociais venezuelanas me chocaram. Como poderia um país tão rico ter tanta gente na penúria?

Nessas eleições, não é o caso de restringir a análise ao desempenho das políticas públicas venezuelanas ou às idiossincrasias de governantes. O que merece mais atenção é o significado geopolítico desse embate. Estará em pauta neste próximo domingo o enfrentamento do imperialismo. Washington conseguirá silenciar a voz altiva da Venezuela?

Depois de tentativas frustradas de golpe, boicote econômico, sequestro de ativos financeiros, apoio a um fantoche autoproclamado presidente e intensa propaganda mentirosa, os estrategistas do imperialismo conseguirão interromper a experiência dita bolivariana?

Não tem cabimento repudiar o avanço mundial da extrema direita e lavar as mãos frente ao caso venezuelano. Não dá para torcer pela derrota dos ultraconservadores franceses e fechar os olhos diante de vizinhos do mesmo naipe.

Nicolás Maduro. Foto: reprodução

É incoerente protestar contra a matança na Faixa de Gaza e vacilar no apoio a Nicolás Maduro, que defende os palestinos.

Não faz sentido propugnar pela integração sul-americana e ignorar a ofensiva da extrema-direita na Venezuela. Obedientes à Washington, os reacionários desse país sabotam iniciativas integracionistas.

Sem analisar corretamente uma declaração de Maduro, Lula ajudou involuntariamente (espero!) os fascistas venezuelanos. Maduro não prometeu guerra caso perca as eleições: denunciou as pretensões da extrema direita venezuelana!

Lula se intrometeu erroneamente na eleição de um país vizinho e amigo. Sua palavra pesa na sociedade venezuelana. Caber-lhe-ia ensinar ao seu colega como se conduzir?

O que se noticiou antes da posse de Lula é que agentes de Washington contiveram iniciativas golpistas de militares brasileiros. Lula estaria agora cumprindo possível compromisso de conter o bolivarianismo?

Maduro reagiu corretamente ao pedir-lhe que tomasse calmante. Errou depois, ao criticar a validade do processo eleitoral brasileiro. Mas a atitude do Judiciário brasileiro, cancelando o envio de observadores eleitorais a Caracas, foi inadmissível: ajudou a extrema direita venezuelana. O Judiciário brasileiro, que hoje encena a defesa da democracia, mostrou sua índole histórica de colaboração com golpistas.

Uma eventual derrota de Maduro no próximo domingo impulsionará a extrema direita mundial. Seria retumbante vitória de Washington, justamente quando cresce seu isolamento internacional.

Os riscos de instabilidade continental crescerão. Governos democráticos da América do Sul, hoje minoritários, verão o cerco reacionário se fechar.

Os que gostam da democracia, da liberdade; os que lutam pela soberania de seus países e não querem guerra devem torcer pela vitória de Nicolás Maduro no próximo domingo.

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Última Atualização: 26/07/2024