O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) acessou um cofre compartilhado com seu irmão mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), nos dias em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) oficializou a compra de duas residências no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca.
A revelação surgiu após uma análise cruzada entre os documentos dos cartórios onde as propriedades foram registradas e os registros de acesso ao cofre fornecidos pelo Banco do Brasil ao MP-RJ (Ministério Público do Rio), conforme informações da colunista Juliana Dal Piva, do ICL Notícias.
Além disso, Carlos foi visto no cofre no mesmo dia em que seu irmão, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente deputado federal, adquiriu um apartamento em Copacabana, declarando ter pago R$ 160 mil pelo imóvel, incluindo R$ 50 mil em dinheiro vivo.
A primeira casa
A primeira casa, localizada no Vivendas da Barra, foi adquirida por Bolsonaro em 21 de janeiro de 2009. Nesse dia, Carlos registrou seu acesso ao cofre em uma agência do Banco do Brasil no Centro do Rio às 11h36, saindo ao meio-dia. Anteriormente, ele já havia estado no cofre dois dias antes, em 19 de janeiro, permanecendo no local por quase duas horas.
Embora não tenha sido declarado o uso de dinheiro em espécie na transação, a compra levanta questões controversas. Em documentos cartoriais, Bolsonaro afirmou ter pago R$ 409 mil pelo imóvel à empresa Comunicativa-2003 Eventos, Promoções e Participações, resultando em um prejuízo de mais de R$ 170 mil para os antigos proprietários, que haviam adquirido a casa por R$ 580 mil apenas quatro meses antes.
A segunda casa
A segunda residência no Vivendas da Barra foi adquirida por Bolsonaro em 13 de dezembro de 2012, com um valor declarado de R$ 500 mil. No mesmo dia, Carluxo foi visto no cofre entre 10h17 e 10h30. Atualmente, o imóvel serve como residência para o vereador, embora esteja registrado em nome de seu pai.
Semelhante à compra da primeira casa, o valor registrado nos documentos cartoriais foi substancialmente menor do que a avaliação fiscal da prefeitura do Rio, fixada em R$ 2,23 milhões para efeitos de ITBI.
Carluxo e Eduardo
Já em 3 de fevereiro de 2011, Carluxo esteve por 24 minutos dentro de um cofre alugado por ele em uma agência do Banco do Brasil, localizada no centro do Rio de Janeiro.
No mesmo dia, seu irmão mais novo, Eduardo, oficializou em cartório a compra de um apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Na época, recém-nomeado como escrivão da Polícia Federal, o filho “03” de Bolsonaro afirmou ter adquirido o imóvel por R$ 160 mil, sendo R$ 50 mil pagos em espécie.
Eduardo registrou a transação no 24º Ofício de Notas do Rio de Janeiro. De acordo com a escritura de compra e venda, o pagamento foi dividido em um cheque administrativo de R$ 110 mil e R$ 50 mil em dinheiro, conforme detalhado pelo escrivão.
O valor pelo qual o apartamento foi adquirido ficou abaixo da avaliação feita pela Secretaria Municipal de Fazenda, que estimou o imóvel em R$ 228.223,64 para fins fiscais.