Em 2022, Elisabeth Morrone e seu filho Marcos Vinicius Morrone Sartoni tiveram desentendimentos com o vizinho, o humorista Eddy Jr, ao longo de alguns dias. O estopim para o episódio teria sido o incômodo de mãe e filho com o barulho frequente que supostamente vinha do apartamento do vizinho. O que seria apenas mais uma dentre tantas situações de desacordo entre vizinhos, se tornou palco para a farsesca “luta antirracista” da esquerda ongueira e do Poder Judiciário. Há alguns anos atrás, quem imaginaria que um bate-boca entre uma idosa e um jovem adulto terminaria num processo judicial, especialmente com o jovem adulto como vítima.

A mulher foi filmada proferindo ofensas ao humorista em áreas comuns do prédio, sendo que algumas delas teriam cunho racial, como chamá-lo de “macaco”. Os vídeos registrados pelo humorista mostram uma pessoa descompensada. Num deles, Elisabeth apareceria pedindo para o síndico do prédio expulsar Eddy Jr. do prédio, porque “gente como ele” não era para morar lá. Câmeras de segurança do prédio ainda registraram a idosa e seu filho aparentemente ofendendo o humorista na porta do seu apartamento enquanto ela portava uma garrafa vazia e o filho, uma faca.

Uma coisa que chama a atenção neste caso é que os episódios de ameaça física tiveram peso bem menor do que as palavras proferidas pela idosa. Enquanto ela foi condenada neste começo de março a um ano e dois meses por “injúria racial” e um mês e cinco dias por “ameaça”, seu filho foi punido com “apenas” dois meses em regime aberto por “ameaça”. Esse tipo de lógica estranha lembra legislações recentes que imputam maior gravidade a ofensas cometidas pela internet do que as feitas pessoalmente. Quanto mais metafísico o crime, pior para a lei.

Elisabeth já havia sido multada no próprio condomínio por desrespeitar os “deveres de boa vizinhança” e teve ordem judicial para se mudar do prédio. Mas isso seria muito pouco. O advogado de Eddy Jr. declarou ao jornal Folha de S. Paulo que a pena total de cerca de um ano e três meses de prisão “está aquém da justa punição esperada para atos dessa natureza, demonstrando, mais uma vez, a fragilidade do sistema de responsabilização penal em casos de racismo e ameaças”. Na mesma entrevista, revela que entraria com recurso para aumentar as penas já impostas.

Já o advogado de defesa apresentou laudo atestando que Marcos Vinicius tem quadro de deficiência intelectual, contesta a ocorrência de alguns dos termos racistas que teriam sido utilizados por Elisabeth e acusa que o humorista e “influenciador digital” teria se aproveitado da situação para ganhar notoriedade nas redes sociais.

Infelizmente, o mundo não é perfeito. A sociedade atual é uma gigantesca fábrica de pessoas adoecidas de várias maneiras. E a solução desses problemas através da repressão não passa de uma farsa perigosa. Como já exposto outras vezes neste Diário, o caminho mais óbvio para o fortalecimento do aparato repressivo do Estado é se aproveitar de situações que podem ser vistas como corretas pela população. Afinal, a maioria das pessoas condena, pelo menos publicamente, manifestações racistas. Ninguém quer se identificado como alguém que apoia essas coisas.

E o saldo que fica é um judiciário que pune cada vez mais por falar. No caso da idosa em questão, por expressar pensamentos preconceituosos no intuito de ofender alguém. No caso do PCO, por denunciar o genocídio do povo palestino. Quem decide o que se pode ou não falar para a lei? Certamente que não é o povo.

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Last Update: 07/03/2025