Nesta segunda-feira (9), estava prevista a chegada do barco Madleen, que carregava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Parte da chamada Coalizão Flotilha da Liberdade, conjunto de organizações que tem por objetivo acabar com o cerco a Gaza, a viagem do Madleen iniciou dia 1 de junho, a partir da Itália. Já são mais de três meses de bloqueio. Neste domingo (8), o navio perdeu o sinal e foi embarcado por tropas israelenses.
O navio levava a bordo 12 ativistas, entre os quais o brasileiro Thiago Ávila, a ativista sueca Greta Thunberg, a francesa e membro do Parlamento Europeu Rima Hassan e outros de Alemanha, Espanha, Países Baixos e Turquia, sendo um total de seis franceses. Todos os ativistas foram sequestrados pelas tropas sionistas e levados a “Israel”.
No mesmo dia, o ministro da Defesa da entidade sionista, Israel Katz, disse em um comunicado que instruiu o exército a atacar o barco para que não chegasse até Gaza:
“Instruí as IDF a agirem para que o Madleen não chegue a Gaza. Para a antissemita Greta e seus amigos, eu digo claramente: Vocês devem voltar, porque não chegarão a Gaza.
O Estado de Israel não permitirá que ninguém viole o bloqueio naval a Gaza, cujo objetivo principal é impedir a transferência de armas para o Hamas, uma organização terrorista assassina que mantém nossos reféns e comete crimes de guerra.”
Diante do sequestro dos ativistas, o Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) publicou uma nota oficial denunciando a ação do exército sionista. A organização da luta palestina ressaltou que “‘Israel’ não possui qualquer legitimidade jurídica, política ou moral sobre Gaza e os demais territórios palestinos ocupados, conforme deixou claro o parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça (CIJ), emitido em julho de 2024”. Além disso, destacou que o que ocorre na Faixa de Gaza é um genocídio “sistemático e deliberado”.
No texto, o Ibraspal também conclama o governo brasileiro a tomar “uma resposta firme, imediata e proporcional à gravidade do ocorrido”, exigindo que o Brasil rompa relações econômicas, militares e diplomáticas com o Estado nazista de “Israel”.
Confira, abaixo, a nota na íntegra:
NOTA OFICIAL DO INSTITUTO BRASIL-PALESTINA (IBRASPAL)
Sobre o sequestro do barco Madleen
O Instituto Brasil-Palestina (IBRASPAL) denuncia com máxima veemência o ato de pirataria internacional e sequestro realizado pelas forças de ocupação israelenses contra o barco Madleen, que navegava em águas internacionais com destino à Faixa de Gaza em missão humanitária. A embarcação, pacífica e desarmada, transportava ativistas comprometidos com a solidariedade internacional e os direitos humanos, e foi ilegalmente abordada por “Israel” em flagrante violação do direito internacional.
Entre as pessoas sequestradas está o cidadão brasileiro Thiago Ávila, defensor dos direitos humanos e ativista da justiça climática e social. O sequestro de Thiago representa não apenas uma grave agressão contra sua integridade e liberdade, mas também um ataque direto à soberania brasileira e à solidariedade internacional.
Exigimos do governo brasileiro uma resposta firme, imediata e proporcional à gravidade do ocorrido:
- A libertação imediata e incondicional de Thiago Ávila e de todos os ativistas sequestradas pelas forças de ocupação israelenses;
- A condenação pública e oficial do ato de pirataria cometido por “Israel”, com o acionamento urgente de mecanismos diplomáticos e jurídicos para responsabilização internacional;
- A adoção de medidas concretas contra o genocídio em curso em Gaza, incluindo sanções, rompimento de acordos militares e comerciais, rompimento das relações diplomáticas e pressão nas instâncias multilaterais.
“Israel” não possui qualquer legitimidade jurídica, política ou moral sobre Gaza e os demais territórios palestinos ocupados, conforme deixou claro o parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça (CIJ), emitido em julho de 2024. A CIJ afirmou que a permanência da ocupação israelense constitui uma violação contínua e grave do direito internacional, e exigiu que “Israel” cesse imediatamente todas as suas atividades de ocupação, colonização e controle sobre os territórios palestinos, incluindo Gaza e Jerusalém Oriental. Além disso, determinou que todos os Estados têm a obrigação de não reconhecer, não prestar ajuda e de atuar para pôr fim a essa situação ilegal.
O que ocorre na Palestina é um genocídio sistemático e deliberado, conduzido por um regime de apartheid e colonização, que já resultou na morte de dezenas de milhares de civis palestinos, entre eles, dezenas de milhares de crianças. O bloqueio ilegal de Gaza, os bombardeios diários, os deslocamentos forçados e, agora, o sequestro de ativistas humanitárias são expressões de um projeto de limpeza étnica que não pode mais ser tolerado.
O IBRASPAL expressa sua total solidariedade a Thiago Ávila, aos demais ativistas sequestrados e, sobretudo, ao povo palestino que resiste há mais de 77 anos à ocupação, à opressão e ao extermínio.
O silêncio é cumplicidade. O Brasil não pode mais se omitir.
Exigimos ação concreta e imediata contra o genocídio.
São Paulo, 9 de junho de 2025
Instituto Brasil-Palestina – IBRASPAL