O rendimento médio das famílias brasileiras atingiu um novo recorde em 2024. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o dado nesta quinta-feira 8, esse também foi um sinal de que a desigualdade social no País, apesar de historicamente reconhecida, teve redução.

Segundo o órgão, o ano passado foi marcado por um rendimento mensal real domiciliar per capita de R$ 2.020. Esse montante representa uma alta de 4,7% em comparação a 2023, sendo o maior da série histórica iniciada em 2012.

Não foi só a renda per capita que aumentou. A massa de rendimento mensal também cresceu, atingindo 438,3 bilhões de reais. Esse aumento é de 5,4% na comparação a 2023. 

Além disso, o IBGE também mostrou que os programas sociais do governo federal tiveram impacto positivo direto nas rendas das pessoas beneficiadas. Assim, a participação dos programas sociais no rendimento domiciliar per capita subiu de 3,7% (em 2023) para 3,8% (em 2024). 

Com tudo isso em conta, é possível medir a distância entre aqueles que recebem mais e aqueles que recebem menos. Segundo o IBGE, o 1% da população brasileira com maior renda recebeu, em 2024, o equivalente a 36,2 vezes o que recebia os 40% de menor renda. Essa é menor diferença já registrada na série histórica do IBGE. O auge foi atingido em 2019, quando era de 48,9 vezes.

“Inegavelmente, o Brasil ainda é um País bastante desigual, mas em 2024 a gente observa uma melhoria da distribuição de renda comparando diferentes indicadores”, sintetizou Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa do IBGE.

Renda entre os mais ricos e os mais pobres

Em termos de desigualdade, o aumento médio mensal real dos 40% mais pobres superou o avanço percentual da renda dos mais ricos. Em 2024, a renda média dos 40% mais pobres alcançou 601 reais, o que indica uma subida de 9,3% na comparação à média de 550 reais registrada em 2023. 

Já entre o 1% mais rico, o avanço foi do tímido percentual de 0,9%. Em termos quantitativos, o avanço mais baixo não representa exatamente uma dor de cabeça para esse grupo, já que sua renda média supera em muito a dos demais: R$ 21.767 em 2024, contra R$ 21.579 em 2023.

Desigualdade em baixa

O IBGE também confirmou que a renda medida pelo chamado índice de Gini voltou a cair no Brasil. No ano passado, esse indicador ficou em 0,506, o que representa uma baixa de 2,3% na comparação com aquilo que foi registrado em 2023 (0,518).

O Gini é o indicador básico que mede desigualdade de renda. Ele varia entre 0 e 1: quanto mais baixo o indicador, mais igualdade de renda existe em um país; por outro lado, quanto mais alto o indicador, maior a desigualdade. Na série histórica do IBGE, o ponto alto da desigualdade medida pelo índice de Gini aconteceu em 2018, quando o indicador bateu 0,545.

O que contribuiu para a queda na desigualdade de renda

Os números divulgados nesta quinta são, segundo o IBGE, um reflexo de um conjunto de fatores. Há nesta conta, além dos programas sociais, o reaquecimento do mercado de trabalho, com índices de desemprego considerados baixos.

“Os reajustes do salário mínimo têm um efeito não só no mercado de trabalho, mas também em outros tipos de rendimento, por exemplo, aposentadorias e pensões, e o próprio BPC. Na comparação com 2019, destaca-se a expansão dos domicílios abrangidos pelo programa Bolsa Família e os maiores valores médios pagos com o benefício”, explicou Gustavo Fontes.

Nem tanta igualdade assim

Os dados do IBGE mostraram o estado atual da desigualdade de renda, mas o Brasil ainda é um fértil terreno de desigualdades das mais diferentes naturezas: de gênero, de raça e de região, entre muitas outras.

Sobre a desigualdade regional, os números positivos divulgados passam longe de expressar alguma melhoria. Seguindo algo verificado ao longo de anos, o rendimento médio per capita é menor nas regiões Norte e Nordeste do que nas demais.

No Nordeste, por exemplo, a renda média ficou em R$ 1.319, enquanto no Norte a média foi de R$ 1.389. Por outro lado, a renda média verificada na região Sul foi de R$ 2.499. Em seguida, aparecem Sudeste (R$ 2.381) e Centro-Oeste (R$ 2.331). 

Além disso, todas as unidades da federação com rendimento médio mensal domiciliar per capita superior à média brasileira ficam no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste, com exceção de Minas Gerais. A unidade federativa com maior rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi o Distrito Federal, com R$ 3.276, seguido por São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544).

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Last Update: 08/05/2025