O consumo das famílias brasileiras registrou crescimento de 1% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com os três meses anteriores, conforme dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora inferior ao desempenho verificado no mesmo período de 2024, o resultado mostra recuperação em relação ao último trimestre do ano passado.
Na comparação anual, o avanço foi de 2,6%. Segundo o IBGE, esse resultado foi impulsionado pelo aumento da massa salarial real e pela ampliação da oferta de crédito, mesmo com a manutenção de juros elevados. A despesa das famílias responde por cerca de 60% do PIB na ótica da demanda, sendo considerada uma variável central para o desempenho da economia.
O relatório do instituto também indica que os investimentos produtivos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), tiveram elevação de 3,1% na comparação com o trimestre anterior e de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre os fatores que contribuíram para esse crescimento estão o desempenho da construção civil, a produção interna e a importação de bens de capital, com destaque para as plataformas de petróleo, além do aumento nos investimentos em desenvolvimento de softwares.
A expansão dos investimentos e do consumo foi acompanhada por um cenário de mercado de trabalho mais favorável. O IBGE aponta crescimento do emprego formal e da renda como elementos que sustentaram o desempenho da economia no início do ano.
O instituto também destacou a contribuição da agropecuária, setor que caminha para uma safra recorde de grãos, segundo projeções oficiais.
O comportamento da demanda interna no primeiro trimestre, de acordo com analistas econômicos consultados por instituições de pesquisa, sugere uma manutenção do ritmo de crescimento da economia, ainda que moderado, diante de restrições impostas pelas atuais condições monetárias.
Apesar da taxa básica de juros permanecer em patamar elevado, a ampliação da renda real e o crescimento do crédito ajudaram a preservar o dinamismo do consumo.
A Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que mede o volume de investimentos em máquinas, equipamentos e construção, representa um componente essencial da atividade econômica por seu impacto na capacidade produtiva do país.
O aumento registrado no primeiro trimestre é atribuído em parte ao desembarque de plataformas de petróleo e à continuidade de obras de infraestrutura.
A contribuição do setor agropecuário, por sua vez, reflete o desempenho positivo de culturas de grãos como soja e milho, que apresentaram ganhos de produtividade e expansão de área plantada.
Segundo o levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra total do ano pode ultrapassar o volume recorde registrado em 2023, com impacto direto sobre o PIB do setor.
De acordo com o IBGE, os resultados observados nas contas nacionais trimestrais indicam que a economia brasileira iniciou 2025 em trajetória de crescimento sustentado por fatores internos, especialmente o consumo das famílias e os investimentos privados.
O instituto, no entanto, ressalta que a evolução futura depende de variáveis como o comportamento da taxa de juros, o nível de endividamento das famílias e o desempenho do mercado internacional.
A expectativa entre economistas do setor privado é de que o crescimento do PIB no segundo trimestre continue sendo influenciado por políticas de estímulo à renda e pela estabilidade do mercado de trabalho. No entanto, projeções para o ano indicam que o ritmo poderá desacelerar caso não haja avanço na redução dos juros ou expansão adicional do crédito.
O IBGE divulgará nas próximas semanas dados mais detalhados sobre o desempenho dos setores da economia, incluindo indústria, serviços e agropecuária. Essas informações serão utilizadas por instituições públicas e privadas para atualizar previsões e revisar estratégias econômicas para o restante do ano.
A evolução dos principais componentes da demanda no primeiro trimestre será acompanhada por indicadores de consumo das famílias, concessão de crédito, produção industrial e dados de mercado de trabalho. Esses fatores serão determinantes para a trajetória do PIB nos próximos trimestres e para a definição de políticas públicas voltadas ao crescimento econômico.