Foto: Mykesio Max

Por Mykesio Max
Da Página do MST

Entre cantos, abraços e palavras de resistência, mais de 40 militantes se reúnem no Centro de Formação Paulo Freire, em Caruaru, para o I Encontro LGBTI+ Sem Terra de Pernambuco, que acontece entre os dias 21 e 24 de agosto. O encontro é um marco no estado e se constrói para reafirmar que não há Reforma Agrária Popular sem diversidade, sem o combate ao patriarcado, ao racismo e à LGBTI+fobia.

Durante os quatro dias de atividades, os militantes vivem um processo coletivo que mistura formação política, debates, vivências e celebração da vida. No espaço, ergue-se a certeza de que os sujeitos LGBTI+ não são apenas parte do MST: são pilares fundamentais da luta pela terra, pela liberdade e pela dignidade nos campos e nas cidades.

O dirigente estadual do coletivo LGBT Sem Terra, conhecido como Passarinho Urbano, que faz parte dessa construção, enfatizou: “Para além das cercas de arame que dividem os latifúndios e aprisionam terras improdutivas, trata-se também de derrubar as cercas invisíveis do preconceito, da exclusão e do silenciamento histórico. Ser Sem Terra e ser LGBTI+ é enfrentar duas batalhas diárias: a batalha por uma reforma agrária popular e a batalha para existir sem medo. Mas a nossa presença aqui é prova de que resistimos e continuaremos a florescer”.

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O campo também é diverso. Por muito tempo, o imaginário do campo foi marcado pela figura masculina, heterossexual e patriarcal. O encontro em Caruaru questiona e transforma essa narrativa, mostrando que o campo é plural, colorido e feito de corpos diversos que resistem e produzem alimentos saudáveis para o povo brasileiro.

O afeto é uma ferramenta de luta. Se a luta pela terra exige coragem e organização, o encontro mostra que também se faz de afeto e de cuidado. As rodas de conversa e as atividades culturais se transformam em momentos de cura coletiva. “Não queremos só sobreviver, queremos viver com orgulho, dignidade e liberdade. A Reforma Agrária Popular é também para garantir esse direito”, destacou um dos militantes.

O recado do encontro é claro: sem enfrentar todas as formas de opressão – patriarcado, racismo, LGBTI+fobia – não há como realizar a Reforma Agrária Popular. A diversidade é apresentada como força transformadora capaz de reinventar as relações no campo, de democratizar os territórios e de dar novos sentidos à vida coletiva.

O encontro continua reafirmando que as cores da luta LGBTI+ são também as cores da bandeira Sem Terra. São homens, mulheres, pessoas trans, travestis, não binários e tantas outras identidades que, ao semear o futuro, rompem cercas e tecem liberdade.

*Editado por Fernanda Alcântara

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Last Update: 24/08/2025