Morrer na boca de um vulcão no país da ‘inovação em resgates de emergência’
A Agência Nacional de Busca e Salvamento da Indonésia tem status de ministério, responde diretamente ao presidente da república. Juliana morreu após dias esperando sentada o socorro que não chegou.
Por Hugo Souza, no Come Ananás
Há menos de dois anos, entre os dias 19 e 21 de outubro de 2023, aconteceu com pompa e circunstância no JIExpo, um luxuoso centro de convenções em Jacarta, a primeira Expo ADRR Indonésia — Indonesia International Emergency Disaster Reduction & Rescue Expo.
A exposição “revelou o potencial da Indonésia para se tornar um polo de inovação em resgates de emergência”, com helicópteros de alto desempenho, sistemas de navegação por inteligência artificial, máquinas e veículos de resgate de última geração, equipamentos especiais de busca e salvamento, etc.
Na Expo ADRR Indonésia 2023, 180 empresas de ponta exibiram “soluções inovadoras” em 10 mil metros quadrados; mais de oito mil resgatistas se reuniram “criando uma atmosfera vibrante”; mais de 150 convidados ilustres “acrescentaram prestígio” ao convescote; mais de 50 veículos de imprensa foram ao JIExpo contar as maravilhas ao mundo.
A grande estrela da exposição foi a Agência Nacional de Busca e Salvamento da Indonésia (Basarnas), que tem status de ministério, respondendo diretamente ao presidente da república.
Nesta terça-feira, 24, a jovem brasileira Juliana Marins já estava morta, foi encontrada morta, sentadinha na boca de um vulcão na Indonésia, após passar dias esperando sentada o socorro que não chegou. Lá, no país da “inovação em resgates de emergência”.
Entre os dias 13 e 15 de agosto deste ano acontecerá em Jacarta a Expo ADRR Indonésia 2025. A divulgação da segundo edição do evento inclui o desenho de um vulcão cuspindo lava para ilustrar a promessa de “equipamentos de resgate projetados para eficiência”.
“Projetados para salvar vidas” num mundo projetado para matar e deixar morrer.