Ministro do Turismo fala sobre as negociações para os preços das hospedagens, a inclusão de alimentos típicos da Amazônia no evento e as oportunidades de visibilidade internacional
Com os investimentos, financiados em grande parte pelo Governo Federal, Belém vai ter hospedagem com preços justos para todos que participarem da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) na capital paraense, em novembro deste ano. Foi o que afirmou o ministro do Turismo, Celso Sabino, durante o programa Bom Dia, Ministro desta terça-feira (19/8), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação.
“Hoje nós estamos com dezenas de novos hotéis sendo construídos em Belém, outros tantos sendo ampliados, reformados ou requalificados, e o fato é: teremos leitos e preços justos para todos que virão para essa COP na cidade de Belém”, disse o ministro
Celso Sabino citou que o Governo Federal realizou um programa de parceria com a iniciativa privada, cedendo diversas áreas para a construção de novos hotéis. Além disso, o Ministério do Turismo, por meio Fungetur (Fundo Geral do Turismo, linha de crédito destinada a empresas do setor turístico), investiu R$ 382 milhões em projetos para hospedar as pessoas que vão para a COP 30.
Em função disso, o ministro afirmou que Belém vai oferecer 53 mil leitos durante o evento, número muito maior que a COP 29, realizada no ano passado em Baku, no Azerbaijão.
“A COP é realizada entre 10, 11 dias, e cada dia são temas específicos que são debatidos, e autoridades e líderes muitas vezes vão para debater um assunto específico ou uma temática específica, então acabam não ficando todos os 11 dias. Mas na COP de Baku, no dia de maior presença, nós tivemos 24 mil pessoas hospedadas na cidade de Baku. Para a cidade de Belém, o governo brasileiro, com a parceria da iniciativa privada e com todas as ações que foram feitas, já temos mais de 53 mil leitos garantidos para o período da COP na cidade”, explicou.
Em relação aos preços praticados, Celso Sabino afirmou que o governo brasileiro está cedendo mais de 2.400 quartos individuais para que a ONU possa abrigar os países, com tarifas a partir de 100 dólares. Para isso, foi realizada uma divisão entre dois grupos de países que vão participar da Conferência. Os países com menor PIB per capita, vão ficar em locais com diárias entre 100 e 200 dólares. Já o segundo grupo de países, com maios PIB per capita, deve ficar hospedado em espaços entre 200 e 600 dólares. Além disso, em um acordo com a rede hoteleira da cidade, o ministro afirmou que entre 10% e 20% dos quartos terão uma diária de 300 dólares.
“O fato é: o governo brasileiro trabalha, em primeiro lugar, para que todas as delegações que queiram vir participar da COP da Floresta, e que possam pagar pelo menos 100 dólares em uma diária de um apartamento, estejam presentes nas negociações da COP 30”, disse
O ministro afirmou que o Governo Federal segue combatendo eventuais abusos nos preços das hospedagens.
“Nós temos a certeza de que alguns abusos que surgiram, e nós reconhecemos que existem alguns abusos na cobrança de preços de hospedagem, não são a regra geral. Esses abusos serão compelidos, combatidos, e quem vai tomar conta desses abusos é o próprio mercado. Quando eu falo próprio mercado, é que eu quero dizer que com a grande oferta de leitos, os que estão cobrando muito caro pelos seus leitos, terão duas alternativas: ou reduzir os preços, ou ficar com seus imóveis sem alocar”.
“Recentemente, uma notícia de um hotel que até colocou o nome de Hotel COP 30, e virou notícia no Brasil inteiro, um hotel de cerca de 3 estrelas, estaria cobrando R$ 6 mil em uma diária. Esse mesmo hotel, com o avanço da oferta, com o início da oferta dos leitos nos navios, desses novos hotéis, esse mesmo hotel já reduziu a sua diária de R$ 6 mil para R$ 2.500. Então, aquelas exceções que estão cobrando R$ 100 mil em uma diária de um apartamento, ou R$ 1 milhão pelo aluguel de uma casa de sete quartos durante os dez dias da COP, essas habitações, os proprietários delas terão duas opções: ou reduzir muito o preço, ou não vão alocar seus imóveis”, disse o ministro.
Plataforma
Em outra frente, Celso Sabino afirmou que o Governo Federal criou um grupo para contemplar delegações de países que não têm condições de pagar o mínimo de 100 dólares, em parceria com a plataforma oficial do evento, que reúne opções de hospedagem em hotéis e imóveis particulares, facilitando o planejamento dos participantes da conferência.
“Nós fechamos um grupo de assessores internacionais que já começou a trabalhar, identificando pontualmente quais são essas delegações, quais são esses entes que querem participar da COP e ainda não conseguiram encontrar as suas habitações, ou estão tendo alguma dificuldade na nossa plataforma, para que pessoalmente nós façamos um link entre essas pessoas que querem vir para a COP, as delegações e as habitações que nós temos disponíveis para facilitar o encontro entre eles e a garantia da hospedagem”.
“Queremos que essa COP seja não só a maior COP que já ocorreu, a COP mais decisiva, mas também a COP mais inclusiva”, explicou.
Culinária
Sabino também explicou a recente decisão da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) de assegurar a inclusão de pratos e ingredientes típicos do Pará na conferência, corrigindo um edital que havia restringido o uso dos alimentos regionais.
“Houve um equívoco de, no edital de seleção de quem iria fornecer os alimentos para a COP, proibir a entrada dos principais ingredientes da nossa gastronomia. Veja só: açaí, tucupi e maniçoba. Rebatemos prontamente e jamais vamos aceitar. A gastronomia de Belém é uma das mais deliciosas do planeta. A cidade é reconhecida pela Unesco como criativa da gastronomia, e revistas internacionais a colocam entre as dez melhores do mundo. Evitar que esses produtos entrassem no cardápio da COP era como convidar para uma churrascaria e dizer que não vai servir churrasco”, afirmou.
O ministro destacou a dimensão global dos sabores amazônicos, ressaltando a presença crescente de produtos como o açaí em diversos mercados internacionais. Ele lembrou que, com a correção no edital, ingredientes como tucupi, jambu, maniçoba e o próprio açaí estarão entre as opções gastronômicas servidas durante o encontro.
“O que não vamos permitir é o preconceito com a nossa região. O governo brasileiro não tolera intolerância. Todos os alimentos servidos na COP passarão por rigoroso controle de segurança, com respeito absoluto às normas de vigilância sanitária. A mesma norma aplicada ao tacacá será aplicada ao macarrão, a mesma norma que valerá para o açaí valerá para a lasanha”, disse
Publicado originalmente pela Agência Gov em 19/08/2025
Por Eduardo Biagini