O procurador-geral de Honduras, Johel Zelaya, instou nesta segunda-feira 8 as agências de segurança nacional e a Interpol a executarem o mandado de prisão contra o ex-presidente Juan Orlando Hernández, que recebeu indulto na semana passada do presidente dos EUA, Donald Trump.
“Informo ao povo hondurenho que instruí a Atic (Agência Técnica de Investigação Criminal) e também insto as agências de segurança do Estado e nossos aliados internacionais, como a Interpol, a executarem o mandado de prisão internacional contra o ex-presidente Juan Orlando Hernández”, declarou Zelaya nas redes sociais.
Hernández foi condenado por ajudar a transportar toneladas de cocaína para os Estados Unidos. Ele passou de suposto aliado dos EUA na guerra contra as drogas a alvo de um pedido de extradição dos EUA logo após deixar o cargo em 2022, tendo sido detido e enviado aos EUA pela atual presidente, Xiomara Castro, do partido social-democrata Libre.
Eleição acirrada em Honduras
O drama ocorre enquanto Honduras ainda aguarda para saber quem será seu próximo presidente, em uma contagem de votos que foi interrompida várias vezes por problemas técnicos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Antes de anunciar o indulto de Hernández, Trump expressou seu apoio ao candidato presidencial Nasry “Tito” Asfura, da mesma sigla de Hernández, o conservador Partido Nacional de Honduras, incentivando os hondurenhos a votarem nele.
Com 99% das urnas apuradas, Asfura liderava na noite desta segunda-feira, à frente de Salvador Nasralla, também conservador do Partido Liberal, por uma margem de pouco mais de um ponto percentual. O vencedor só será proclamado quando for finalizada a revisão de milhares de atas com inconsistências.
Uma vitória de Asfura poderia potencialmente facilitar o caminho para o eventual retorno de Hernández a Honduras.
Nasralla fez do combate à corrupção o ponto central de sua campanha e afirmou que Hernández lhe roubou a eleição de 2017 em uma votação repleta de irregularidades.
Hernández sempre negou qualquer irregularidade durante seu mandato e insistiu que era um dos maiores aliados dos Estados Unidos na luta contra as drogas.
Apoio da Casa Branca
Trump anunciou sua intenção de perdoar Hernández poucos dias antes das eleições nacionais de Honduras, adicionando um novo elemento a uma disputa acirrada.
Embora alguns hondurenhos ainda sintam nostalgia pelos dois mandatos de Hernández, muitos ficaram chocados com a possibilidade de um homem condenado por tráfico de drogas ser libertado repentinamente antes do término de sua pena.
Hernández foi libertado no dia 1º de dezembro, após ter sido indultado por Trump em 28 de novembro, às vésperas das eleições gerais realizadas no dia 30 do mesmo mês.
O ex-presidente cumpria pena de 45 anos de prisão em Nova York por tráfico de drogas e comércio ilegal de armas. Ele foi capturado em Tegucigalpa em fevereiro de 2022, menos de três semanas após deixar o cargo em Honduras, na sequência de um pedido de extradição dos Estados Unidos, atendido em abril do mesmo ano.
Trump disse que os hondurenhos haviam solicitado o perdão para Hernández e que, após analisar o caso, decidiu que Hernández havia sido tratado injustamente pelos promotores.
Os crimes contra Hernández estão ligados a um caso multimilionário que também envolveu ex-membros do Congresso, empresários e cidadãos comuns no desvio de verbas públicas para financiar a campanha política de 2013.
(EFE, AP, AFP)