O presidente Lula (PT) embarca nesta terça-feira 3 rumo à França, onde cumprirá uma extensa agenda diplomática até o próximo domingo 9.
Ele percorrerá quatro cidades francesas: Paris, Toulon, Nice e Lyon. O roteiro inclui encontros de alto nível com Emmanuel Macron, cerimônias protocolares e a assinatura de diversos instrumentos de cooperação bilateral.
As conversas entre os dois presidentes abrangerão temas bilaterais e o cenário internacional. Entre os assuntos prioritários estão as tensões envolvendo os Estados Unidos, os conflitos em Gaza e na Ucrânia e a reestruturação da governança global.
Os líderes também discutirão estratégias de fortalecimento do multilateralismo, medidas contra o extremismo e os preparativos para a COP30, evento climático marcado para novembro em Belém (PA). Uma declaração conjunta sobre mudanças climáticas deve ser anunciada ao fim dos encontros.
Há perspectivas de anúncios sobre novos investimentos franceses no Brasil, acompanhados pela formalização de acordos em áreas estratégicas como desenvolvimento de vacinas, segurança pública, educação, e ciência e tecnologia.
Agenda
Na quarta-feira 4, Lula participará de uma cerimônia oficial no Pátio de Honra da Esplanada dos Inválidos. Em seguida, será recebido por Macron no Palácio do Eliseu, ocasião em que haverá a assinatura de atos bilaterais e uma coletiva de imprensa conjunta.
A programação inclui ainda o recebimento de títulos de doutor honoris causa pela Universidade de Paris 8 e pela Academia Francesa. Lula também visitará atividades relacionadas ao Ano do Brasil na França, parte da Expo França 2025 no Grand Palais, e participará do Fórum Econômico Brasil-França.
O impasse sobre o acordo Mercosul-União Europeia
A viagem, porém, tem um pano de fundo complexo: o tratado comercial entre Mercosul e União Europeia. Para Lula, a entrada em vigor desse acordo representa uma das principais metas de sua política externa. Para Macron, líder da segunda maior economia europeia, o pacto apresenta riscos que os franceses não parecem inclinados a aceitar.
O acordo entre os dois blocos foi concluído em dezembro de 2024, em uma reunião do Mercosul em Montevidéu, mas falta a ratificação pelo Parlamento Europeu e pelos legislativos nacionais dos países envolvidos. Após o fechamento das negociações, o governo francês reagiu de forma contundente, classificando a versão aprovada como “inaceitável”.
O Palácio do Eliseu informou que Macron mantinha diálogo com Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, a respeito das preocupações francesas sobre o acordo.
A oposição francesa centra sua artilharia principalmente na pressão exercida por produtores rurais do país. O setor argumenta que a execução do acordo ameaçaria milhares de postos de trabalho, ao permitir a entrada de produtos agrícolas sul-americanos que não seguiriam os mesmos critérios ambientais e sanitários exigidos dos franceses.
Macron também já manifestou críticas ao acordo por considerar insuficientes as salvaguardas contra o desmatamento, especialmente na região amazônica. Essa posição reflete as preocupações ambientais que permeiam o debate político europeu sobre comércio internacional.