Um dia após mais uma agressão sionista contra o Líbano, o secretário-geral do Hesbolá, xeique Naim Qassem, pronunciou-se nesta segunda-feira (28), reafirmando a disposição da Resistência em impedir que o país árabe caia sob o controle dos Estados Unidos e de “Israel”. Em discurso detalhado, Qassem denunciou as sucessivas violações do cessar-fogo, cobrou ação enérgica do Estado libanês e traçou as prioridades estratégicas da luta da Resistência.

Segundo o líder do Hesbolá, “o primeiro objetivo é deter a agressão de ‘Israel’, garantir sua retirada do sul do Líbano e assegurar a libertação dos prisioneiros”. Qassem foi categórico ao afirmar que “o Líbano não poderá se reerguer enquanto a ocupação seguir bombardeando diversas áreas do nosso país”.

Ao relembrar o acordo de cessar-fogo assinado em 26 de novembro de 2024, o xeique ressaltou que “o Hesbolá e todas as facções da Resistência cumpriram rigorosamente o acordo, enquanto ‘Israel’ cometeu mais de três mil violações desde então”. Para Qassem, a resposta do governo libanês foi “suave e simplista”, limitada a “alguns movimentos e declarações”, o que considerou “inaceitável”.

O líder da Resistência defendeu que o Estado libanês adote medidas diplomáticas diárias e sistemáticas:

“Convocar os embaixadores das cinco grandes potências, apresentar queixas constantes ao Conselho de Segurança da ONU e, sobretudo, pressionar a embaixadora dos Estados Unidos, que age não como patrocinadora da trégua, mas como cúmplice de ‘Israel’.”

Segundo Qassem, “a América apoia integralmente o projeto sionista de enfraquecer o Líbano e impor sua submissão”.

O xeique advertiu que “nenhuma concessão deve ser feita” enquanto “Israel” não cumprir completamente suas obrigações — retirada, cessação da agressão e libertação dos prisioneiros. “O Líbano deve permanecer forte. Nossa força reside na Resistência, no Exército e no Povo. Não voltaremos jamais aos tempos em que ‘Israel’ e a América ditavam nosso destino”, declarou. “Eles terão que lidar conosco — firmes e inquebrantáveis”.

‘Israel’ tenta mudar as regras com aval dos EUA

Qassem denunciou ainda que o recente ataque à região de Dahiyeh, no subúrbio sul de Beirute, realizado no domingo (27), foi uma tentativa deliberada de “Israel” de alterar as regras do conflito, operação esta que, segundo ele, foi conduzida com aprovação explícita do governo norte-americano.

“Israel busca dominar o Líbano, construir assentamentos, promover o reassentamento de refugiados palestinos e neutralizar a capacidade de resistência do país”, alertou o secretário-geral do Hesbolá, ressaltando que o projeto sionista visa transformar o Líbano em um Estado sem capacidade de rejeição ou resistência.

Qassem também destacou que “o Líbano não deve, sob nenhum pretexto, se enfraquecer com a ilusão de que concessões levarão à paz. A única maneira de proteger o país é manter e fortalecer a sua Resistência”.

Reconstrução e construção do Estado

Além da luta militar, Qassem estabeleceu outras duas prioridades imediatas: a reconstrução das áreas devastadas e a construção do Estado libanês. Criticou a demora do governo na reconstrução, afirmando que “o Hesbolá já garantiu abrigo para mais de 50.755 deslocados e reformou as casas de cerca de 332 mil cidadãos”, com apoio fundamental da República Islâmica do Irã — um feito, segundo ele, “sem paralelo em movimentos de resistência em todo o mundo”.

Em relação à construção do Estado, o dirigente recordou a participação contínua do Hesbolá em todas as esferas políticas: “participamos das eleições, da governança, da elaboração de leis, da recuperação dos fundos dos depositantes e da formulação de planos econômicos e sociais”. Reafirmou, também, o compromisso da Resistência com a unidade nacional: “aqueles que tentam semear divisão entre o Exército e a Resistência fracassarão. Seguiremos unidos pela defesa do Líbano”.

Sobre a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, Qassem advertiu que sua implementação só poderá ser discutida depois que “Israel” cumpra plenamente o cessar-fogo.

O ataque sionista contra Hadath

No domingo (27), “Israel” promoveu uma nova agressão em plena capital libanesa. O exército sionista bombardeou um hangar na região de al-Jamous, no subúrbio sul de Beirute.

O local atingido encontrava-se no centro de uma área densamente habitada, próximo a duas escolas e rodeado por prédios residenciais. Antes da agressão, o exército de “Israel” divulgou ameaças públicas, ordenando que os moradores evacuassem a área sob o argumento de que o local estaria “próximo de instalações do Hesbolá”. A ameaça provocou pânico entre a população civil e congestionamentos nas ruas.

O ataque foi realizado em duas etapas: primeiro, drones lançaram três mísseis de pequeno porte como supostas “advertências”. Em seguida, aviões de guerra lançaram três bombas de alta potência, destruindo o depósito e colocando em risco toda a vizinhança.

Ainda no domingo, um civil foi assassinado por um drone israelense enquanto trabalhava em terras agrícolas entre Halta e Wadi Khansa, no sul do Líbano.

O método de ameaça e destruição em Hadath repete o que foi feito em março, quando “Israel” bombardeou outro prédio civil na mesma região, em pleno horário escolar, durante o mês sagrado do Ramadã.

Condenação do governo libanês

Depois do ataque, o governo libanês reagiu. O presidente Joseph Aoun condenou a agressão e exigiu que os Estados Unidos e a França, como garantidores do cessar-fogo, cumprissem suas obrigações e pressionassem “Israel” a pôr fim às suas operações.

Em comunicado, Aoun alertou que “a continuidade da agressão por parte de ‘Israel’ ameaça escalar o conflito e comprometer a segurança e a estabilidade da região”. O primeiro-ministro Nawaf Salam reforçou a denúncia, chamando atenção para o terror imposto aos civis e cobrando “ações urgentes” para forçar a retirada israelense.

O Ministério das Relações Exteriores do Líbano também emitiu nota, classificando o ataque como “grave violação da soberania nacional” e advertindo que a escalada colocava em risco todos os esforços de preservação da paz.

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Last Update: 29/04/2025